quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: quando a mãe e a filha dormem

Crônicas de um pai: quando a mãe e a filha dormem

Fico a ouvir a respiração, crente de que estão bem. Ambas guardam o segredo da remissão da dor. São uma só carne, dois corações. O pai por mais que esteja próximo é outro, a carne é alheia. Fico a olhar as duas enquanto dormem. Beijo-as com ternura. Estou aqui.

Crônicas de um pai: de olhos fechados

Crônicas de um pai: de olhos fechados

É desta maneira que eu a busco, em silêncio sinto a barriguinha de Vany e deixo o bebê esticar as mãos. Mãe e filha conversam, falam de tudo e mais alguma coisa. De olhos fechados ouço a voz do Padre Camilo recebendo a todos de forma fraternal na Missa de sábado.
Pessoas queridas que partiram achegam-se aos bancos, estão todos lá. Eu os vejo em minhas saudades.

Crônicas de um pai: instalar luminárias

Crônicas de um pai: instalar luminárias

Terminei instantes atrás a instalação, a gravidez nos leva a acelerar consertos e refazer pinturas, a casa toda prepara-se para receber a sua nova moradora. Os regalos oferecidos são pequenas homenagens, por um lado, revitalizam nossa casa, por outro, povoam os espaços com novos objetos. A memória, aos poucos, deixa de lado a paisagem na qual vivia, repovoar os cantos e as paredes nos capacita a seguir em frente, seguir sob a inspiração de que não há retorno ao ontem. Agora, apenas o amanhã. As luminárias estão prontas, acesas e iluminando o novo espaço.

Crônicas de um pai: contar os dias

Crônicas de um pai: contar os dias

Aguardamos. Contamos o tempo.
A lua ligeira molha a terra.
Sorriso de criança que acaba de nascer.


Paralimpíadas: motivos para prestigiá-la

(Nimbus ganha novo colaborador, Raquel Daffre de Arroxellas. Ela nos fala sobre Jogos Paralímpicos e sociedade, respeito e dignidade)



Paralimpíadas: motivos para prestigiá-la

Sabe-se que na inclusão, todos possuem os mesmos direitos e acessos. Não existe a perfeição, pois sempre seremos bons em uma situação e ruins em outras. As Paralimpíadas reúnem somente os perfeitos! Sim! Pessoas com deficiência, mas perfeitos na habilidade esportiva que disputam.
Se tomarmos esta ótica, as Paralimpíadas não promovem a inclusão, pois se assim fosse, as pessoas com deficiência participariam dos mesmos jogos que as pessoas sem deficiência.
Então, em um mundo cada vez mais voltado para a inclusão, por qual razão devemos prestigiar as Paralimpíadas?
Darei aqui 3 motivos!
1
º) Para ver pessoas superando seus limites! Quem saltará mais alto? Quem correrá mais rápido? Quem marcará mais cestas? Independe de ter ou não deficiência, os super-homens e mulheres atletas são sempre uma inspiração para nós, meros mortais.
2º) Conhecer novas modalidades esportivas e, quem sabe, praticá-las! A bocha adaptada e o goalball são modalidades praticadas, no formato competitivo, apenas por pessoas com tetraplegia e deficiência visual, respectivamente. Por que não, ir ao parque com sua família para disputar uma partida de bocha adaptada em um sábado à tarde?
3º) Entender as capacidades para não julgar pelas limitações! Assistir as Paralimpíadas é uma excelente oportunidade de enxergar as pessoas com deficiência pela ótica do que elas são capazes de fazer e não pelo julgamento regado de sentimentalismo como “coitadinho, ele não anda”.

Assim, termino deixando um convite: Assistam às Paralimpíadas da mesma forma que assistiram às Olimpíadas! Torçam! Vibrem! Chorem! Entoem o hino nacional brasileiro! Porque o nosso BRASIL deve ser o Brasil de todos os BRASILEIROS!!!

