sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: quando aconteceu?

Crônicas de um pai: quando aconteceu?

Vivo a me perguntar quando as coisas mudaram. Quando Maria Luíza aprendeu o que é uma bolsa? Quando aprendeu a usá-las? Hoje, ela ganhou bolsas de sua tia Laura. Ao perceber o que lhe davam de regalo esticou o seu pequeno braço para receber e carregar. Quem lhe ensinou? Não é de hoje que ela refaz o que há ao seu redor. Se a mãe está a pentear os cabelos, nossa Maria repetirá os movimentos de sua mãe. Quando ela deixou de ser uma menina que brincava para outra que aprendeu a brincar de usar, aprendeu a representar. Outro dia, ela abria a boca para sorver a sua comida, agora, deseja usar os talheres para buscar as delícias que lhe oferecem. Somos surpreendidos, ela nos leva a situações não cogitadas e inesperadas. Outro dia ela estava em nossos braços, agora o mundo está a chamá-la. Ela sorri, sorri seu jeito menina, menina que cresce. Dizemos que a amamos e ela nos oferta um sorriso ainda maior.  

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: as brincadeiras

Crônicas de um pai: as brincadeiras

Araras e elefantes, bonecas e bonecas mudaram de papel em nossa casa. O crescimento reescreve as brincadeiras e redefine os brinquedos. O elefante agora recebe afagos ao ser minado e é abraçado tal como a própria Maria é. Nossa filha vê e repete. Qualquer ação nossa ganha registros naquela pequenina cabeça. Do abraço ao uso de uma chave de fenda, tudo está em sua linha de atenção. Ainda ontem, Maria pegou uma chave de fenda e começou a desparafusar – ao menos tentar – o seu berço. Ela nos viu fazendo isso e aprendeu, agora, é a  vez dela. Se a mãe está a lavar mamadeiras, Maria Luíza quer tomar parte e mexer com água e sabão. Se eu tirei as chaves da porta, pois nossa pequena tem hábito de ficar na ponta dos pés e mexer no chaveiro – mais uns dias e ela alcançará a maçaneta – é preciso deixá-las longe de suas mãozinhas. Tirei as chaves da porta, mas deixei as do carro ao seu alcance e lá vai ela tentar as chaves do carro na fechadura da porta de casa. Eu e Vany nos assustamos com tudo isso, vivemos assombrados com o milagre que nasceu lá em casa.

(assombrados e felizes!) 

domingo, 24 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: milagres

Crônicas de um pai: milagres

Ela é dada a realizar milagres. Desde antes de nascer ela trouxe dias claros para a casa que andava em silêncio de dor e de lembranças machucadas. Antes de nascer ela fez paredes serem renovadas, janelas sorrirem escancaradas. Ela fez das suas. Ela nos ensinou o que é um milagre, o que é uma bênção.
Agora mesmo, enquanto escrevo o nosso milagre mama e sua mãe aninha o milagre em seu peito.
Ela recriou o nosso mundo a partir das raízes, deu-nos novas chances, ensinou-nos que há o caminho do coração, tudo mais é engano, é descaminho.
Em dias de nascimento daquele que fala de amor, o milagre que nasceu lá em casa nos ensinou a ser um presépio, de verdade.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: caminhar

Crônicas de um pai: caminhar

Quando está conosco Maria prefere caminhar dando as mãos. Ela nos conduz, cria os seus itinerários e revela a sua curiosidade. Certa vez disseram que era dengo, disseram que ela sabia caminhar por conta própria e seria desnecessário dar-lhe as mãos.
As caminhadas que faz com os pais, em geral, envolvem lugares novos e pessoas desconhecidas. Maria pede as nossas mãos para enfrentar o mundo. Quando há algo novo pela frente ela para e fica junto às nossas pernas. Nossas pernas transformam-se em um nicho a partir do qual ela observa e processa as suas informações. Feito isso ela está pronta para prosseguir. Não é dengo, apenas um pedido que ela nos faz: me deem a mão, preciso de apenas uns poucos instantes antes de prosseguir.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: curiosa, muito curiosa

Crônicas de um pai: curiosa, muito curiosa


O salão de refeições do hotel foi palmilhado em diferentes direções, as mesas dos hóspedes visitadas com atenção. Sorrisos e simpatia distribuídos com generosidade a todos os presentes. Ela quer ver e saber de tudo. Fica em silêncio a observar e nada lhe escapa. O resultado é que ela se torna conhecida de todos. O bebê que adora caminhar desvenda  quais são as mesas compostas por pessoas dispostas a retribuir um gesto de carinho e quais outras abrigam quem se esconde do carinho. À sua maneira ela nos ajuda a ver tudo sob outra perspectiva. 

Crônicas de um pai: em frente ao espelho

Crônicas de um pai: em frente ao espelho

O espelho mudou, agora, ficar em frente ao espelho fazendo caras e bocas é a nova brincadeira. Buscar pelas pessoas que estão no cômodo e têm  a sua imagem refletida enquanto sorri de si mesma são a maneira da pequena grande Maria Luiza revelar e praticar os seus jogos.

Parada e a sorrir para o seu reflexo aproxima o seu nariz da película. Abre a sua pequenina boca e busca sorver e lamber a sua imagem. Ela cresceu!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: o idiota e a rede

Crônicas de um pai: o idiota e a rede

De um tempo para cá comecei a considerar a rede a partir de outra perspectiva: a do pai preocupado com a enxurrada de porcarias que cairá na cabeça  de minha filha. Como nos defendemos da vulgaridade e da deseducação que são oferecidas e compartilhadas na rede? Como preparar um filho para usufruir dos bons recursos e meios colocados à disposição por computadores? O risco está ao nosso redor e veste fantasias cativantes. Sim, viver guarda riscos e desafios, todavia o território representado pela rede verbaliza e transforma em imagens um volume de material degradado que assombra. Disparar palavrões transformou-se em indicador do sucesso, erotizar o mundo, banalizar o crime fazem parte do receituário perverso e indigesto oferecido aos borbotões.

Aprender a nadar pedirá que minha filha respeite a água e saiba o limite de cada fase de sua vida. Aprender a navegar na rede exigirá que minha filha lembre-se de lições que ainda não aprendeu. Num e noutro caso, chegará o tempo em que sozinha ela tomará as suas decisões, por ora, me cabe educá-la como pai e expressar de forma franca o meu horror ao lixo. Liberdade de expressão, tantas vezes invocada, não pode servir para que a grosseria seja tratada como cultura. O idiota precisa de uma sala de aula para que a câmera de vídeo seja algo mais do que uma pá de lixo reveladora da sua mediocridade.

Crônicas de um pai: falar aos quatro ventos

Crônicas de um pai: falar aos quatro ventos

Maria Luíza adora conversar, tem as suas frases e combinações fonéticas favoritas. Eu e Vany estamos convencidos de que ela tem bom entendimento do que falamos ou lhe pedimos. Por exemplo, se solicitamos ajuda para calçar as meias ou vestir o casaco, Maria oferece o seu pé e estica o braço. Ela nos acompanha e nos compreende. Dia desses, ela soltou as travas e começou a brincar com a linguagem. Falava, falava e gesticulava como se a língua e as mãos fossem pares. Se normalmente as suas frases estão cheias de nomes conhecidos, há ali um desejo de falar, a brincadeira de dias atrás era intrigante e divertida. Quando me dei conta, comecei também a brincar. Maria ao perceber o que eu fazia parou e começou a me olhar sorrindo a sua boca cheia de dentes. Ficamos ali a conversar sobre tudo, a gesticular sobre paisagens e tudo mais. Estávamos juntos em um mundo particular.



quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: giz de cera

Crônicas de um pai: giz de cera

Nos últimos dias, Luíza ganhou caderno de desenho e giz de cera. Era maneira de ajudá-la com as cores e, também, treinar a sua coordenação motora. Tudo ia bem, todavia, o caderno revelou-se restrito e os azulejos da cozinha mereceram a sua atenção. O estrago é reduzido, de fato, nada demais. É divertido acompanhar as suas ações. O planejamento jamais dá conta das possibilidades que Luíza coloca em movimento.

beijo, filha!

(não, meu amor, não comemos giz de cera!)

Crônicas de um pai: Dia de pediatra

Crônicas de um pai: Dia de pediatra

Os dias que antecedem a visita ao pediatra são de grande expectativa. Aos olhos dos pais nossa menina de 13 meses goza de boa saúde. Será mesmo? Será que há um chiado no pulmão que não deveria
 existir? Quanto ela cresceu? Estamos dentro da margem de altura e de peso?
Não sabemos, não sabemos tudo e precisamos de ajuda. Doutora Camila acompanha a nossa pequena desde o início, são velhas amigas. Em mais de uma oportunidade, nossa médica nos mostrou a sinceridade de sua dedicação.

Hoje, pela primeira vez, Maria Luíza entrou no consultório caminhando, o colo ficou para trás, agora os passos da menina atraem os olhares de todos que aguardam. A ansiedade deu lugar à serenidade. O estado de saúde e de desenvolvimento de nossa pequena está dentro do esperado. Maria Luíza contou tudo para a sua médica, falou de suas andanças pelos corredores e dos sorrisos que ganhou. Desejou tomar do estetoscópio para ouvir os segredos de outros pacientes. 
No final, médica e paciente, amigas posaram para uma foto.
Grato, Dra. Camila!  

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: cantar e dançar

Crônicas de um pai: cantar e dançar


Desde cedo Maria revelou a sua paixão pela canção, ou melhor, antes disso, pelo som. Da máquina de lavar roupa ao verso é percurso bem trilhado e dela conhecido. As batidas e a respiração do coração de sua mãe ainda durante a gestação reverberam. Maria já tem as suas canções favoritas, que, muito cedo ainda, aprendeu a coreografia. Maria balbucia palavras, muitas vezes, perfeitas. Ela canta a história da galinha ou a do sapo. Leva para frente e para trás o seu corpo bebê e gesticula, balança as suas mãos pequeninas e escancara sorriso de satisfação. Ela está feliz e não há como não ser contagiado com tanta disposição e simplicidade ainda que a história de dona aranha subindo pelas paredes não tenha final feliz.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: não era bem isso que imaginávamos

Crônicas de um pai: não era bem isso que imaginávamos

Dias atrás, em casa, Maria Luíza estava disposta a iniciar as suas caminhadas. Julguei que valeria a pena tirar-lhe os sapatos. Estava quente e imaginei que a caminhada descalça dentro de casa poderia lhe propiciar boa experiência. Já caminhara descalça na grama e na areia, mas dentro de casa, não. Lá vamos nós !!

Maria gostou, gostou de sentir o piso sob os seus pezinhos. Parou e observou. Intrigada bateu o pé para sentir o chão, curtiu ficar descalça. Divertiu-se quando se deu conta de que podia bater os pezinhos. Agora, calçada ou não, em casa ou não, quando caminha Maria Luíza ensaia as suas paradas para nos oferecer o seu sapateado. Eu e Vany aprendemos, aprendemos a sapatear.

Crônicas de um pai: berçário 2 e infantil 1

Crônicas de um pai: berçário 2 e infantil 1

Eu e Vany acreditávamos que receberíamos o relatório do berçário. Esperávamos ver fotos e saber algo da experiência de nossa filha. Quando muito ouvir que ela troca uma sala pela outra, aventura-se em caminhadas pelos corredores e no parquinho.

Nada disso! Maria Luíza, agora, é infantil 1. A bolsa de bebê sai de cena e entra a mochila da menina. As roupas transformam-se em uniformes.

Não pode ser diferente, aos 13 meses nossa filha exibe a sua desenvoltura de menina que cresce de forma rápida. Esperta, inteligente e linda.

Pois se o infantil 1 é o que está à sua frente, conte conosco. As salas novas, os professores diferentes, os cadernos pessoais, sabemos que estranhará, mas estamos certos que contará com a ajuda de todos em sua escola. Eu e sua mãe estaremos aqui, todos os dias, todas as horas que precisar.

Infantil 1 é a nossa próxima fronteira!! Uauuu!!

Crônicas de um pai: encantadora e esperta

Crônicas de um pai: encantadora e esperta

Em virtude de uma inflamação no ouvido, durante a última semana nossa Maria toma medicamentos. Ela não aprova alguns deles, chora e chora para nos afastar dos vidros e de suas poções. Ontem pela manhã, ela dormia e eu buscava ingenuamente acordá-la para o medicamento. Dei-me conta que ela fingia dormir. Aproximei o meu nariz do dela e comecei a brincar. Maria Luíza, a encantadora, segurava o quanto podia para não rir e, desta forma, revelar a sua farsa. Ela estava ali querendo que eu acreditasse que ela dormia, querendo dizer que não podia tomar nada.

Ela sabe do que gostar.

Não aguentou mais e escancarou os olhos vivos de quem diz: 'você me encontrou, quero mais'

Crônicas de um pai: fraldas, remédio e mamadeira

Crônicas de um pai: fraldas, remédio e mamadeira

Cuidar de mocinha tão inteligente pede estratégias, sobretudo, quando se está sozinho. Ela ainda dorme, fartou-se no peito da mãe logo cedo e voltou ao seu repouso de bebê. Não tarda e acordará para o dia que os passarinhos estão a chamar no quintal.

