sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Crônicas de um pai: despedir-se

Crônicas de um pai: despedir-se

As feições de Maria são reveladoras. Combinadas ao seu silêncio ou à sua linguagem expressam o seu estado de espírito. Instantes atrás eu a deixei no berçário. A berçarista a recebeu generosa, Maria voltou seus olhos castanhos para mim com ar de quem não me perdoava por deixá-la. A menina que balançava os pés de contentamento quando eu a coloquei no carro na saída para o berçário, agora revelava o seu desconforto.

Eu lhe disse que era sexta é estaríamos juntos no final de semana, mas não houve conversa.

Tenho certeza que ela ficará bem, que brincará com todos e voltará a sorrir.

Tenho certeza que, logo mais, ao voltar para casa ela abrirá o seu sorriso de oito dentes e apertará seus olhos castanhos para me receber. Esticará os seus braços para buscar pelo meu beijo. Depois de festejar minha volta me dará as costas a buscar pela mãe como quem diz 'não me esqueci do que fez, mas seja bem-vindo'.

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