(Por Raquel Daffre de Arroxellas)

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: o nome Maria

Crônicas de um pai: o nome Maria

Quando soubemos que seríamos pais de uma menina escolhemos o nome com relativa rapidez, eu desejava que fosse nome composto para que o primeiro nome de nossa filha fosse Maria. Nossa lista, de forma rápida, ficou limitada a três nomes: Maria de Fátima, Maria Luíza e Maria Clara. Durante algum tempo, ficamos entre os dois primeiros, por fim, nos decidimos por Maria Luíza. O nome deseja sugerir um caminho, anotar um oriente, pai e mãe desejam com o nome de sua filha sugerir o valor e a virtude, a generosidade e esperança. Que nossa pequena Maria reviva nossa história maior.

Crônicas de um pai: notícia de gravidez

Crônicas de um pai: notícia de gravidez

Quando descobrimos que estávamos grávidos, confesso, fui invadido por um satisfação sem tamanho. Ter um filho é uma bênção que sempre desejei, acreditei, no entanto, que não teria a chance de ser pai. Confesso que tenho medo, não sou um jovem, a idade pesa, os ossos rangem e os joelhos não são mais os mesmos. Tenho medo de faltar, tenho medo de não ter saúde nos momentos nos quais Maria Luíza venha a precisar de mim.
Oxalá me seja permitido vê-la crescer, que eu tenha forças para isso!
(meu amor há de me dar forças!)

Crônicas de um pai: o sabor da carambola

Crônicas de um pai: o sabor da carambola

Agora foram as carambolas, a fruta da vez, a vontade do dia. Escrevo e sinto o perfume das carambolas no ar, adoro carambolas. A propósito, minha mãe contava que duas foram as frutas que ela sentiu vontade de comer durante a gravidez: carambolas e romãs. Hoje, Vany saboreou as suas carambolas, lambuzou-se comendo as frutas.
Aguardar a chegada de nossa filha se faz também de situações como esta, ofertar regalos e rogar que saibamos fazer o que é certo.

Crônicas de um pai: Maria Luíza cresceu

Crônicas de um pai: Maria Luíza cresceu

O crescimento do bebê traz movimentos novos e inusitados, à medida que ela cresce esticar braços passou a ser operação de grande repercussão...acabamos por nos assustar. É mais ou menos o seguinte: o espreguiçar do bebê repercute em todo o corpo e, durante alguns instantes, a mãe suspende tudo para entender o que se passa, o pai, fica a olhar para o rosto da mãe, tentando buscar os sinais que lhe dirão o que se passa. Visto que Maria Luíza cresceu qualquer ação dela ecoa em toda a casa. Nosso bebê e nossa mãe seguem, graças a Deus, muito bem!

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: depois do varal a tábua de passar roupas

Crônicas de um pai: depois do varal a tábua de passar roupas

O domingo de sol secou as roupas da pequena Maria Luíza, agora, a tábua de passar acampou na cozinha e disse que não sairá até que as peças estejam passadas. A mãe Vany desdobra-se em cuidados, linhas tortas, excedentes, etiquetas que podem machucar a pele criança, nada lhe escapa. A alegria de uma mãe que deu aulas durante o dia e, ao chegar em casa, mal parou para respirar. Agora cola adesivos coloridos e lúdicos aos panos que Maria Luíza usará. Incansável e disposta, amorosa e zelosa, a maternidade dota a mãe de uma força e ternura grandes. É um privilégio estar por perto. Obrigado!

Santos Dumont (10): O Número 1, o primeiro dirigível

Santos Dumont (10): O Número 1, o primeiro dirigível

Se o Balão Brasil, em grande parte, foi construído com peças disponíveis no crescente mercado de balões da sociedade francesa, o No. 1 pedia a fabricação de peças, desta forma, percebia-se que o Sr. Santos Dumont cumprira o período de formação e de aprendizado, agora, estava em condições de avançar de forma sensível. O No. 1 exibia formato distinto, Santos Dumont assumiu a forma cilíndrica e trouxe inovações: confeccionou o seu dirigível usando a seda, abandonou os cordames, que, até então amarravam e uniam o corpo do dirigível à nacele. O cordame não mais contornava balão,  conseguiu, assim, aliviar de forma sensível o peso, a partir de costuras na parte inferior do dirigível que permitiram que a nacele fosse fixada a partir de hastes à barriga do dirigível.

domingo, 28 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: O varal de roupas do bebê fotografado

Crônicas de um pai: O varal de roupas do bebê fotografado

Sim, é isso mesmo, fotografamos e rimos um bocado daquele varal que parecia não ter fim, nosso horizonte. Não é uma metáfora, eis o nosso horizonte e futuro, varais cheios...
Haja sabão de coco para tanta roupa!!