As fraldas são trocadas com facilidade, ela prefere ressonar a choramingar nesse horário. Aproveita para curtir e valorizar a preguiça da manhã. O remédio, passo seguinte, anuncia que a batalha é iminente. Ela percebe a minha ação e arma as suas defesas contra o intragável medicamento. Venço, vencemos. A mamadeira está pronta e ao alcance das mãos. Está a nossa espera desde o início da operação da manhã. A mamadeira ajuda Maria a deixar para trás o gosto do remédio.

Agora só falta colocar um casaco leve e uma touquinha, estaremos prontos para sair.

'Partiu escola'

Ainda há tempo para que ela peça cafuné, esparrama-se e suplica por um afago, eu a atendo de pronto.

Eu te amo, pequenina!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: sala de espera

Crônicas de um pai: sala de espera

Salas de espera pedem aprendizado, pedem que sejamos capazes de encontrar e dar rumo a barco que ameaça ser engolido por uma tempestade. A parede de água vai nos engolir. Estava eu assim, dias atrás, exaurido pela febre e tendo em minhas mãos os exames que apresentaria dentro de instantes à médica. Procurará na rede todas as informações disponíveis em páginas idôneas sobre os indicativos de reagente e não reagente informados pelos exames. Lembrei-me de história das Mil e uma noites na qual um homem tem uns poucos dias para acomodar a sua família antes que um gênio venha cumprir a sentença de morte. Lá estava eu brigando com vagalhões imaginários que me afogavam e me lembrando das promessas feitas a Vany e que iria quebrar. Fui salvo pela médica que me chamava ao consultório. Sentei-me crente de que era grave. 'Você tem contato com crianças pequenas? Perguntou-me enquanto fazia marca nas folhas dos exames. Sim, respondi-lhe, tenho uma filha de 13 meses. 'É isso, ela lhe passou'. De repente os vagalhões voltaram e agora ameaçavam a minha Maria. 'Na criança há apenas leve resfriado, já o adulto vai à lona com a mesma combinação de vírus'. Maria resiste mais do que os seus pais, está preparada. Logo mais os pais terão  cadernetas de vacina, medida necessária para enfrentar os novos tempos. No domingo refiz os exames, agora é aguardar, esperar que as infeções tenham cedido e os órgãos recuperado o tamanho normal. Maria passa bem, pronta para tudo.

Crônicas de um pai: falar com as mãos

Crônicas de um pai: falar com as mãos

Maria Luíza fala aos quatro ventos, gesticula ao conversar encantada com as mãos cheias de dedos que dançam em frente aos seus vivos olhos. Eu e Vany agora sabemos que mesmo no berçário Maria tem o seu público. Falante e  disposta a desenhar o mundo aos seus ouvintes, Maria Luíza está lá contando suas histórias com o dedo indicador a apontar para o firmamento.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: brincar com a sua filha

Crônicas de um pai: brincar com a sua filha

Sábado último, eu e Vany estivemos na escola de nossa filha. Aprendemos a brincar com ela, conhecemos e fomos conhecidos pelos responsáveis por cuidar de Maria ao longo da semana. As salas e os seus segredos, os espaços e suas paisagens lúdicas foram ocupados por dezenas de pais. Durante alguns instantes nos fizemos pais e filhos reunidos na casa que todos os dias acolhe nossos pequenos herdeiros. Foi um sábado diferente, houve mesmo lugar para que eu e Vany - Maria entre nós - dançássemos uma valsa.
Grato, grato pelo dia!!
Abraços cordiais!!

Crônicas de um pai: a música

Crônicas de um pai: a música

O tema do 'Revelando São Paulo' era o  Divino Espírito Santo. Havia lugar, todavia, para todas as manifestações de Deus, havia respeito e concórdia. Da mesma maneira como as comidas e aromas se misturavam, homens e mulheres dançavam as suas heranças de festas. Ao chegarmos pela manhã, Maria Luíza dormia, ressonava serena e encolhida; encolhida, pois, Maria cresceu e o colo de sua mãe a cada dia perde espaço, torna-se um pouco menor enquanto Maria cresce. Caminhávamos os três quando os sons de festeiros coloridos chegou aos nossos ouvidos, de pronto, Maria abriu os seus olhos, levantou-se e ergueu a sua mão como quem busca despertar e ao mesmo tempo apontar para o caminho que se vai seguir. O sono ficou para trás, Maria vestiu-se para a festa que viveria junto aos pais.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Crônicas de um pai: a escalada

Crônicas de um pai: a escalada

Há uma casa inteira pela frente, rotas a serem palmilhadas centenas de vezes; concluída a série é preciso recomeçar, refazer roteiros, criar novas brincadeiras, descobrir texturas, aprender a diferença entre a verdura de nossa geladeira e as folhas verdes de nossos vasos. Assim são os dias, eles começam com gesto simples e supremo. Maria engatinha e busca pelas nossas pernas, quando as encontra, escala com as suas pequenas mãos e ao se colocar de pé nos diz do que precisa, nos segreda as suas expectativas e vontades. Mãos de bebê a nos chamar, nos voltamos para ela e ofertamos as nossas mãos para a jornada que começa agora. A casa é pequena e os roteiros são infinitos.

Crônicas de um pai: o espaço

Crônicas de um pai: o espaço

É assim que saúdo as suas peripécias pela casa e pelos lugares que visita. Frase de seriado de TV, frase que falava de uma espaçonave que viajava por mundos e galáxias desconhecidos, seres estranhos e excêntricos aos montes. Maria Luíza, hoje, está a escrever o seu diário de bordo e de impressões, compõe a sua cartilha e manual para ler e viver o mundo ao seu redor. Hoje, Maria é a capitã da nova espaçonave o conhecer lugares 'nos quais mulher alguma jamais esteve'.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Crônicas de um pai: o nascimento dos dentes

Crônicas de um pai: o nascimento dos dentes

Os dentes são um capítulo longo e cheio de contratempos e de febres, de choro sofrido e de dengo charmoso. Maria começou cedo, já no terceiro mês apareceram os primeiros sinais da dentição, infelizmente, alguns dentes anunciam anunciam e nada de se mostrarem. Os molares estão gritando, as gengivas incham e regridem ao sabor dos dias. Capítulo longo e difícil, sobretudo ao cair da noite quando receios de bebê levam nossa Maria a ficar chorosa e desejosa de colo e de cafuné.

(vai passar, meu amor! eu lhe prometo!)

domingo, 19 de novembro de 2017

Crônicas de um pai: as palavras

Crônicas de um pai: as palavras

Há tempos as longas frases de Maria Luíza chamavam a nossa atenção, a coleção de vogais e consoantes preenchiam o espaço de nossa casa. Nossa filha estava ali em seus exercícios de linguagem. Hoje, dia 19 de novembro, aos 13 meses (ou quase) de idade algo mudou de forma definitiva. Se nas últimas semanas éramos capazes de perceber que as frases guardavam e escondiam palavras, se nos dávamos conta que aqui e ali Maria Luíza parecia nos responder, agora junto aos longos períodos surgiram frases curtas e diretas. A capacidade de interação e de comunicação deu um salto de um dia para o outro. Nossa filha nos responde e atende ao nosso chamado. Ela nos pede que a ajudemos a ser a pequena Maria.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Crônicas de um pai: mamar

Crônicas de um pai: mamar

Houve um tempo em que Maria ficava aninhada no colo de sua mãe para mamar. Tranquila e serena nossa filha mamava e adormecia. Os pássaros que nos visitam e largam sementes em nosso quintal cochicharam algo junto ao ouvido de nossa filha sobre o que há além do nosso telhado, nunca mais Maria foi a mesma, agora, ela quer se sentar e mamar, escalar a sua mãe e mamar, girar o rosto para acompanhar o que há ao seu redor e, no mesmo movimento, mamar.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Crônicas de um pai: fazer de conta

Crônicas de um pai: fazer de conta

As brincadeiras são outras, agora. Os últimos dias revelaram o crescimento de Maria Luíza a partir de sua maneira de brincar. Acostumada a ver as vasilhas coloridas que lhe servem de prato para as suas refeições, habituada a receber colheradas em sua boca, Luíza aprendeu a repetir o gesto, aprendeu a usar os seus brinquedos em sua alimentação de faz de conta, aprendeu a levar à boca dos pais as suas colheradas imaginárias. Ela aprendeu e agora está a repetir. Eu a observo entre uma colherada e outra que sou chamado a saborear. Minha filha está agora em mundo no qual ela assume papel próprio e é a partir daí que nos chama para brincar. As brincadeiras mudaram de cor.

Crônicas de um pai: 1 ano de vida

Crônicas de um pai: 1 ano de vida

Chegou o dia, Maria Luíza chega ao seu primeiro aniversário. Estamos há dias a celebrar, nada mais justo e próprio. Nossa pequena bate palmas e percebe que ao seu redor estão a cantar, estão a lhe dizer que é tempo de alegrias.

A semana que passou, recordamos das horas que antecederam ao nascimento. Os exames sem fim, o ambiente hospitalar e a cadeira na qual eu repousava olhando para Vany e Luíza.

ps. em virtude de meus problemas de saúde as crônicas estão atrasadas. há casos, como a presente que foi redigida e ficou esquecida em meu celular. escritas pela manhã depois que deixo minha filha no berçário as crônicas são carregadas à noite, todavia, a febre me dobrou durante semanas, aos poucos recomeçamos.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Crônicas de um pai: minha madrinha

Crônicas de um pai: minha madrinha

Sou dos dias em que madrinhas eram especiais em nossas vidas, minha madrinha era a irmã mais nova de minha mãe. Tão parecidas e tão lindas. Minha mãe partiu e minha filha descobre nos seus olhos de sua tia-avó a própria avó. Coisas de meninas.

Crônicas de um pai: O elefante Pingo

Crônicas de um pai: O Elefante Pingo

Os finais de semana nos deram a oportunidade de visitarmos pessoas queridas. Tia Lídia abriu as portas de sua casa e nos recebeu para celebrarmos o primeiro ano de vida de nossa filha. Sandra, Fábio, Giovana, Bianca e Fábio (noivo da Bianca) desdobraram-se, aprontaram os seus sorrisos lindos e nos abraçaram, abraçaram a pequena Maria, sobrinha-neta, prima e bebê pronto a celebrar.
Luíza manda dizer que o nome do Elefante será, tal como sugestão da Bianca, Pingo. Manda também dizer que o sorriso do seu noivo é cativante: "adoro sorrisos".

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Crônicas de um pai: A bolsa de Maria Luíza

Crônicas de um pai: A bolsa de Maria Luíza

Caixas e bolsas, mochilas e carteiras despertam a sua atenção. Os brinquedos no chão são menos do que a bolsa que está sobre a cadeira. Sentada tem tudo ao seu alcance, a bolsa distante a chama. O que a fascina parece ser o ato de guardar. Aos seus olhos, creio, está o fascínio da descoberta. 'O que há aqui?, 'o que é isso?'. Escala a cadeira e chama as bolsas para que venham brincar no chão. Lá fica ela, abre e retira o que encontra. Examina e leva à boca bebê, algumas vezes bate um objeto contra o outro como quem pergunta 'quem são vocês?'. Maria Luíza deve entender a linguagem de cada um deles e lhes oferece aquela atenção de quem sabe onde está, depois, constrói frases longas.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Crônicas de um pai: (dores)

Crônicas de um pai: (dores)

aprende-se sempre, a paternidade pede que se descubra o que está além do braço e do olhar a todo instante. as últimas semanas trouxeram o que com segurança é o mais difícil de se aprender: padecer. semanas longas de noites intermináveis, sofri os horrores de febre intermitente sem causa identificada, mediquei-me para a pressão alta e fui espetado um sem número de vezes. tudo quanto vivi - e vivo - pede que eu olhe para a minha família de forma diferente. não quero deixá-los, preciso me cuidar e descobrir o que me faz sentir dores e desconforto sem fim. voltar-se para a filha e sentir que lhe faltam forças e que está tonto de dor é sensação pavorosa. estou aqui a tentar, buscarei melhores dias.

beijo, vany!
beijo, luíza!

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: os passarinhos e o horário de verão

Crônicas de um pai: os passarinhos e o horário de verão

'Não, papai! Os passarinhos ainda não acordaram, não me chamaram ainda, posso dormir um pouco mais'.

Crônicas de um pai: unhas

Crônicas de um pai: unhas

Dia desses, pronta para tomar banho, observei com atenção as unhas do pé de Maria Luíza, a do dedo grande do pé direito apresentava desgaste irregular. Sim, de tanto engatinhar ela aparou ou entortou a unha do seu diminuto pé. Perguntei a Maria qual a razão, não quis comentar limitou-se-se a segurar os dedos do pé direito e os trouxe para junto do seu rosto. (Sorria feliz ao fazer isso)

Crônicas de um pai: engatinhar e caminhar

Crônicas de um pai: engatinhar e caminhar

À medida dos dias o inventário da casa se completa no dedilhar de nossa pequena Maria. Lugares e situações, cores e texturas, ruídos e luzes são mapeados e a ajudam a desenvolver a sua paisagem pessoal. Maria acordou cedo, hoje, por volta de três da manhã. Quis ficar sentada para a sua primeira mamada do dia, tombava de sono e ainda assim não se rendia ao descanso da madruga. Eu e Vany acreditamos que eram os dentes que a deixaram incomodada. Os seus quatro pares de dentes reclamam a chegada de novos que nas últimas semanas só fazem anunciar que estão a caminho, mas nada de despontarem. Sentada, cansada e com dores fiquei a olhar para ela. O que estará pensando? O quanto entende de quem é e de quem somos? É certo que cada vez mais, o pequeno cérebro se expande; há aumento impressionante do tamanho de suas frases, a sua linguagem de bebê afirma a sua presença entre nós.

A casa passa por adaptações sem fim, objetos e móveis dançam ao sabor dos caminhos e passos de nossa primogênita.

domingo, 15 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: dar tchau e dizer não

Crônicas de um pai: dar tchau e dizer não

Há tempos Maria aprendeu a dar tchau, hoje, ela aprende a lançar beijo com a palma da mão. Ainda sobre o tchau há situação inusitada, visto que ela engatinha pela casa as ocasiões nas quais é preciso dizer não apareceram. Não ao fio da geladeira, não ao computador, e por aí vai...todavia, eu e Vany percebemos que cometemos um erro ao dizer não com a mão. Maria não distingue dar tchau e dizer não com as mãos, ambos ainda lhe parecem o mesmo movimento. Assim, quando ela busca pelo fio da geladeira e lhe dizemos não, nossa Maria Luíza nos olha feliz e crê que estamos a lhe dar tchau e, sem pensar duas vezes, sentada no chão se põe a dar tchau ao nosso não.

Crônicas de um pai: língua de fora

Crônicas de um pai: língua de fora

Lá vai Maria, língua de fora! Ajuda na concentração e aumenta o charme, diz ela! Lá vão os pais, língua de fora!! Exaustos e sem dormir, choramingam ambos. Não sabemos quando começou o hábito da língua de fora, mas agora é recurso regular de nossa pequena.

Crônicas de um pai: quase 12 meses

Crônicas de um pai: quase 12 meses

Às vésperas do seu aniversário a interação é grande, não há mais um recém-nascido, mas uma menina que amplia o seu repertório. Conhece e deseja fazer. Ontem, Maria Luíza observava a sua mãe usando uma borracha para apagar uma anotação no caderno; quando a mãe terminou Maria buscou pelo objeto borracha e repetiu a operação para experimentar a sensação.Aos 12 caminhar pelas nossas mãos começa a se tornar comum, em breve, ela andará à frente e correra. Ela cresce e se recria como uma menininha amorosa e cheia de choramingos. Quero crer que choraminga apenas porque não sabe me dizer do que precisa, se sente fome ou se os dentes estão a incomodá-la. Afetuosa, nossa pequena adora afagos e mais do que berço prefere o colo de sua mãe para adormecer. Não é mais um bebê e as suas longas pernas balançando enquanto a mãe a leva no colo crente de que aninha a filha recém-nascida é comovente.

Feliz (quase) aniversário, filha!
Feliz aniversário, mãe!

sábado, 14 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: subir as escadas

Crônicas de um pai: subir as escadas

Engatinhar e caminhar com a ajuda de mãos amigas ficou para trás. Subir as escadas passou a fazer parte do repertório de Maria. Nada a detém quando deseja encontrar alguém. Degraus e objetos, tapetes e móveis são ultrapassados e superados. Ela está bem, feliz a distribuir os seus sorrisos. Troca a sua hora de sono para brincar a todo instante. Pela manhã, penteei  o seu cabelo, já há o que pentear....depois, entreguei-lhe a escova e Maria Luíza ficou a repetir o movimento com a escova. Ela sabe. Não é mais um bebê, está ali a menina. Ela reage aos sinais do mundo.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: Tsunami

Crônicas de um pai: Tsunami

Tsunami. Tesourinho. Marie Louise. Maria Das Dores. Furacão Classe Maria. Filhote. Pingo de gente. Passarinho e RN. A lista é longa demais....

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: falar mamãe

Crônicas de um pai: falar mamãe

Sim, ela fala. Mamãe é de longe a palavra mais perfeita que ela pronuncia. Palavra macia que lhe lembra a sua vida. Maria chama e chama, às vezes choramiga outras gargalha, mas está ali inteira e completa: mamã.

Crônicas de um pai: o dia já nasceu

Crônicas de um pai: o dia já nasceu

Maria ainda dorme, a casa já está em movimento a jornada de trabalho dos pais começou. Maria dorme com o rosto colado no travesseiro, ouvimos a sua respiração. Vany é a primeira a sair, ainda está escuro. Maria acorda, acorda preguiçosa, de maneira lenta lança os braços em um movimento que acelera o seu despertar. Ela abre os olhos e busca saber quem a receberá após uma noite de sono. Maria tem fome, chora a sua mamadeira. Eu a tomo em meus braços  e nos dirigimos para a cozinha. Preparada a mamadeira, ainda em meu colo, Maria abre os olhos e reclama da luz acesa. Mamadeira na mão minha filha busca a posição que mais gosta, inicia o seu ritual de mãos e de pés. Sacia-se, seca a sua mamadeira. Deitada deixa a sua cabeça tombar para o lado e adormece satisfeita. Maria dorme e eu cumpro os últimos preparativos para levá-la ao berçário. Vany liga para ter notícias enquanto tomo café.

Hora de levantar, há que se trocar a fralda antes de sairmos. Maria resiste, não quer saber de levantar. Ela ainda insiste em ficar em seu berço por alguns instantes. O sabiá que sempre nos visita pela manhã a chama mais uma vez e Maria Luíza desperta. Os olhos vivos buscam a casa em que vive, pergunta pela mãe e lhe digo que ela foi trabalhar, mas não tarda a chegar. Fralda limpa e agasalhada, o xarope é o derradeiro passo antes da saída. Hora de ir, hora de nos despedirmos. Hora de pedir ao Papai do Céu que nos ampare em nossos caminhos e que saibamos entender o que se espera de nós.

O dia começou.

Beijo, filha!

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: alívio

Crônicas de um pai: alívio

Lá se vão as 72h de febre, ficaram para trás, graças a Deus! Estávamos os três esgotados. Maria Luíza passou bem o dia, nos ofereceu a sua alegria e disposição de bebê. Agora, de tão bem e feliz, ela resolveu tirar o atraso dos últimos dias, deseja dormir tarde e, se possível, acordar antes dos sabiás que nos visitam logo cedo.

Beijo molhado, filha!

Crônicas de um pai: o milagre que mora em nossa casa

Crônicas de um pai: o milagre que mora em nossa casa

O nascimento é o maior dos milagres. O sol alto e o firmamento têm o seu lugar na lista de maravilhas, a cor do nosso oceano íntimo e a palheta de cores das plantas também estão lá, todavia, nada pode ser comparado ao nascimento. Gerar a vida, levar no ventre o segredo de uma menina é flor que se abre. O nascimento realinha os sonhos e a maneira de estar no mundo, modifica o diapasão, nada é como antes. Não à toa as religiões fazem da criação momento singular, o segredo a ser abraçado.

O milagre fez de nossa casa local de sua morada!

Crônicas de um pai: horários certos

Crônicas de um pai: horários certos

A pontualidade da febre nos assombra. Ao cair da tarde a temperatura se eleva, o desconforto e o choro passam a dar as cores da noite. Quando a sua filha chora e diz que não sabe o que se passa, que a sua respiração  e ânimo estão comprometidos o que fazemos? Aos poucos fica amuada e chora pelo colo de sua mãe, chora pelo afago de quem lhe quer bem. Vany está esgotada nos dias que seguem, afinal são 72h de febre. Sempre nos mesmos horários, regularmente do final de tarde ao amanhecer. Há que se fazer de tudo para ajudá-la, mesmo que seja inalação às 3 da manhã.

Agora ela está bem, não há vestígio de febre apenas  o seu semblante de quem dormiu mal durante a noite e quer descansar agora até o meio-dia.

Descanse filha, já voltarei para casa.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: febre e febre

Crônicas de um pai: febre e febre

Batalha sem trégua, a febre intermitente de um filho aperta o coração. Já a certeza de que tudo passará, no entanto até lá há uma jornada longa. Noites mal dormidas, a dor de ouvir o choramingo febril de um bebê que ainda não entende o que se passa consigo mesmo, a eficácia relativa de medicamentos e procedimentos. As estações da febre intermitente se renovam de forma constante. Lá se vão mais de 48h e ela vai e vem, que Deus nos proteja e nos dê alento em jornada tão exigente.

Crônicas de um pai: ver e repetir

Crônicas de um pai: ver e repetir

Semanas atrás ficamos espantados quando Maria nos mostrou que desejava comer sozinha. A mão pequenina buscava o que lhe oferecíamos, pegava, examinava e a levava à boca. (Algumas vezes Maria Luíza resolve brincar com a comida antes de comê-la; brincar inclui passar os dedos lambuzados nas roupas dos pais).
Aquilo que vê, ela repete. Foi fácil ensiná-la a escovar os dentes - todos os oito dentes - afinal, basta começar a escovar e lhe oferecer a escova que ganhou. Lá vai ela, escova e morde, massageia a gengiva e se diverte.
Vany acompanhou mais uma no dia de hoje: limpar o nariz. As secreções provocadas pela gripe acompanhadas de aplicação de medicamentos e de inalação deixaram Maria Luíza irritada e incomodada. Vez por outra surgia o paninho para limpá-la. De tanto viver a situação, aprendeu a repetir o movimento. Maria pega o pano, deixa-o à frente de seu nariz molhado e se põe a sacudi-lo, falta pouco, mas chegaremos lá.

domingo, 1 de outubro de 2017

Crônicas de um pai: melancia positivo

Crônicas de um pai: melancia positivo

Fruta da estação as melancias chegaram, no ano passado Vany viveu a nossa gravidez a devorar, digo a degustar, frutas e frutas. Imaginei mesmo que se ao nascer Maria Luíza realizasse exame de sangue receberíamos resultado que diria algo como 'melancia positivo'.
Ontem a melancia voltou à nossa casa, por ora, Maria Luíza não se revelou fã da fruta, acreditamos que a febre das últimas horas a deixou pouco afeita a experiências de sabor. Vamos aguardar, temos tempo, a estação da melancia está apenas começando.

Crônicas de um pai: febre

Crônicas de um pai: febre

As mudanças de tempo jamais despertaram tanto a nossa atenção. Maria acusa as oscilações climáticas e sofre. Aos primeiros sinais de nossa primavera invernal sabemos que Maria Luíza sentirá a queda de temperatura, mudança que diminuirá, infelizmente, as suas andanças pela casa.
As últimas horas foram difíceis, a madrugada pediu que a ajudássemos a enfrentar a febre. Seu corpo pequenino ardeu, o resmungo de quem pede ajuda e nada entende do que se passa foi a nossa melodia. Aos poucos ela se vê fortalecida e se recupera. A mãe leva no rosto as marcas de uma noite mal dormida e, também, o orgulho de quem sabe que está a fazer o melhor que pode.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Crônica de um pai: o sumiço do brócolis

Crônica de um pai: o sumiço do brócolis

À hora do jantar Maria Luíza estava comigo, sentada em meu colo. Ela já havia jantado, agora era a minha vez. Sentados à mesa, eu e Vany conversávamos sobre tudo e mais alguma coisa. Lá pelas tantas, espetei um brócolis do meu prato. Conversa vai, conversa vem deixei o garfo e o brócolis suspensos no ar. Até agora não sei o que aconteceu, o brócolis desapareceu misteriosamente. Maria nada respondeu a respeito do sumiço e vejo apenas a sua boquinha a trabalhar.

Crônicas de um pai: despedir-se

Crônicas de um pai: despedir-se

As feições de Maria são reveladoras. Combinadas ao seu silêncio ou à sua linguagem expressam o seu estado de espírito. Instantes atrás eu a deixei no berçário. A berçarista a recebeu generosa, Maria voltou seus olhos castanhos para mim com ar de quem não me perdoava por deixá-la. A menina que balançava os pés de contentamento quando eu a coloquei no carro na saída para o berçário, agora revelava o seu desconforto.

Eu lhe disse que era sexta é estaríamos juntos no final de semana, mas não houve conversa.

Tenho certeza que ela ficará bem, que brincará com todos e voltará a sorrir.