Crônicas de um pai: O varal de roupas do bebê

Crônicas de um pai: O varal de roupas do bebê

O dia de hoje foi marcante, nos desdobramos em várias atividades ao longo do dia, apesar de ser domingo. Roupas do bebê foram lavadas e estendidas. Lembro-me do escritor que dizia que pertencemos a uma terra quando temos mortos ali enterrados, o que direi sobre roupas de crianças penduradas no varal. Peças pequenas, cores alegres, estampas coloridas. Mais do que pertencermos a um lugar, a partir de agora há uma nova chance para a vida. Pai e mãe carregam as suas dores e tragédias, estamos a combinar de repovoar o mundo com mais sorrisos e samambaias, pagãozinhos e virtudes.

A música como potência: Fela Kuti e o Afrobeat

(O colaborador Kauê Vinicius fala sobre o artista nigeriano Fela Kuti)

A música como potência: Fela Kuti e o Afrobeat

Nestas últimas semanas em sala de aula, ao falar com meus alunos sobre os processos de colonização, imperialismo e lutas por emancipações na África, Ásia e Oceania, busquei trazer como referência musical o multi-instrumentista nigeriano Fela Ransome Kuti (1938-1997) e sua contribuição política e musical para o mundo. Fela Kuti, que nasceu no estado de Ogun, na Nigéria foi o percursor de um gênero que envolveria jazz, highlife, funk e música ioruba. De todas estas influências criou-se o afrobeat, espécie de som quente, com vocais teatrais, metais e muita percussão. Fela e sua banda Koola Lobitos (que posteriormente chamaria África 70), após turnê por seu país e pelos Estados Unidos, na década de 1960/70, ampliou seu repertório artístico, envolvendo-se com o movimento negro estadunidense Black Panther Party (Os Panteras Negras) incorporou a africanidade como bandeira de sua arte.
Músicas como Sorrow, Tears, and Blood, Zombie e Colonial Mentality mostram seu engajamento contra o modo autoritário e repressor do governo nigeriano de sua época. Engajamento este que foi brutalmente violentado por covardes ações policiais em sua comunidade denominada República Kalakuta.
Referenciando Nietzsche quando este ao afirmar que o homem sem a música seria um erro, vê-se que a arte, e neste caso a música, é o campo de maior potência para transpor as barreiras humanas. A arte como necessidade ontológica da expressão de criação e pulsão de liberdade.



(Por Kauê Vinicius)

sábado, 27 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: a decoração do quarto do bebê

Crônicas de um pai: a decoração do quarto do bebê

Uma situação divertida é brincar sobre a decoração do quarto de Maria Luíza. Vany planeja temas apropriados à idade, algo como, ursos e outros animais. Eu, brinco dizendo que vou colocar escudos de time de futebol ou coisas assim. Digo que haverá em uma das paredes um painel gigante com um piloto da Nascar, o super campeão Jimmy Johnson. Vany ri e diz que não haverá nada disso: "Já se viu algo assim?!"
(Ainda não desisti...)

Crônicas de um pai: carregar a Minie

Crônicas de um pai: carregar a Minie

É um sinal do que me espera, hoje, visitamos tios de Vany, ganhamos um boneco da Minie, ou melhor, nossa filha o ganhou. Quando me dei conta eu segurava o brinquedo. Lembrei-me de que quando pequeno, Mickey estava entre minhas predileções, adorava gibis nos quais ele era detetive e desvendava casos. Lembro-me de algumas capas, no entanto, hoje, o boneco que eu segurava era o da Minie. É preciso olhar para o mundo com novos olhos.