Tenho certeza que, logo mais, ao voltar para casa ela abrirá o seu sorriso de oito dentes e apertará seus olhos castanhos para me receber. Esticará os seus braços para buscar pelo meu beijo. Depois de festejar minha volta me dará as costas a buscar pela mãe como quem diz 'não me esqueci do que fez, mas seja bem-vindo'.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: sem fraldas

Crônicas de um pai: sem fraldas

Houve um tempo em que trocar fraldas era relaxante para Maria. Ela entendia o cuidado e agradecia oferecendo sorrisos.

Tempos depois ela sabia se sentar e não tinha paciência para trocar as fraldas. Acreditávamos que não poderia ser mais difícil, afinal seis pares de braços não bastavam para tanto bebê.

No tempo presente os céus fecharam e a tempestade está armada. A agilidade tantas vezes treinada ao longo do dia  é traduzida em uma ginástica de alto impacto que exige o fôlego de um maratonista, os pais resistem bravamente. Maria gira sobre si mesma, levanta-se e escapa ligeira não sem antes gritar como quem diz 'vocês não me pegam'.

Quando começa o desfralde ?

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Crônica de um pai: ciúmes, ciúmes de você

Crônica de um pai: ciúmes, ciúmes de você

No ano passado compramos uma boneca da Mônica para Maria Luíza, a ideia era povoar o quarto com um brinquedo, dar ar de quarto de menina. Era cedo demais para brinquedo assim, estava lá apenas para compor a paisagem do quarto de nossa filha. O tempo passou e Maria descobriu a boneca e começou a se divertir, entabulou conversas e tudo mais.
Nas últimas semanas, no entanto, pintou ciúme, pelo menos é o que eu e Vany acreditamos. Quando eu peguei a boneca da a Mônica e a coloquei em meu colo, Maria Luíza protestou e a tirou. Eu e Vany não acreditávamos na cena de ciúmes e abusamos da paciência curta de Maria Luíza. A mãe tornou a pegar a boneca e disse que daria de mamar, o tempo tornou a fechar, Maria protestou novamente e ocupou o lugar da boneca no colo da mãe.
Nossas intenções eram as melhores, assim achávamos, mas as relações estão estremecidas entre a nossa Maria e a Mônica.

Crônicas de um pai: virtudes

Crônicas de um pai: virtudes

Maria Luíza guarda em sua memória quem lhe quer bem, Dona Elisabeth ganhou o seu lugar. Generosa está sempre a oferecer o melhor de si e Maria não resiste às virtudes. Maria faz festa e se  Dona Elisabeth olhar ainda que seja por um instante para o outro lado, Maria insistirá para ter mais das virtudes, mais do amor.

Crônicas de um pai: 11 meses

Crônicas de um pai: 11 meses

Aos 11 meses sorrir e gritar são combinação constante. Vivemos a nos perguntar se Maria é nossa filha mesmo. Bênção que reorganiza a vida em nova direção a nossa pequena Maria Luíza está bem. Fala aos quatro ventos em sua linguagem. O que ela está a dizer? Acreditamos que aqui e ali há palavras: mamá para mamãe é a mais frequente. Os olhos são castanhos, cheios de disposição e de encantamento; marcados por sobrancelhas que lhe dão ar de quem quer celebrar. Andar sem descansar e brincar com tudo. Aos brinquedos de sua caixa, Maria junta outros. Sim à lata de leite vazia cuja sonoridade lhe permite ter o seu primeiro tamborzinho. Os pregadores da lavanderia - de plástico ou de madeira - de um tempo para cá andam livres pela casa. Alguns espécimes foram encontrados no berço de Maria.

Do lado esquerdo de seu rosto há pequena pinta que desenha uma de suas aventuras na terra dos sonhos.

Agora ela dorme, os braços deixam o quente do cobertor e se lançam para o alto. Movimento familiar que reafirma o pássaro que mora em sua alma de bebê. Qual anjo que repousa pronto para qualquer chamado Maria respira fundo e se ajeita em seu travesseiro.

Aos 11 meses ela diz: Bom dia, mundo! A vida é um milagre!

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: Reinações de Maria Luíza no berçário (3a. parte)

Crônicas de um pai: Reinações de Maria Luíza no berçário (3a. parte)

As imagens são claras. Hoje, dia da Árvore, a turma do Berçário 2 deveria plantar uma árvore. Bebês ao redor de um saco de terra vegetal e cada um a levar na mão um copo pequeno. Hora de brincar com o copo, hora de brincar com a terra, hora de encher o copo com a terra, hora de deitar a semente e regar. Maria estava lá, em uma das fotos ela se debruça sobre o saco para buscar a terra. Ela nada estranhou, acostumada que está em nossa casa a revolver os vasos de plantas.
Soube de tudo pela boca da mãe e pelas imagens capturadas dos flagrantes. Eu as encontrei à porta do supermercado, Maria carregava em sua mão bebê um pão de queijo, a mãe, cheia de orgulho, levava o copinho com a plantação da filha.
Feliz dia da Árvore! Parabéns aos que a ajudaram a brincar!

ps. banho Maria Luíza...olhe a cor de suas unhas...!! não vou falar duas vezes....!!

Crônicas de um pai: a cabeceira do berço

Crônicas de um pai: a cabeceira do berço

Outrora quando Maria chorava em seu berço bebê eu a encontrava deitada e agasalhada. Agora quando Maria chora ela aguarda de pé sobre o colchão amparada na cabeceira para não cair. Tudo mudou. Dias atrás Vany sofreu para  desembaraçar o móbile que fica sobre o berço, de tanto agarrá-lo cordas e bonecos estavam embolados. Tudo mudou. Apesar disso, Maria Luíza se revela frágil e perseverante. Ela pede cuidados e zelos e ao mesmo tempo demonstra personalidade e disposição. A cada dia ela insiste mais e mais em comer sozinha. Maria sabe pegar e levar à boca. Eu acaricio o seu jeito bebê e me dou conta do seu crescimento. Tão bebê, tão menina.

Crônicas de um pai: manhã preguiçosa

Crônicas de um pai: manhã preguiçosa

As manhãs são lentas apesar do relógio correr ligeiro. A preguiça e o sono tardio dão o tom. Quem dera ficar mais um pouco, quem dera que os cantos dos sabiás estivessem a anunciar o início da tarde e não o amanhecer.

'Filha, bom dia! Hora de levantar!'. Movimentos lentos, ela flutua e se espreguiça junto ao meu peito. Eu a acompanho em sua dança. Colo o meu rosto no seu e lhe dou um beijo.

Crônicas de um pai: abrir o livro da paternidade

Crônicas de um pai: abrir o livro da paternidade

A paternidade é livro novo daquele que nos encanta a partir das letras da capa. Folheá-lo de maneira comedida e intensa, sorver o aroma de papel e tinta, o frescor do corpo leve e dos cabelos por nascer do seu bebê. Ouvir a sua linguagem repleta de vogais - livro e bebê- atentar para se a escrita vai da esquerda para a direita ou da direita para esquerda.

O que o bebê e o livro dizem? Do que precisam?

O bebê, no epílogo, se faz grande, adulto. Se faz escritor e escreve sobre si e sobre a sua história. Narra as aventuras do seu pai para entender e viver dignamente a paternidade.

Fim.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: festival de morangos

Crônicas de um pai: festival de morangos

Fruta da estação, os morangos andam em alta e é chegada a hora de fazerem parte do repertório de sabores e perfumes de Maria.

As provas de comidas novas começam regularmente com cara feia, tudo aquilo que ela saboreia é acompanhado da expressão 'mas o que é isso?' Em seguida, a feição de desconforto se desfaz para dar lugar a um 'quero mais'. (A exceção é o linguine que é disputado aos gritos e a única cara feia é aquela que diz 'eu quero as linguinhas, eu quero!').

Ela cresceu não porque tem mais de 70 centímetros ou quase 9 quilos, ela cresceu porque está cada vez mais e mais aumentando o seu repertório e fazendo escolhas. Ontem à tarde, Vany tomava iogurte quando Maria decidiu que molharia o pão que comia no pote de iogurte. (Quem lhe sugeriu tal combinação?) Não, iogurte não pode fazer parte de sua dieta, de acordo com a nossa pediatra, todavia, não há como se alimentar longe dela. A casa já é bem conhecida e Maria usa rodinhas, em instantes ela foi de um cômodo ao outro. Como se ausentar para se alimentar? No final, ela reconhece os potes coloridos dos iogurtes  e os aprecia, são saborosos e bons para brincar.

 Em breve, talvez agora mesmo, cogite de misturar os morangos no iogurte.

Coisas de Maria Luíza, a encantadora.

Crônicas de um pai: o que pensa a meu respeito?

Crônicas de um pai: o que pensa a meu respeito?

Vivo a me perguntar o que Maria pensa a meu respeito. A respeito da mãe, fácil saber. Ambas estão ligadas pela gestação. O cordão é sinal visível da afinidade e da pertença. Elas se entendem. E o pai? O que a filha de quase 11 meses vê em seu pai? Ontem, ao chegar em casa, Maria mamava. Deu-se conta de minha chegada, nossa Maria aprendeu a ouvir os sons de sua casa. Sabe quando alguém abre a porta de entrada, reconhece os ruídos. Parou de mamar e esticou a cabeça na direção do hall de entrada, queria me ver, sabia que era eu, fez das suas para que a sua mãe a levasse até a entrada. Ao me ver mostrou-me o seu sorriso cheio de dentes, apertou os olhos castanhos e me saudou. Ganhei palmas. Eu era alguém naquele instante. Esticou os braços para que eu a pegasse, assim fiz, no entanto, logo Maria voltou-se para sua mãe e me disse com todas as letras que desejava voltar para o colo de sua mãe. Lá vai Maria, acaba de me saudar e, em seguida, se despede, ou melhor, ela quer todos juntos ao seu redor, isso a satisfaz. No entanto, o colo que quer abraçar é o de sua mãe. Afinal de contas, o que Maria Luíza pensa a meu respeito?

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: reinações no berçário

Crônicas de um pai: reinações no berçário

Depois de ser surpreendida deixando a sala de brincar, Maria Luíza agora finge que está dormindo. O horário de dormir dos bebês da escolinha de Maria é burlado pela nossa filha. Maria pressente a aproximação da berçarista e cobre o seu rosto, fica em silêncio e dorme o seu soninho da tarde de olho aberto.

Crônicas de um pai: quero descer, quero subir

Crônicas de um pai: quero descer, quero subir

Se ela está no colo deseja ir ao chão, quer engatinhar e esquadrinhar o que há e para que serve. Se está no chão quer escalar móveis e pernas. Avisa aos que lhe interessam que está no chão agarrando pernas e sentando-se sobre os nossos pés, ao chamar nossa atenção proclama os seus desejos.

Lá vamos nós. Liga o seu radar, abre o seu livro de impressões e sensações e se coloca em movimento de gato. Lá vai Maria em sua jornada exploratória. Os novos mundos são aprendidos em silêncio. Quando Maria está em ambiente desconhecido precisará de uns poucos minutos para cartografar e avaliar as possibilidades de descobertas e de brincadeiras.

Frutas novas são caso curioso, come todas as frutas que lhe são oferecidas. A primeira mordida traz uma careta de quem não gostou para, em seguida, reclamar outro e outro pedaço.


sábado, 16 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: quase 9 kg

Crônicas de um pai: quase 9 kg

Na semana que passou foi Dia de Pediatra, assim mesmo, com letra maiúscula, com o passar do tempo isso se transforma em uma instituição, uma efeméride da família. Distante, acompanhava a saída e a chegada de mãe e filha ao Pediatra, a Dra. Camila. Foi assim que ouvi as primeiras notícias e o parecer de nossa médica. Ao chegar em casa e ganhar sorrisos e afagos ouvia atento os primeiros relatos da tarde no hospital. Quase 9 kg e 71 centímetros, eis a minha pequena Maria que goza de ótima saúde, os pais respiram aliviados.

Crônicas de um pai: Feliz Aniversário, mãe!

Crônicas de um pai: Feliz Aniversário, mãe!

Hoje, dia 15, minha mãe aniversaria. Logo cedo, Maria estava em meu colo quando conversamos com ela. Quando lembramos do seu dia e lhe oferecemos a nossa memória. Ela desejou e sonhou uma menina, não a teve, não viveu a graça, agora, dentro de sua devoção sem fim pode abraçar a neta que deposito em seu colo.
A aflição desmedida da despedida e a minha esperança sem fim de que a sua fé a reconfortou são tudo o que tenho.


Crônicas de um pai: linguine

Crônicas de um pai: linguine

Maria é sempre a primeira a jantar. Legumes, carne cozida e, de sobremesa, uma fruta. Enquanto ela é servida o nosso jantar é preparado. Na semana que passou, jantamos  linguine. Nossa Maria não raro mesmo tendo jantado gosta de beliscar os nossos pratos.

O linguine não estava pronto, não havia o molho e Maria encantou-se com a massa. Queria experimentar, queria saber o que era. Ela a saboreou, pedaço a pedaço. Enfrentou dificuldade ao levar a tira de linguine à boca, mas encontrou o seu jeito. Às vezes a tira ficava presa no interior de sua mão fechada e era necessário abrir a mão e se equilibrar para não perdê-lo. Sentada em meu colo, tratei de ajudá-la. Segurei a tira do macarrão para que ela não o perdesse, de tanto fazer das suas a tira se quebrou. Quando Maria Luíza se deu conta disso não gostou, percebeu que  ficou com a parte menor do fio; reclamou com um grito e, de pronto, largou a parte menor e buscou em minha mão a outra parte.

A história do linguine em nossa casa não será mais a mesma, depois que Maria mostrou a todos como se suga a tira de macarrão.

Beijo, filha!

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: Maria Dolores Consuelo das Dores

Crônicas de um pai: Maria Dolores Consuelo das Dores

Era uma vez uma atriz. De tão bonita os diretores resolveram que ela choraria no primeiro capítulo da novela. Aos prantos chorou ao ver a fralda, digo, ao ver o por do sol. Chorou mais ainda ao saber que o noivo Rodolfo Adolfo Zamora partira para comprar pão e tardava a chegar. Debulhou-se em lágrimas ao perceber que a mãe a deixara sozinha a brincar. ("Filha, preciso tomar banho!!). Chorou ao descobrir que a refeição não lhe seria servida no horário de sua conveniência.

Chorou e chorou. Os telespectadores foram à loucura. A audiência subia e os roteiristas criavam cenas e cenas de prantos. O estúdio ficou alagado e das Dores desistiu do papel e da fama. Hoje vive em nossa casa e de quando em quando adora matar saudades de sua carreira novelística.

"Buaaaaaaaaaa!!!"


Crônicas de um pai: reciclar as roupas

Crônicas de um pai: reciclar as roupas

(não há coincidências)

Ainda ontem recordava de vestido que Maria Luíza ganhou da querida Fátima. Marinho com bolas brancas. Tudo aconteceu a partir de comentário deixado pela Fátima em uma rede social. Cansada daqueles que apenas veem imagens, decidiu postar texto no qual pedia que registrassem uma lembrança compartilhada com ela. A minha foi o vestido que ganhei de presente.

Ao retornar para casa, Vany e Maria me aguardavam à entrada de nossa casa. Fui saudado de forma efusiva e calorosa. Maria gritava ao me ver, acredito-me alguém, sinto-me cheio de graça e importância nessas horas.

Maria usava o vestido marinho, no entanto, havia algo de diferente. O vestido não lhe servia mais e, além disso, ela usava calça que lhe deixava as canelas de fora. Vany, cheia de paciência, explicou-me: agora o vestido é uma bata e a calça que não lhe cabe é uma legging.

Maria ria da minha tontice em suas roupas novas e cochichou: "isso se chama de 'repaginar' o guarda-roupa, nada tem a ver com reciclagem, baba!!".

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: Maria Luíza quer andar

Crônicas de um pai: Maria Luíza quer andar

Os dias são mais longos, a noite do nosso bem demora a chegar. Nossa pequena Maria não deseja dormir cedo, não raro ela coloca os pais para dormir enquanto ela segue desperta e disposta. Eu e Vany sabemos que em breve Maria andará. Escalar os pais e os móveis já ficou para trás, cada vez mais ela procura se equilibrar, a coordenação de pernas e pés dá sinais de evolução. Nas últimas horas Vany presenciou Maria de pé em cima da cama por uns poucos segundos. A mãe estava emocionada, brincava com a filha quando ela conseguiu equilibrar-se sozinha. Maria sentiu o gosto de ficar de pé. Os treinos são, agora, diários e intermináveis. Avançam noite adentro e, muitas vezes, despertam a madrugada. Maria Luíza quer andar.

Crônicas de um pai: a Primavera chegou

Crônicas de um pai: a Primavera chegou

Os dias de sol e de cores vivas chegaram. Os sabiás da rua voltaram de longe, buscam o céu azul do bairro e as floradas da semana. Maria Luíza aprendeu a ver as novas cores e temperaturas que a Primavera usa em seus habituais parques de brincar. Aprendeu a se sentar na areia e a molhar os pés na água. Divertiu-se com a sua mãe e disse com todas as letras que desejava as suas mãos livres para tocar e sentir o mundo que a rodeia. Sorriu encantada e buscou em sua memória a Primavera do ano passado, a Primavera em que nasceu. Não a encontrou, esqueceu-se e decidiu-se que vai criar a sua primeira estação de pássaros e de flores.

ps. há quem diga que ela chegará na semana próxima, francamente, em nosso bairro ela já deu o ar da graça..

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: ser recebido aos gritos

Crônicas de um pai: ser recebido aos gritos

A memória dos dias, os rostos conhecidos, a invenção de rotinas, tudo ajuda nossa Maria a formar o seu repertório de pessoas e de situações. Ela reconhece, sabe o que vem depois e, desta forma, desenvolve a sua personalidade de bebê.
Hoje, ao retornar para casa, Maria Luíza me viu abrindo o portão do nosso sobrado. Ela estava no colo de sua mãe e começou a gritar. Ainda da rua eu ouvia os seus sinais de saudação amorosa, senti-me alguém para ela, senti-me alguém para a minha família.
O sorriso cheio de dentes, o jeito charmoso como recolhe o rosto e o enterra no peito de sua mãe me diziam que ela queria chamar a minha atenção.
Aqui estou Maria Luíza, venha me dar um abraço e um beijo molhado!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: as cores da pulseira

Crônicas de um pai: as cores da pulseira

Bem que as cores das pulseiras aqui tratadas poderiam falar das criações e brincadeiras de uma menina. Cores e formatos de pulseiras e de gargantilhas, quem dera.

As cores das pulseiras, ao menos hoje, são as dos hospitais. Quando as cores que oferecem à sua filha mudam o peito dos pais fica apertado. A cor nos hospitais sinaliza a gravidade e a urgência. Ela separa e encaminha, cá estamos nós a decifrar o que dizem os sinais e os diagnósticos. Dois médicos, sala de medicamentos, sala de espera, elevador e essa vontade de ir embora com a certeza de que ficaremos bem.

Noutro dia as cores das pulseiras serão lúdicas, não haverá senões.

domingo, 3 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: alegrar o mundo

Crônicas de um pai: alegrar o mundo

Não está apenas no fato de Maria ser um bebê, digo isso pois há da parte do mundo que nos rodeia uma recepção singular quando o assunto é uma criança pequena. O que fazem e como o fazem é assunto, desperta a atenção e rende histórias e risadas.
Maria desperta mais. Fico a me perguntar sobre a sua singela capacidade de retomar o tempo ao instaurar paradas e esparrar portas e atalhos.
Fomos ao mercado logo cedo e encontramos amigas de minha mãe. Encontrá-las e receber o seu carinho me deixou saudoso. Peço que Maria Luíza lhe traga alento e a ajude a soltar a risada cheia e feliz que conheci. Não fui capaz de lhe trazer o sorriso farto, rogo que a neta cumpra o seu papel e talento.

ps. minha mãe mora em lugar dentro de mim e é de lá que todos os dias ela sai para brincar com a sua neta.

Crônicas de um pai: aos gritos

Crônicas de um pai: aos gritos

Maria aprendeu a gritar, sabe modular e escandir o seu berro bebê de acordo com a situação e a sua necessidade de expressão. Eles dizem muito de sua alegria, de sua disposição e de sua expectativa. Encontrar a mãe e o pai, por exemplo, estão entre as ocasiões que ela extravasa o seu grito. É impagável retornar à sua casa e ser saudado aos berros por uma menina que está engatinhando. Se o dia lhe reservou contratempos, nada resiste a isso. Estou em casa, o caos ficou para trás.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: a fuga

Crônicas de um pai: a fuga

Correr pela casa, ou melhor, engatinhar de um cômodo ao outro já é parte do seu repertório. À noite quando estamos os três em casa percebemos que ela fica satisfeita apenas quando estamos juntos. Se pai ou mãe por alguma razão saem do seu campo de visão Maria Luíza engatinhará atrás onde quer que estejam. Se a mãe foi ao quarto guardar roupas, Maria buscará por ela. Ofertará o seu sorriso cheio de dentes e ganhará os braços de quem lhe quer bem.

Encontrada a peça faltante Maria pode reunir uma vez mais todos ao seu redor. As reinações de Maria em casa são bem conhecidas nossas, outras são aquelas que ela faz diariamente em sua escola. Eu e Vany muitas vezes desejamos em pensamento acompanhar o nosso tesouro em seu dia. Vez por outra sabemos algo a respeito. Ontem, descobrimos algo de suas fugas. Soubemos que deixa a sala de sua turma  para ir a outros lugares, ir ao encalço, por exemplo, de uma berçarista. A pequenina Maria Luíza já redefiniu os seus horizontes. Engatinhar lhe deu asas  e está a fazer o seu cérebro processar informações em maior volume. "O mundo ao alcance de minhas mãos e pés", diria ela.

Beijo, filha!

ps. Sim, lhe deu asas, agora é hora de reforçar o estoque de sabão. As roupas de minha filha vivem sujas. As meias são um caso à parte, depois de usadas lembram mais uma operária de fábrica.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: prova de amor

Crônicas de um pai: prova de amor

Maria me ama, não tenho mais dúvida a respeito. O grude com a mãe não mudou, no entanto, posso ficar tranquilo e certo do afeto de minha filha. Dias atrás, Maria estava adoentada, estava febril e incomodada. Apesar do desconforto mamou e agora reclamava de sono, não era possível oferecer-lhe o meu colo eu dirigia. O resmungo de sono deu lugar ao primeiro choro, aquele choro leve que ainda guarda o resmungo mas não traz lágrimas. Foi aí que me vi em uma situação limite, daquelas que exigem solução corajosa. Eu cantei para ela.

Quando criança adorava cantar, os dias longos sem sol me fizeram calar. A falta de prática e a timidez operaram o resto. Hoje, sou um péssimo cantor, desafino e não tenho ritmo. Meu metrônomo interno tem a precisão e o andamento de uma árvore sob o efeito de uma tempestade tropical. Irregular e indefinido.

Cantei para ela. O cenho franzido de Maria poderia sugerir que ela não apreciava a barbárie que lhe chegava aos ouvidos. Seria a febre que causava alucinações ou o seu pai cantava aos tropeços?

Todavia, Maria adormeceu.

Fiquei a me perguntar se dormiu tranquilizada por meu gesto ou se de tédio para não me ouvir mais.

Tudo foi esclarecido logo mais, ao acordar Maria abriu o seu sorriso. Olhou-me e sorriu. Perdoou a minha falta de ritmo e de ouvido.

Grato, minha pequena!

ps. Se as redes sociais que tudo querem tornar público trouxerem imagens de motoristas dançando e cantando ao volante e, se por acaso, algumas imagens lembrarem do meu semblante de pai da Maria declaro que é montagem.

sábado, 26 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: amigdalite

Crônicas de um pai: amigdalite

Às vésperas de seu décimo mês os pais foram testados em seus forças. Longa jornada de cuidados e de hospital. Maria apresentou nas últimas horas quadro de febre. Há uma combinação de dentes e de inflamação das vias respiratórias que a comprometeu. Amígdalas e ouvidos dão sinais de que algo não vai bem.
Estávamos longe de casa e de nossa filha quando fomos chamados pelo berçário, Maria não estava bem. Pediam autorização para medicá-la. Cruzar a cidade para ir ao encontro de nossa pequena nessas condições não é sentimento simples. Corre-se atrás do dia de sol, ele voltará, por ora, há que se viver com o céu nublado.
Recebê-la na sala de espera do berçário foi alentador. Maria sorria apesar de suas dores e febres, apesar de ter em sua face esquerda cinco grosseiros arranhões, que, segundo nos disseram foram feitos por outra criança do berçário.
Os olhos vermelhos da mãe só conseguiram dizer 'que dia' antes de abraçar o seu tesouro.
Estamos em casa, certos de que o céu sorrirá amanhã e deixaremos para trás o dia de hoje.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: do que precisa?

Crônicas de um pai: do que precisa?

Fralda? Venha, vamos trocar a fralda, logo o dia vai raiar.
Não chore, minha pequena.
Venha, façamos inalação. Ajudará a limpar a sua respiração.
Os dentes incomodam? Você está febril, vamos medicá-la. Ficará bem.
Fome? Mamãe está aqui para lhe amparar e beijar a sua cabecinha cabeluda enquanto mama.
Sente sono? Venha, vamos colocar o seu cobertor favorito no seu bebê conforto e relaxar.
Não chore, minha pequena!
Do que precisa? Deixe-me segurá-la junto ao meu peito.
Diga-me o que sente.
Venha, deite a sua cabeça em meu peito e durma. Durma o soninho da manhã.