Crônicas de um pai: conversas com o bebê

Crônicas de um pai: conversas com o bebê

Mãe e filha vivem a conversar, trocam impressões e comentários. Vany está encantada com o gravidez, em mais de uma oportunidade falou que sentiria falta de levar o bebê em sua barriga. Vaidosa e amorosa, afaga a barriga e sorri saudando a pequena Maria Luíza. Olho com admiração, fascinado e sem palavras. As mulheres são dar nome, os pais oferecem silêncio.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Notas de leitura: George Bernard Shaw

Notas de leitura: George Bernard Shaw

Os amigos que me acompanham no blog lembram-se que, ainda ontem, saí em busca do gosto da melancia. Ao voltar, ouvia a notícia de Musical que estreia (ou já estreou): My fair lady.
Não importa falar da emissora de rádio ou o nome do jornalista que falava do Musical, basta saber que enquanto guardava o carro na garagem ouvia a notícia e disse a mim mesmo que o blog serviria para dizer o que eu desejava.
Estou certo que o jornalista há de melhorar, há de realizar em breve belos trabalhos, a voz indicava um profissional jovem, ainda em formação, rogo que cresça e faça melhor.
Procurou, de forma breve e atrapalhada, falar da história, ele mal a conhecia, claramente não entendeu o enredo, faltava muito. Eis um bom retrato de nossa sociedade, falta-nos repertório para acompanhar o que se passa.
O dramaturgo irlandês George Bernard Shaw é autor de Pigmaleão. A peça fala de um professor de linguística que, de forma arrogante, acredita ser capaz de perceber as diferenças fonéticas entre os bairros de Londres; professor que, zeloso e satisfeito de sua arte, decidiu tomar uma jovem humilde, de fala popular, que, aos seus olhos não sabe falar. Aposta que a sua sabedoria e ciência serão capazes de fazer da jovem uma outra pessoa, alguém reconhecida pela sociedade aristocrática da época como uma dama, uma genuína dama, de certa e comprovada ascendência aristocrática. Ele lhe deu aulas e viu o seu coração ser cativado pela jovem aluna.
Eis a peça, aliás, o mito grego. O nome da peça, nos faz voltar para junto do rei grego que estava certo de que poderia criar a mulher perfeita. Rei e escultor, lavrou em mármore a mulher dos seus sonhos. Perdeu-se em sua prepotência ao se dar conta de que a mulher perfeita era uma pedra.
O mito grego e a peça do Sr. Shaw são a base literária do que veio depois: o musical e o filme.
Rex Harrison e Julie Andrews eram, nos anos 50, o professor e a aluna de Musical de estrondoso sucesso, mais tarde, quase uma década depois, o Musical  virou filme, agora, Rex Harrison dividia a sua arte com a talentosa Audrey Hepburn.
Não espero que um jovem jornalista fale de tudo isso, não, mas, anseio por pessoas que ao falar tenham feito a lição de casa. Ele sequer é capaz de dizer se gosta ou não, pela simples razão de que ignora o mito e a peça. Para o azar do jornalista, eu o ouvia quando voltava para casa. Contente por trazer e satisfazer o desejo de Vany pelo sabor da melancia e, também, certo de que entre as paisagens encantadoras que desejo mostrar à minha filha está o filme dos anos 60.

Crônicas de um pai: as contrações

Crônicas de um pai: as contrações

Durante alguns segundos Vany fica paralisada, o fôlego parece perdido. Eu me aproximo e ela me conta da contração. Maria Luíza dá sinal, sinal forte, a mãe fica atenta, procura entender o que se passa, ela ouve o que a filha lhe diz. Eu as abraço, eu confio e começo a sorrir.

(lágrima)

Crônicas de um pai: criar uma família

Crônicas de um pai: criar uma família

Eu e Vany estamos a criar uma família. Tudo muda, o sol e a noite não são mais os mesmos. Não, não há medo ou receio, há um sopro de alento constante, não estamos sozinhos estamos acompanhados. A graça de uma vida e o dom da família acenam e apontam para a estrada que vamos descobrir.

Crônicas de um pai: Álvaro de Campos

Crônicas de um pai: Álvaro de Campos

Pela manhã, lembrei-me do poema Todas as cartas de amor são ridículas. Escrever, de forma diária, sobre minhas experiências trouxe Álvaro de Campos. Lembrei-me do poema, do escritor que sem meias palavras defendia o seu direito de não ter medo de falar, não ter medo de viver o afeto. Foi uma manhã em ótima companhia.