(E eu posso tolamente crer que todo o roteiro da manhã foi redigido para chegar aqui)

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: o verbo do dia

Crônicas de um pai: o verbo do dia

Sentar-se. Agarrar-se às pernas dos pais. Levantar-se sem ajuda. Escalar sem medo. Retornar ao chão. Girar sobre o próprio eixo. Resmungar aos quatro ventos e cômodos. Abraçar o mundo. Preparar-se. Engatinhar sem destino. Descobrir a cadeira. Sentar-se no chão. Agarrar os pés da cadeira. Puxar a cadeira. Esperar para ouvir o que dizem a seu respeito. Voltar ao mundo próprio. Sorrir. Engatinhar. Insistir e convencer aos que a rodeiam de que tudo está bem e ficará ainda melhor. O mundo é um bom lugar para se estar quando você está nele!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: precisa-se de capacete

Crônicas de um pai: precisa-se de capacete

Precisa-se de capacete. Precisamos de um capacete que seja confortável e não dê vontade de tirar. (Explico-me: Maria gosta pouco de chapéus e tocas, prefere-os longe de sua cabeça, se os colocamos, dá um jeito de se livrar).

Capacete que ajude Maria a se orientar pela casa e previna quedas.

Capacete que lhe permita memorizar rotas e caminhos, brincadeiras e objetos desconhecidos, perigos e zonas interditadas.

Capacete que antecipe os seus movimentos e lhe avise dos riscos de engatinhar e escalar.

Capacete que lhe permita ouvir as canções que são do seu agrado e deixem os pais tranquilos a respeito da qualidade daquilo que ela ouve e cantarola.

Capacete que a impeça de se machucar em um mundo de cadeiras e mesas.

(Pensando bem, queremos de três capacetes)

Crônicas de um pai: folhear um livro

Crônicas de um pai: folhear um livro

Sentada em meu colo, Maria estende as mãos para o livro próprio à sua idade. Ela sabe que depois da página há outra página. Busca pela folha seguinte. Estica os seus dedos pequenos para procurar, muitas vezes, as folhas chegam aos montes. "O que fazer? Vamos recomeçar, minha filha!"

As mãos cresceram e a coordenação esbanja habilidades. A mãe não se conforma a cada vez que seu bebê toma o pão ou a fruta de suas mãos para levar por si mesmo o seu alimento à boca bebê. Os olhos da mãe ficam molhados ao entrever a menina Maria no bebê.

Não chegou aos 10 meses e já quer ficar de pé.

O relógio do bebê segue ligeiro.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: ninguém a segura

Crônicas de um pai: ninguém a segura

Nas últimas semanas o cabelo cresceu, Maria ao nascer ostentava uma linda cabeleira, ao longo das semanas perdeu o primeiro charme para ganhar outros. Tudo mudou, os cabelos  estão voltando e dando feição menina ao nosso bebê.

Mais do que brincar e conversar sozinha, Maria agora canta a canção que aprendeu em sua escolinha. Canta e encena a canção aprendida. Quando Vany se deu conta de qual era a canção em virtude dos movimentos das mãos quase desmaiou de emoção. Cá estou eu buscando aprender a cantar para brincar com o meu bem.

Dias atrás Maria engatinhou para buscar uma bola, foi um feito. Ficou para trás, deixá-la ir ao chão significará que vamos correr ao seu lado salvando-a dos perigos domésticos. Ontem, ao voltar depois de minha jornada, ganhei sorrisos de mãe e filha. Como sempre, fui tomar o meu banho para ficar junto aos meus. Qual não foi a minha surpresa ao me dar conta que Maria engatinhara pela casa  procurar por mim e parou faceira em frente à porta do banheiro. A mãe a seguia e estava incrédula.

Maria redescobriu o meu colo e gostou. Ontem e hoje disse um categórico não ao bebê conforto. Falou que o soninho antes de partir rumo ao berçário seria junto ao peito do seu pai. Sinto-me alguém para a minha menina.

Roupas perdidas, mudanças de hábitos alimentares de uma hora para a outra, não é como ontem e não fazemos ideia do que está por vir.

Estamos aqui nada prontos, mas com toda a disposição do mundo para estarmos juntos na aventura.
(Assustados e felizes)

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: dormir em meu colo

Crônicas de um pai: dormir em meu colo

Tempos não dormia em meu colo, dormir, adormecer abandonada em um abraço era privilégio da mãe. Hoje pela manhã, depois de mamar e ao fazer inalação deitada em seu bebê conforto julguei, honestamente, que faria como sempre, isto é, adormeceria. Não, você fez diferente, resmungou e disse que não desejava o bebê conforto. Eu a levantei e a trouxe para junto de meu peito, fui surpreendido pelos seus movimentos que indicavam que você buscava uma posição para aninhar-se. Pronto, estava colada e logo o sono a abraçou. Fiquei encantado, afinal, não me lembrava mais do que era niná-la.


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: vacinação, sexta última

Crônicas de um pai: vacinação, sexta última

Na sexta que passou, levamos Maria Luíza para tomar vacina contra a meningite. Trata-se de vacina distinta daquela já tomada por ela em postos de saúde, é uma variação que ainda não é oferecida pelo sistema de saúde público. Lá fomos nós, fazia frio na tarde de sexta. Surpreendo-me com Maria, abriu o berreiro durante uns poucos segundos e, logo depois, estava serelepe e disposta. Disse que nos perdoava por levá-la a tão chato lugar desde que eu  e a mãe brincássemos no tapete de nossa casa ao lado dela até o sono chegar.

(sexta-feira, dia de comer esfihas!)

Crônicas de um pai: um, dois, três, quatro, cinco, seis....sete dentes

Crônicas de um pai: um, dois, três, quatro, cinco, seis....sete dentes

Os dentes nascem e deixam minha pequena inquieta. Ela sofre as dores do nascimento e pede ajuda (da mãe, é claro!)

Crônicas de um pai: Maria aprendeu a cantar (e eu, também)

Crônicas de um pai: Maria aprendeu a cantar (e eu, também)

Sábado último era dia de ir ao mercado. No banco de trás, Maria cantarolava e brincava com a sua mão no colo da mãe. De repente Vany acreditou reconhecer o gesto feito pela filha, acreditou que sabia qual era a canção que ela balbuciava feliz enquanto buscava olhar pela janela do carro.

Vany cantarolou a canção infantil e para sua emoção Maria reagiu de forma positiva. Sim, Maria brincava de cantar a canção que aprendeu. Agora, mãe e filha brincam e cantam. Confesso que estou perplexo. Elas que me ensinaram a sorrir, vão me ensinar a cantar.

beijo, Vany!

beijo, filha!

Crônicas de um pai: Siri não entendeu ainda

Crônicas de um pai: Siri não entendeu ainda

(Maria Luíza) bababá!

(Siri) Me desculpe, não entendi o que deseja.

(Maria Luíza) babababá!

(Siri) Sim, agora entendi. Você deseja mamão, já vou procurá-lo.

ps. O diálogo é quase verdadeiro, a diferença única está no banho sem fim que Siri levou, até agora ela tenta desvendar o que a usuária bebê deseja.

Crônicas de um pai: dia dos pais 2

Crônicas de um pai: dia dos pais 2

A memória traz à tona os dias em que eu era o filho do Sr. Pedro. (Eu tenho um pai, sou um filho). Eu o vejo ainda uma vez e lhe apresento a neta que não conheceu em vida. Ele chora, chora a sua vida e a sua neta.

Eu sou pai, sou pai de Maria Luíza. Ela sorri desperta e feliz, eu lhe retribuo o carinho e procuro lhe mostrar como tenho aprendido a sorrir com ela.

Eu sou esposo da Vany. Ela chora feliz, chora como mulher realizada e como mamãe no meu primeiro dia dos pais.

Grato por tudo,

Grato pela bênção da vida!

Crônicas de um pai: falar mamã (no dia dos Pais)

Crônicas de um pai: falar mamã (no dia dos Pais)

Maria conversa e conversa. Eu lhe digo o que está a acontecer e o que faço. Algum dia as palavras brotarão aos montes e ela não irá parar mais. Imagino-me partindo e desde já busco levar comigo o som de sua voz a tagarelar enquanto agarra o meu rosto.

No domingo dia dos Pais, a tagarelice da vez é o mamã que Maria usa para chamar o colo de sua mãe.

Crônicas de um pai: engatinhar

Crônicas de um pai: engatinhar

A semana que passou nos trouxe Maria engatinhando, agora, para frente. Ela já fazia das duas, engatinhava para trás, escalava o sofá partindo do tapete, realizava o seu espetáculo olímpico no solo com graça e sincronia. Engatinhar para frente não constava do repertório e da coreografia.

Maria e a mãe estavam sozinhas em casa, eu retornava da minha jornada. Vany me ligou para dar notícia do acontecido, ela estava emocionada, chorava ao telefone ao dizer que o seu bebê engatinhara para pegar uma bola. (não era uma bola, mas sim o relâmpago macqueen)

A alegria dos pais está ali, na habilidade adquirida por uma menina que balbucia fonemas como se cantasse.

Ninguém a segura!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: a mamadeira perdida (o que dizem os sinais)

Crônicas de um pai: a mamadeira perdida (o que dizem os sinais)

Acreditamos que mudanças de hábito estão a caminho, a alimentação e as horas de sono parecem não ser mais as mesmas. A mamadeira parece perdida, aos poucos, Maria Luíza a recusa. O berçário acusa na agenda todas as vezes nas quais ela disse que não queria tomar mamadeira. Por outro lado, legumes, frutas e sucos são aguardados com carinho e de boca escancarada. Em casa Maria aceita a mamadeira pela manhã, depois da saída da mãe para o trabalho, no mais, ela a recusa.
As horas de sono foram prolongadas, ela dorme mais cedo, no entanto ainda acorda diversas vezes durante a noite e a madrugada.
Entre a mamadeira perdida e o sono prolongado cá estamos, pai e mãe a tentar entender o que dizem os sinais.

Crônicas de um pai: vida de índio

Crônicas de um pai: vida de índio

Vany ficou irritada, muito irritada. Ela não se conforma com uma menina que não aprecia sapatos. "Como assim? Temos lindos pares para que ela os use e ela insiste em tirar todos no mesmo instante. Parece uma indiazinha a andar descalça a minha filha".
Dou-me conta que apesar do tamanho Maria é um bebê, um bebê que deseja ganhar o chão. As últimas semanas nos mostraram o que são meias encardidas de tanto palmilhar o planeta.
Confesso - que Vany não me leia - que fico orgulhoso. Maria esquadrinha o seu mundo, percorre-o e se suja. Calças e meias pedem dose extra de sabão.
Sou o feliz pai de um bebê travesso e sorridente.
Minha vida cabe dentro daquela mão que busca pelo meu rosto e que aperta o meu nariz. Estou ali, nada mais.

A bênção da vida em meus braços!

Agradeço (minha prece)

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: sou pai

Crônicas de um pai: sou pai

sou pai, tenho uma filha
sou pai, tenho uma filha
sou pai, tenho uma filha

vivo a repetir para mim mesmo,
meu mantra, meu destino
minha filha

como se não bastasse, pela manhã, ao deixar Maria Luíza
no berçário fiquei a buscar no quadro de entrada da escola
o boneco de super-herói feito pelas berçaristas a partir
da mão molhada de tinta de cada uma das crianças.

estava lá aquela mãozinha molhada de tinta de minha Maria
e a partir dela
o desenho de uma mulher-maravilha...!!!

Feliz Dia dos Pais!
Feliz menina Luíza!
Feliz mulher-maravilha Vany!

Crônicas de um pai: a troca de fraldas

Crônicas de um pai: a troca de fraldas

Se já era difícil trocar a fralda de minha filha, hoje, tudo piorou....
Sou o responsável pela primeira troca do dia, aquela da fralda cheia, até aí nada demais.
O drama começou quando à medida que Maria crescia o espaço do trocador tornou-se pequeno para a sua personalidade e sagacidade. Contê-la dentro do espaço, evitar que ela virasse de um lado o outro era tarefa impossível. Acreditava honestamente que o cenário de dificuldades não pioraria, enganei-me completamente.
À rotação dos quadris, Maria Luíza, pela manhã, mostrou-me que agora pode fazer mais e melhor: sentou-se. Forçou-me a concluir a troca de fraldas e de roupa com ela sentada.
Confesso que não estou preparado para tantas mudanças, minha filha não para de causar surpresas, ótimas surpresas.

beijo molhado, filha!

Crônicas de um pai: fotografias

Crônicas de um pai: fotografias

As fotografias me dizem quem ela já não é. Outra eu vejo agora, ainda que o mesmo bebê que sonhamos acalentar, ainda que o mesmo das fotografias, Maria Luíza é uma menina. Diferente em tudo, semelhante em tudo.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: calçar o tênis, tutorial

Crônicas de um pai: calçar o tênis, tutorial

Cena 1 (única)
Interior de uma casa, quarto de bebê

Pai e mãe têm nas mãos um par de tênis que procuram calçar no bebê

Diálogo entre os pais
(Mãe) Filha, ajude a mamãe! Endireite o pé, faça assim!! Isso, isso mesmo, obrigada meu amor!! Não, filha!! Não é para morder o tênis !!

(Pai) Ela conseguiu tirar o pé esquerdo! Tem certeza que é o número dela!!

(Mãe) Arg!! Não me irrite, você não vai querer ver uma mãezinha brava com fome de chocolate...

(Pai) Pronto!! Conseguimos calçá-la em apenas 10 minutos.....melhoramos a marca...

(Mãe) Eu sabia que conseguiríamos. Eu sempre soube. Nossa filha já sabe quem manda aqui!

A câmera fecha no rosto dos pais que se entreolham admirados e orgulhosos.
A câmera corta para o bebê que franze o cenho e traz para junto de si o pé calçado, alcança o velcro do tênis e o solta. Passo seguinte fricciona ambos os pés calçados e, assim, livra-se do tênis. Não leva sequer 10 segundos.
Câmera corta para os pais que mal se olham, incrédulos e mudos.

Diálogo dos Pais

(Pai) É !! Ficou mais bonita!! Ops, estou atrasado !!
(Mãe) Atrasado? Como assim?! Volte aqui não terminamos1

 - A câmera corta para o bebê que está a devorar o bico do seu tênis novo. Sorri feliz e agradece o mordedor que ganhou.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: fome de tudo

Crônicas de um pai: fome de tudo

Nada lhe escapa, todos os pratos, xícaras, canecas estão em seu campo de interesse. Janta, come a sua fruta de sobremesa e, passo seguinte, passa a beliscar a refeição dos pais.
Maria não gosta que usem o processador para preparar a sua comida, ela deseja pedaços e porções generosas. O seu ritual já é conhecido: faz a sua careta como quem se pergunta 'o que é isso?', sugere com os olhos que rejeitará o que lhe oferecem e, em seguida, abre a boca para comer mais. Maria Luíza aprende a saborear e a escolher.
Houve, até hoje, apenas a rejeição à beterraba cozida (cá entre nós, não é fácil comer aquilo), no mais, ela come de tudo até mesmo frutas com casca. Se não lhe dão o que pede os resmungos serão insistentes.
Ela sorri satisfeita e feliz.

Crônicas de um pai: o tapete colorido de Maria Luíza

Crônicas de um pai: o tapete colorido de Maria Luíza

Outrora, Maria ficava entretida em seu tapete colorido. Os brinquedos que estavam ao alcance de suas pequenas mãos lhe bastavam e eram tudo. A área do tapete, agora, é redesenhada constantemente. À lista que tinha trenzinho e bola, bonecos e móbile foi reescrita. Há o mouse do computador, as sandálias da mãe, a tampa da panela - e a panela, também - o vaso de plantas, o copo de vidro, a xícara...a lista não tem fim, afinal, tudo, absolutamente tudo que está em seu campo de visão lhe interessa. Fascinante acompanhar cada descoberta, perceber a maneira atenta e cuidadosa como Maria Luíza observa cada um dos objetos. Ela deseja saber o que são, quer balançá-los acima de sua cabeça e, muitas vezes, aprender o som que fazem, tudo é lúdico.
As frutas, também, são lúdicas em seu universo. Todavia, há aqui uma lista de cuidados. Até dias atrás Maria poderia brincar com a maça e a laranja, a natureza da fruta, a cor e o formato eram novas caras que o mundo tinha. Agora, visto que aprendeu que são frutas, são comidas, o apetite de nossa princesinha não se furta a mordidas generosas. A laranja nas mãos de Maria está a pedir para ser mordida e, mesmo com casca, ela abocanha a fruta que lhe sorri. Os cuidados são redobrados, o tapete colorido, lembra aquele Tejo que de tão grande permitia que se descobrisse o mundo interior sem sair de casa.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: o meu primeiro Dia dos Pais (o Dia)

Crônicas de um pai: o meu primeiro Dia dos Pais ( o Dia)

A escolinha mandou recados para a mãe, precisavam de não sei o quê do pai. Sim, assim, mesmo, a mãe decidiu que guardaria segredo, diz desdizendo e eu fico a ver navios.
Maria vive a resmungar comigo, ela está na fase em que a mãe é tudo. Lembra-se de mim apenas umas poucas vezes, no mais tudo passa por Vany.
É fato que Maria não tem idade, certamente não se lembrará do seu primeiro Dia dos Pais. Eu jamais esquecerei.
Olharei em seus olhos e agradecerei a sua presença em minha vida, ela virará para o lado a buscar pela sua mãe.
Eu a abraçarei e lembrarei de minha vida e de meus pais, intimamente apresentarei a neta que lhes dei; Maria insistirá que não deseja ficar no colo, quer ganhar o tapete e depois o cômodo que está além da porta.
Eu a erguerei acima de minha cabeça pedindo que abra as braços e estique as pernas para que possa dar o seu primeiro voo, Maria insistirá em sorrir, nada de voar, apenas sorrir como se todo o seu mundo estivesse ali.
Eu me voltarei para a mãe que insiste em colecionar lágrimas de alegrias e Maria resmungará dizendo que está farta de ficar no sofá e deseja caminhar; dirá em sua linguagem que engatinha para trás e quer que nos a conduzamos para frente.
Ela não se lembrará de nada disso, não se lembrará do primeiro Dia dos Pais, ela só quer ser e sorrir, comer e acarinhar à sua maneira frágil e doce, ranheta e encantadora.
Eu me lembrarei, insistirei com minhas memórias para nada perder do Dia que Maria ainda não conhece.

beijo, feliz Dia!

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: cachos de rosas brancas

Crônicas de um pai: cachos de rosas brancas

O tempo de Maria é o tempo dos cachos de rosas brancas, nunca a roseira da entrada ofereceu tantas flores e por tanto tempo. As rosas se multiplicam e se renovam de forma contínua. Perfumadas não podem mais ser colocadas entre as mãos de Maria Luíza, tememos que ela volte a comê-las.
'Tão bonitas e gostosas, papai!'

Crônicas de um pai: divagações de Maria Luíza

Crônicas de um pai: divagações de Maria Luíza

Os olhos vivos, a articulação ritmada da fala de bebê, o rosto virando-se em um gesto de timidez e de charme. Ela está ali, está pronta, vivaz e tagarela, simpática e feliz.
(O que ela pensa a respeito do seu mundo?)

Crônicas de um pai: a coxinha de frango

Crônicas de um pai: a coxinha de frango

Os dias correm e as pequenas artes rendem boas risadas. Dona Vany saboreava uma coxinha de frango e levava no colo a nossa pequena Maria. Nada de oferecer a iguaria, afinal bebês não comem coxinhas de frango, se a nossa pediatra ouvir que a sua paciente provou do salgado estaremos em maus lençóis. Maria observava os movimentos da mão de sua mãe, coxinha para cá e para lá, e, aproveitando-se de um descuido abocanhou a coxinha. Tarde demais! Lá se foi um naco generoso. Bem, já que comecei é melhor confessar tudo e dizer que não podemos deixar guardanapo de papel sobre a mesa, Maria adora rasgá-los e...mastigá-los.
A lista de pratos favoritos não para de crescer, bem como a de inusitados e de impossíveis.

Crônicas de um pai: do berçário 1 ao berçário 2

Crônicas de um pai: do berçário 1 ao berçário 2



Decisão nada fácil a de deixar um filho em um berçário, no entanto, não havia maneira. A sociedade moderna inventou a separação da família. Aqui estamos. Agora o berçário avisa que Maria mudará de turma, ela cresceu e passará ao berçário 2. Como assim? Senta-se sozinha e deixou de lado o apoio para as costas. Cresceu e pronto, cresceu e abandonou hábitos e jeitos de recém-nascido. Dizem que é lactente de quase 10 meses a minha Maria Luíza. Eu fico a olhar a minha filha, acaricio a sua cabeça cada vez mais cabeluda e penso que em breve será uma menina.

Melhor não pensar nisso e aproveitar que por ora será apenas uma mudança de berçário 1 para o 2.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crônicas de um pai: brincar a três

Crônicas de um pai: brincar a três

Lembro-me de que andar de bicicleta era bom, era muito bom. Sou capaz de sentir o gosto e o prazer das pedaladas e de ver o quarteirão ficar para trás. Hoje, a bicicleta dos dias de menino já não existe mais, a grande brincadeira é a três. Sentar-se no chão ou na grama e conversar, brincar de família. Rolar no tapete e puxar um trenzinho, beijar os dedos dos pés de Maria até a estrondosa gargalhada. Abraçar Vany e a filha ao mesmo tempo.

Crônicas de um pai: de repente, mãe!

Crônicas de um pai: de repente, mãe!

Vany aniversariou com uma criança em seus braços. Exibiu-a orgulhosa e generosa. No ano passado desfilava com a filha ainda em seu ventre, agora, Maria Luíza mostra-se ao mundo, escancara as suas vontades, descobre e inventa o seu mundo de criança. Vany e a filha aniversariam, cresceram, estão mais bonitas do que quando chegaram. Estão aqui! Sou um pai mais velho e menos rabugento, mais feliz e grato pela chance sem par de viver tudo isso.

(o mundo é bom!)

Feliz Aniversário, Vany!

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Crônicas de um pai: tutorial de fita de cabelo

Crônicas de um pai: tutorial de fita de cabelo

Ao nascer Maria exibia cabelo ralo ralo de recém-nascido, com o passar dos dias os poucos cabelos foram caindo e caindo. Aos 9 meses eles voltaram, crescem e criam formas, dão charme ao semblante de minha pequena. Já estou a procurar tutoriais de fita de cabelo, Vany está brava desde o episódio Masterchef...

Crônicas de um pai: a estação das peras chegou

Crônicas de um pai: a estação das peras chegou

Não sei se é época de peras, só sei que em nossa casa o mamão foi abandonado e a fruta da vez é a pera. Se antes Maria devorava um mamão sozinha sem nenhuma dificuldade, agora, a pera a satisfaz.
Ela abre bem a boca bebê e morde - arranca - nacos generosos da polpa. Confesso que eu e a mãe ficamos apreensivos com o tamanho dos pedaços, afinal, um quarto da fruta não precisa de  mais do que 5 abocanhadas.
'Mastigue bem, filha! Não tenha pressa, temos todo o tempo do mundo!'

Crônicas de um pai: Masterchef Santana

Crônicas de um pai: Masterchef Santana

Foi mais ou menos assim: Dona Vany, fã de carteirinha de programas de culinária, esmerou-se ao preparar a papinha do dia. Nada de tompêros, nada de combinar abobrinha e frutos da estação, apenas legumes cozidos e processados. Maria andava arredia para se alimentar, os dentes deixavam a sua boca bebê sensível. Aceitou uma colherada, aquela que lhe diz o que estão a lhe oferecer, pegou outra ainda para ter certeza do paladar. Pronto! Bastava, não queria mais nada! Os pais pensaram que eram os dentes, a sensibilidade da gengiva a impedia de comer direito. Pois bem, vamos mamar!

O pai se pôs a descascar as batatas para o purê enquanto a filha mamava, o jantar dos pais ainda não estava pronto. Maria, a encantadora, deixou a mamadeira e buscou as cascas. A mãe não queria acreditar que o seu bebê desejava brincar e morder cascas de batata, sentiu o desprestígio de sua cozinha, apelou ao dizer que a temperatura das cascas de batata estavam a aliviar a gengiva de Maria.

Não houve choro, Vany irá para a prova de eliminação e eu para o mezanino.

Grato, filha!

ps. Eeeeeeeeeba!!

terça-feira, 25 de julho de 2017

Crônicas de um pai: notícia da rede...Beyoncé

Crônicas de um pai: notícia da rede...Beyoncé

Enquanto escrevia Vany navegava pela rede e leu que B. teria contratado 18 funcionários para cuidar de seu casal de gêmeos...Sim, não tenho nada a ver com isso e sequer sei se é verdade, no entanto, dá vontade de rir. Maria Luíza tem a seu dispor um reino inteiro.

beijo, filha!

Crônicas de um pai: a estrada do vinho de São Roque

Crônicas ide um pai: a estrada do vinho de São Roque

Era uma viagem daquelas em que se deixa de olhar para a estrada e procura-se pelo entorno, por aquilo que está além do asfalto e do cascalho. Ao longe uma enorme locomotiva surge, ela marcha em sentido contrário ao nosso. Reluzente e cromada leva uma composição que parece não ter fim. Nós a deixamos para trás e seguimos a estrada do vinho que nos levará à chácara de Ricardo e Cida. Ouvimos ainda o apito do comboio ao tempo em que passamos por um sem número de vinícolas.
São Roque, do vinho e da alcochofra, agora é, sobretudo, o recanto do generoso casal amigo que nos recebeu e compartilhou um pouco do seu paraíso. Nossa Maria descobriu o pé de goiaba e as flores do pessegueiro. Horas encantadoras que nos fizeram ter certeza do sentido da palavra generosidade.

grato Ricardo e Cida!!