Crônicas de um pai: os amigos

Crônicas de um pai: os amigos

Eles merecem um capítulo especial, a distância e as obrigações diárias nos colocam distantes. Paulo, por exemplo, amigo dos tempos de colégio, ainda foi morar em Araçatuba. Difícil encontrá-lo, há uma estrada longa pela frente...
Paulo, pai de um menino, tem me brindado com histórias e imagens da paternidade. O tempo passa rápido, outro dia estudávamos em colégio estadual no Bairro do Canindé em São Paulo, hoje, falamos de filhos.
Não poderia terminar esta crônica sem falar de Márcia, mãe de Sofia, outra querida amiga que tem me animado fazendo-me rir.
Abraço os dois amigos e digo, muito obrigado!
Beijo!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: o sabor da melancia

Crônicas de um pai: o sabor da melancia

Vany contou-me um desejo, queria saborear uma melancia...ao voltar do trabalho falou-me da vontade, da água na boca e tudo mais. Voltei instantes atrás, vitorioso carregando a melancia procurada. A gravidez transcorreu tranquila, este foi o primeiro desejo...incontrolável de algo: o sabor da melancia.
Satisfeito o desejo, seguimos.
Beijo!

Crônicas de um pai: falar de si

Crônicas de um pai: falar de si

Causou espanto aos que me conhecem a redação das crônicas, eles me conheceram reservado e pouco disposto a falar de mim mesmo. Escrever e publicar na rede o que digo para mim mesmo é a minha maneira de compartilhar uma felicidade que julguei não ser minha. Ganhei da vida, fui abençoado e agraciado. Escrevo porque estou feliz.

Crônicas de um pai: o abraço dos pais

Crônicas de um pai: o abraço dos pais

Abraço a esposa grávida de quase oito meses, nossa filha está ali, saltita e dança junto aos nossos corpos. Sagrada, guarda o dom da vida e nos mostra a casa do coração. (Fora do tempo)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: o primeiro presépio

Crônicas de um pai: o primeiro presépio

A jornada do pai reaviva memórias perdidas, entre outras, redescobri a do primeiro presépio. Lembro-me pouco das peças, lembro-me verdadeiramente da companhia de minha mãe e de uma alegria sem tamanho. Nada de mal aconteceria, estávamos em segurança.
Fico a me perguntar sobre a maneira como as portas do livro de memórias é folheado nos dias que vivemos.

Crônicas de um pai: tocar com os dedos

Crônicas de um pai: tocar com os dedos

Cheia, repleta e plena, a barriga da mãe atrai afagos e pede sussurros, estou lá a procurar e a conversar. A pequena parece adorar a água do banho, estica-se, mostra o rosto, levanta os braços e pede abraços. Quantas vezes ao longo do dia espero pelo momento de voltar para casa e aninhar a filha que aguardo ao abraçar a minha esposa.

7 meses

(Carol Diniz, estreia no blog com 7 meses)

Há quem  diga que o casamento é o início do fim.Para os incrédulos, fim do amor, para os apaixonados início do fim da vida a sós.O início do companheirismo diário, colaboração mútua; exercício da paciência.O início da vida a dois.A busca incessante por um lar que sugam seus finais de semana.

A troca dos saltos altos e ternos rebuscados, por camisetas, jeans e tênis.A troca de lojas da Oscar Freire e jantares no Jardins, por casas de materiais de construção e shoppings do lar.Maquiagem, salão de beleza, meramente ilustrativo, lojas de eletrodomésticos se tornam mais atraentes.
Concretizar um projeto de móveis  planejados que se adaptam ao seu orçamento.  Meses de exaustão, e finalmente o matrimônio acontece. Cerimônia pequena para a declaração dos votos. Noite de núpcias e uma aventura na lua de mel.
Por fim, a mágica acontece. O casamento.7 meses após essa união, ainda busco aprender diariamente a harmonia no lar.Paciência, virtude que se desenvolve durante longos dias.Relevância, palavra que define união.
Compreensão, melhor maneira de não suprimir a paixão.
Diálogo, define a longevidade de uma relação.
Respeito, base para fortalecer o amor.
O casamento é uma escolha; 7 meses depois de 13 anos, amor está no coração e gravado em meu pulso.
O  amor supera as diferenças; para os apaixonados, felicidade, para os incrédulos, não era amor.