Crônicas de um pai: 9 meses

Crônicas de um pai: 9 meses

Chegamos aos primeiros 9 meses (9 + 9 = 18) de nossa nova vida. Maria Luíza Petruz deu-me o prazer de passar longos minutos brincando comigo. Tempos não deixava o colo de sua mãe, todavia, hoje, lembrou-se de mim. O estojo de canetas coloridas da mãe foi ao chão, ficou esparramado aos pés de nossa filha. O tapete ficou colorido com as canetas e o trenzinho vermelho, laranja e azul. O desconforto provocado pelo nascimento dos dentes nos deu uma trégua.
Dia 25 de julho, dia de São Tiago, trouxe de volta o abraço de minha filha. Ela passa cada vez mais tempo querendo o chão, torna-se uma exploradora habilidosa que vive o encantamento da descoberta. À tarde mostrei-lhe como capturar a névoa criada pelo umidificador de ar. Entre o cenho franzido da dúvida e sorriso alegre do fascínio estava minha Maria.
Dona Vany cresceu, de igual maneira, ganhou ares de mulher e soube conservar a honesta capacidade de sorrir. Mãe e filha aniversariam, há muito a comemorar!

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Crônicas de um pai: a mãe e a filha

Crônicas de um pai: a mãe e a filha (ou a dor dente)

Mãe e filha estão juntas de uma maneira que cabe ao pai apenas observar. Maria está às voltas com o nascimento de dentes, significa que tem febre e alimenta-se com dificuldade. Nessas horas de aflição Maria deseja e precisa da mãe. Ela ficará aos prantos em meu colo e ao ver a mãe se aproximar ela suspirará aliviada. Mãe e filha estão juntas de uma maneira que não me cabe atrapalhar, confesso que fico desconcertado, fico a ver navios, sou o pai que deseja acalentar e nada pode lhe oferecer, Maria deseja a sua mãe.
Lembro-me da primeira vez que tive minha filha em meus braços na sala de cirurgia, Maria Luíza chorava alto. Ela estava embrulhada, parecia antes um bicho-da-seda vestido de azul. Eu a tomei em meus braços, de olhos fechados Maria insistia em chorar, aproximei o seu rosto bebê de sua mãe. Elas se viam pela primeira vez, mas elas se conheciam, eram a mesma menina. Maria, ainda de olhos fechados, parou de chorar e a mãe começou.

ps. vou-me embora prá pasárgada!

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Crônicas de um pai: o fusca 1300L de Maria Luíza

Crônicas de um pai: o fusca 1300L de Maria Luíza

Ainda que com meses de atraso cumpri minha promessa, o fusca 1300L bege alabastro voltou a funcionar e a rodar. Pneus recuperados, mangueiras trocadas e o pequeno barulhento voltou a rugir. Maria olhou curiosa para tanta confusão e sorriu quando ele começou a se movimentar. O motor boxer de 40 anos, em breve, será retificado, por ora, ele nos permitirá levar Maria para um passeio no quarteirão e, logo mais, para uma exposição!
(por ora, levarei Vany para uma aventura na sorveteria!)

Crônicas de um pai: o berço foi transformado

Crônicas de um pai: o berço foi transformado

Ano passado, no dia 8 de setembro, o berço ficou pronto, faltavam 7 semanas para a chegada de nossa filha. O berço foi retirado de suas caixas e montado no quarto de Maria Luíza; nas semanas seguintes, eu e Vany, muitas vezes ao longo do dia visitávamos o quarto para namorar o berço, pois bem, ontem, dia 18 de julho, o dito berço foi reconfigurado...o estrado do colchão desceu alguns centímetros e, agora, está próximo ao chão. A disposição anterior já oferecia riscos, Maria se senta com facilidade e descobriu que os protetores laterais são ótimos para se apoiar e, assim, ganhar as grades. Maria aprendeu a escalar.
Não sei se será suficiente, talvez se eu aumentar as grandes em aproximadamente 200 centímetros eu e Vany possamos dormir tranquilos.

beijo, filha!

Crônicas de um pai: Castelo Rá-tim-bum

Crônicas de um pai: Castelo Rá-tim-bum

Mãe e filha eufóricas. Dona Vany empolgada por visitar o Castelo que embalou a sua meninice, a filha por passear. Eu me divertia com a reação das duas, a felicidade de cada reencontro e de cada descoberta. Minha Maria começou a se divertir já na fila quando puxou conversa com um jovem casal. Maria parece ter se encantado com a jovem que usava maquiagem escura e piercing.
De todos os lugares, de todos os cômodos gostei da biblioteca, Maria deixou-se fotografar em meu colo e buscou com os seus dedos pequenos dedilhar as lombadas de dicionários e enciclopédias.
Olha lá, Vany! A Coruja Adelaide!!




segunda-feira, 17 de julho de 2017

Crônicas de um pai: voar

Crônicas de um pai: voar

Maria Luíza repassa os instrumentos de voo e se diz preparada para a viagem que a levará em busca de outro sistema planetário. Eu a ajudo a conferir ainda uma vez mais. Não pode haver erro ou falha.
A espaçonave se ergue e a viagem começa. Mal engatinhava e ganha o céu aberto. Eu, orgulhoso ajudo a mãe a chorar.
Nossa Maria Luíza foi buscar o raio de luz que ainda bebê a chamou para brincar.

beijo molhado, filha!

Crônicas de um pai: ainda ontem

Crônicas de um pai: ainda ontem

Ainda ontem a troca de fraldas foi um desafio, hoje, desafio maior. Ainda ontem Maria tentava se sentar enquanto eu a trocava, hoje, ela se senta, assim mesmo, entre um movimento e outro, lá vai a pequena grande Maria Luíza se sentar para fazer o que deseja. 'Papai, onde está a minha caixa de lenços ?'

ps. como se trocam as fraldas de uma mocinha que não fica mais deitada?

Crônicas de um pai: o detalhe

Crônicas de um pai: o detalhe

Há no tapete um fio, um fio perdido. Não, não está mais perdido, Maria Luíza o encontrou e procura trazê-lo para perto de si. Segura-o e tenta entendê-lo.
Há sobre a mesa de refeições uma migalha perdida. Não, não está mais perdida, Maria Luíza a encontrou e deseja saber o que é, quem a deixou para trás.
Quem a ensinou a perceber que isso destoa?
Quem chamou a sua atenção para o detalhe, para o pequeno?

ps. ela ainda vai estudar História da Arte na Itália

Crônicas de um pai: se está no colo

Crônicas de um pai: se está no colo

Funciona assim: se Maria está no colo, o chão a chama, quer se sentar, rolar no tapete e caminhar na ponta dos pés; se está no chão, chora o colo, quer se deslocar, lançar os olhos para além da porta do seu quarto nos braços de quem ama.
Assim são dias de uma garotinha que quer tudo (ao mesmo tempo), coisas do crescimento.

Crônicas de um pai: os sapatos vermelhos

Crônicas de um pai: os sapatos vermelhos

'Meu querido diário: conheci o galinheiro - a casa das galinhas - e usei os meus sapatos vermelhos. Queria mostrá-los para a dona galinha, mas ela estava entretida por demais ciscando e ciscando. Ela tinha muitos filhos,  todos barulhentos e muito apressados. Depressa, papai! Quero ver o galo de perto'

Crônicas de um pai: a primeira palavra

Crônicas de um pai: a primeira palavra

Nos últimos meses, Maria dedica-se a treinos longos e exaustivos para falar. A sintaxe e o léxico já estão lá, ou quase. Ontem, elétrica ainda com as experiências em uma chácara, Maria reclamava de fome e ao me ver preparando a sua mamadeira exclamou 'tetê', que é como Dona Vany ensinou-a a chamar pelo leite de lata. Maria falou e repetiu para que não houvesse suspeita a respeito da etapa em que vive. Como se isso já não bastasse, me deixou desconcertado quando não apenas segurou a sua mamadeira, mas começou a brincar com o bico. Ela mamava segurando sozinha, retirava a mamadeira da boca, mexia no bico e, depois, tronava a levá-lo à boca. Não consegui continuar a contar depois que Maria Luíza fez isso pela terceira vez.

Crônicas de um pai: alhures

Crônicas de um pai: alhures

Em algum lugar entre Taubaté e Ubatuba há um estrada perdida, frequentada por tratores e de quando em quando por carros cujos sistemas de navegação não funcionam mais (não há sinal). Ali há uma chácara comandada pela Dona Constância. Anfitriã sem igual e cujo doce de goiaba quase me fez desistir de voltar para casa.
Maria aprendeu que a vaca é um animal grande, muito maior do que aquele que está em seu livro de ilustrações. Aprendeu que o galinheiro é a casa das galinhas, degustou mexerica colhida pela mãe e que acordar cedo, a despeito do que os pais vivem a lhe dizer, é sim a melhor política para um dia de diversões sem fim.
(O pai ficou boquiaberto com a corrida de gaiolas)

Feliz Aniversário Artur e Alice!
(grato pela generosa acolhida e pela paçoca de pilão)

Crônicas de um pai: ninar-se

Crônicas de um pai: ninar-se

Trago minha filha para junto do meu peito, desejo abraçá-la, segredar ao seu ouvido o que sei do mundo e das pessoas. Acreditava que fazia isso para acalentá-la e prepará-la, de fato, hoje, não sei quem está ninando quem.

beijo, Maria!
beijo molhado, minha filha!

Crônicas de um pai: o tchau de Maria

Crônicas de um pai: o tchau de Maria

Ela aprendeu a dar tchau, no entanto, o tchau de Maria serve para mais de uma ocasião. Quando chegamos ou partimos ou quando eu me aproximo dela para lhe dar bom dia e tomá-la em meus braços, dito de outra forma, para qualquer situação na qual se peça a sua opinião e o seu parecer. Maria estica a sua mão e se põe a acenar.
Nem mesmo a princesa de um reino esquecido que treina horas a fio acena com tamanha elegância! O segredo,  Maria confessou-me, é estar inteira no gesto e, ao mesmo tempo, não se importar com isso e já se ocupar do assunto seguinte de sua pauta de reinações.

ps. bem-vinda, Maria!

Crônicas de um pai: Maria Luíza não sabe chorar

Crônicas de um pai: Maria Luíza não sabe chorar

Não é choro, é um resmungo. A sabedoria da tia Lídia definiu assim a sua sobrinha neta, Maria resmungava a ausência momentânea de sua mãe, parecia um choro sentido e sofrido, mas não havia lágrimas e ao se dar contar da volta de sua mãe, Maria explodia de contentamento. Minha tia está certa, Maria não sabe chorar, mas reclama, reclama como ninguém. E, tal como tia Lídia também observou Maria sabe brincar, diverte-se sozinha e encontra nos objetos algo para fazer, que o diga a Nossa Senhora Aparecida feita de cabaça e o pires no qual o café foi servido, ambos a ajudaram a mostrar o que ela já sabia fazer.

Crônicas de um pai: não controlamos nada

Crônicas de um pai: não controlamos nada

Planejar, decidir, organizar, desenhar, rascunhar, esperar, aguardar e criar. Não, não tenho o leme. Não me refiro aos contratempos típicos da vida de uma casa na qual há uma criança de 9 meses. Refiro-me à certeza de que a vida que levamos é decidida por outras mãos e destinos. Há uma vontade que transcende e enfeixa os fios disponíveis, tece a trama.
Minha razão é pequena para alcançar os sinais, há que se dar linha para que o coração faça o que precisa ser feito.

Crônicas de um pai: a tia-avó de Maria

Crônicas de um pai: a tia-avó de Maria

Ela  cuidava das plantas da entrada de sua casa quando chegamos. Durante alguns instantes fiquei a observá-la, lembrava das aventuras das três Marias tantas vezes contada pela minha mãe. Três irmãs, três jovens solteiras que viviam as suas parcerias e cumplicidades, três filhas de imigrantes árabes que contam mais de um século em terras brasileiras. Missa no Mosteiro de São Bento, uma sessão de cinema após a outra, passeio para saber o que as vitrinas estão a expor de novidades. Era um outro tempo, a distante São Paulo dos anos 40 e 50 aos pés das três irmãs. As histórias de minha mãe tinham enredos simples, no entanto, ela era boa para dar ao seu ouvinte o andamento, o tom da situação. Oitivas que levo comigo e nas quais conheci os meus avós e casa de Piraju. (Hoje ao me lembrar da maneira de minha mãe contar histórias percebo que os vazios de suas narrativas estavam lá para fisgar e sustentar a atenção de seu ouvinte)
 Lá estava a minha tia, a última das três Marias. Eu me encontrava com a minha mãe uma vez mais. Despertei ao ouvir Vany me perguntado se estava bem. 'Sim, estou!' Meu primou surgiu junto à porta e chamou a atenção de minha tia para a nossa chegada. 'Deus do céu, tempos queria estar aqui!' Aos poucos a casa se encheu, logo minha prima e as filhas chegaram e a pequena Maria começou a fazer das suas, passeava de colo em colo e mostrava a todos o seu sorriso bebê de cinco dentes. Ninguém ficou sem se sentir acarinhado. Reunião de família, reunião de retratos de família - novos e antigos - todos ali.
Grato tia Lídia!
Grato Sandra e Fábio!
Grato Giovana e Bianca!
Grato Vany e Maria!
(Gonçalves e Abdalla, Saliba e Montemurro)