(Por Carol Diniz)

Crônicas de um pai: preparar as malas

Crônicas de um pai: preparar as malas

A esta altura começamos a cuidar das malas da mãe e do bebê. A escolha do que levar, das cores, dos modelos guardam expectativas, melhor fazer é tornar tudo mais simples. Esquecer da roupa e lembrar da menina. Acompanhar com os olhos os sinais que dizem que ela está aqui.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Notas de Leitura: Alexandre Herculano (1)

Notas de Leitura: Alexandre Herculano (1)

Vez por outra, retorno às páginas de uma mesma obra, refiro-me a Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano. A Biblioteca dispõe de mais de uma edição, aprecio os diferentes tipos gráficos e a composição geral dos volumes. Elas dizem muito sobre a época e os homens que as conceberam. Contam sobre o autor e o lugar que gerações seguintes lhe conferiram. A idade do volume e do papel traz de volta os seus leitores anteriores.

Crônicas de um pai: lembrar-se de João Cabral de Melo Neto

Crônicas de um pai: lembrar-se de João Cabral de Melo Neto

Poeta lembrado, escritor que palmilhou Recife e Sevilha, eu o trago aqui para falar de um rosário. O Auto de Natal Morte e Vida Severina revela um personagem triste, triste em virtude das tragédias familiares que vive, personagem que se põe a caminho em uma jornada peregrinatória que o levará do Sertão ao Litoral do Nordeste do Brasil. Desfia o seu rosário a procurar alento e a salvação, não a encontra, as dores o perseguem e são renovadas ao encontrar injustiça e sofrimento pelas cidades do rosário que desfia. O nosso personagem decide que o fim único é a morte, ela o salvará, desta forma, planeja suicidar-se ao chegar ao Litoral. Todavia, o Auto Natal deve cumprir-se e, na derradeira hora, o nosso personagem assiste a um nascimento. Nascimento que lhe restaura forças, sopro que aquece o seu coração. Fez-se vivo uma vez mais, restituído, restaurado.

Crônicas de um pai: Maria Luíza cresceu

Crônicas de um pai: Maria Luíza cresceu

No início eram pouco perceptíveis, a mãe os descrevia e eu me esforçava para perceber e localizar a movimentação de nossa filha no ventre da mãe. Hoje, nossa menina cresceu e muito. Tornou-se fácil percebê-la, o menor gesto é largo e grande. Amar e abraçar.

Crônicas de um pai: segurar o bebê

Crônicas de um pai: segurar o bebê

Nos últimos dias tenho renovado meus pedidos: quero segurar o bebê. Quero adormecê-la em meus braços, a cara preguiçosa e enrugada, olhos fechados e movimentos lentos. Fico a imaginá-la, corro meus dedos pelo pequeno queixo, admiro os braços. Ela boceja, volta-se para o lado, toda silêncio. Fico a me perguntar sobre o milagre da vida, peço a Deus que me permita acompanhá-la durante a jornada que ela viverá.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: programação de TV

Crônicas de um pai: programação de TV

(Vamos deixar a mãe um pouquinho nervosa...)
Me ponho a conversar com a pequena Maria Luíza e proponho programas dos quais a mãe não gosta, por exemplo, partidas de futebol. Digo que Maria Luíza prefere jogos às novelas, a mãe recusa a me ouvir e diz que não é verdade que a menina prefere programas de culinária. Assim vamos nos divertindo e provocando.

Crônicas de um pai: os primeiros dias do bebê

Crônicas de um pai: os primeiros dias do bebê

Eu e Vany retornamos instantes atrás da farmácia, remédios novos indicados pela médica que nos acompanha. Conversamos sobre como embrulhar o bebê para que ele fique seguro e, também, como seriam as primeiras horas e dias em nossa casa. Ficamos a imaginar as nossas vidas a três, nosso ninho e nossa pequena. A graça do amor e da bênção tocou as nossas vidas.

Crônicas de um pai: a voz da avó

Crônicas de um pai: a voz da avó

Nos últimos anos, em virtude de uma infecção, a voz de minha mãe tornou-se grave. Nos últimos anos, muitas vezes, fiquei a me perguntar se não voltaria mais a ouvir a voz de minha mãe tal como eu a conhecia. Eu sabia que não tornaria a ouvi-la, o problema vocal era irreversível. Eu tentava e tentava me lembrar da voz de minha mãe antes da doença e não conseguia. Eu temia não ouvi-la mais.
No ano passado, em maio do ano passado, minha mãe partiu na esperança da ressurreição. Hoje, ela volta e chama pela neta com a voz que eu sempre ouvia, a voz anterior à doença. Jamais o nome de Maria Luíza foi tão doce em uma voz.

domingo, 21 de agosto de 2016

Santos Dumont (9): O mito de Ícaro

Santos Dumont (9): O mito de Ícaro

Eu preferia Dédalo, aos meus olhos, deveria caber ao pai o privilégio de ser rememorado como aquele que deu asas ao homem. Engenhoso, Dédalo concebeu o par de asas e foi ajudado pelo filho. De alguma maneira, a tragédia de Ícaro cativou a sociedade da época. O filho que ajudou o pai na confecção do par de asas ganhou relevância aos olhos daqueles que recuperaram e recontaram o mito. Sobretudo porque Ícaro desejou ir além, ganhou os céus e deixou a ilha para trás, todavia, o Sol encheu-lhe os olhos de desejos e, o filho do engenhoso Dédalo, quis mais. A limitação das asas perdeu sentido frente a um homem que descobria que voava e podia ir mais longe. O Sr. Santos Dumont sonhou o voo, mas, diferentemente, de Ícaro que sonhou acima de tudo o seu próprio voo, o Sr. Dumont sonhou o voo de todos os homens.


O tema da queda nas artes pictóricas, por exemplo, nos ajudam a acompanhar a eleição de Ícaro. O pintor Peter Paul Rubens, no século XVII, reservaria lugar para Dédalo e Ícaro, logo mais, a expressão de medo e horror do filho ao centro do quadro passaria a ser a escolha temática, a escolha mítica. 

(continua)

sábado, 20 de agosto de 2016

Santos Dumont (8): O mito de Ícaro

Santos Dumont (8): O mito de Ícaro

As mitologias gregas ganharam revigorada presença nas sociedades da Europa Ocidental, ressurgidas com o Neoclássico e a onda de estudos arqueológicos, literários e filosóficos em voga. A mitologia grega servia para ler e inspirar, de certa forma, tal como nos tempos homéricos, heróis e deuses habitavam o imaginário de sociedades como a francesa. Agora, os enredos helênicos moviam-se por entre homens e mulheres de sociedades tecnológicas dos séculos XIX e XX.
Ícaro, filho de Dédalo, era alguém a ser lembrado pelos que enfrentavam a navegação aérea. Dédalo, homem de engenho, construíra para o Rei da Ilha de Creta uma prisão. A prisão deveria abrigar uma aberração, um monstro. A prisão deveria abrigar o Minotauro, homem e touro em um mesmo corpo. A prisão e a aberração que ela deveria abrigar foram, no entanto, derrotadas pelo herói grego Teseu. Dédalo, a propósito, foi responsabilizado pelo Rei de Creta pela destruição do monstro e da perda da prisão. Foi condenado a viver exilado ao lado de seu filho em um ilha. Dédalo levava os seus dias a buscar uma maneira de escapar. Concebeu e construiu um par de asas. Decidiu-se pela construção de uma estrutura de madeira recoberta de penas presas por cera. Estava aberto o caminho e meio para a fuga. Pai e filho alçam voo, ganham altura e logo deixam a ilha do exílio. Dédalo recomendara ao filho que não voasse próximo ao Sol, do contrário as asas poderiam derreter. Ícaro não lhe deu ouvidos, voou em direção ao Sol e viu as suas asas serem desmanchadas pelo calor. Abatido pelo Sol, Ícaro caiu no mar.

(continua)

Em cartaz: a peça .dentro (TUSP)

(O colaborador Kauê Vinicius abre a coluna de 'Em cartaz' na qual falaremos de dramaturgia e de peças que estão em cartaz)

Por (.DENTRO) o medo do outro: ou de como a arte vai ao encontro da vida

Está em cartaz no TUSP, até o dia 28 de agosto, a peça teatral (.dentro) Inspirada no filme grego Kynodontas, (Dente Canino) de 2009, a peça conta a história de uma família tradicional em que os pais criam seus filhos sem deixá-los sair de casa. Alegoricamente a peça faz referência a um modo de vida presente em alguns grupos sociais nas grandes cidades: o isolamento da cidade, as diferenças que ela incorpora e ao imaginário que dentro do lar é o caminho mais seguro para a (boa) vida. O roteiro reflete sobre o sentimento de medo como catalisador de comportamentos, tratando desta problemática como um processo de coerção  familiar que se desdobra em várias ações, algumas não esperadas por parte dos pais.
A relação entre o casal da família é outro ponto forte na peça. Vê-se que o pai é o único que sai de casa, enquanto a mãe (com um semblante de felicidade mórbida, como daqueles comerciais de margarinas) fica a cuidar dos filhos e das plantas. Estes, por sua vez, vivem seguindo os passos, as tarefas e as orientações dos pais. Nesta família, o tempo dentro de casa passa ao passo dos aniversários dos filhos, aniversários estes, programados pelos pais.
Nesta configuração familiar há uma tensa ordem figurada e configurada no andar, no pensar, no jogar e dançar, ordem esta que carrega a mais pura violência, a violência do medo.  A peça marca a (bela) estreia profissional do coletivo uspiano, que em tempos difíceis faz-se necessário um “grito estético” para reverberar nas paredes do inconsciente social.

(por Kauê Vinicius)

Crônicas de um pai: agradecer

Crônicas de um pai: agradecer

Vany fez-se mãe, mostrou-me caminhos, fez do próprio corpo o sinal da graça e de uma dádiva sem tamanho. Dizer obrigado soa pequeno, mas eu sou pequeno e é o que sei fazer aqui.
Beijo!

Crônicas de um pai: o sabor da dor

Crônicas de um pai: o sabor da dor

Caminho com a certeza de que a bênção que vivo nos dias que seguem é a maior de todas, dom da vida. A dor dos últimos anos, a dor de saber que vivia uma despedida, lenta e sofrida dissolve-se na dádiva que ganho.

Crônicas de um pai: fazer crochê

Crônicas de um pai: fazer crochê

Não há hora para o crochê, nos últimos dias, nossa mamãe fez do crochê um parceiro de todas as horas, se está em casa ou se na rua, sim, na rua. Sentado em ônibus que a levará ao trabalho ou no carro ao meu lado. Sim, hoje, saímos pela manhã e mal deixamos o quarteirão de casa e ela já empunha a sua agulha brilhante de crochê. Encantadora mamãe!

Crônicas de um pai: visitar os avós paternos

Crônicas de um pai: visitar os avós paternos

Não, o título não está errado. Voltamos ainda há pouco de uma visita à Família do Sr. Humberto de Dona Elisabeth. Meus pais faleceram, nós os temos em grande conta, pessoas queridas, que, conhecemos anos atrás, de certa forma, queridas a ponto de chamá-los de avós. Carros antigos nos aproximaram, eles têm bela coleção de carros antigos e, nos últimos anos, trabalhamos juntos.
Hoje, de forma, especial era aniversário de Gian, filho do Sr. Humberto e de Dona Elisabeth. Passamos instantes agradáveis e alegres, boas risadas e a certeza de que estivemos em boa companhia. Maria Luíza alegrou-se, sobretudo, com as duas cachorras da família, uma akita de pelagem branca que mais parece um urso e uma vira negra que adora chamego. O Sr. Humberto, de ascendência italiana, fabrica o seu próprio vinho e emprega uvas que a família cultiva. Crochê, ponto alto, ponto baixo, troca de experiências, mostrar sapatos de Gian no dia do batizado.
Ao nos despedirmos da Família ítalo-árabe saímos com o coração satisfeito, guardo na lembrança os olhos de Dona Elisabeth acarinhando a barriguinha de Vany.
Retornamos felizes para casa.

Santos Dumont (7): dimensões do Balão Brasil

Santos Dumont (7): dimensões do Balão Brasil

Balão esférico de pequenas dimensões, teria capacidade de pouco mais de 113 metros cúbicos. A França, desde os primeiros voos em seu território de aeróstatos, isto é, de veículos mais leves do que o ar, ainda no séculos XVIII, fez do balão presença constante. Ganhava-se os céus, todavia, durante quase dois séculos, a evolução de aeróstatos pouco avançou na questão de sua dirigibilidade. A capacidade de conduzi-los e de manobrá-los era restrita. O Sr. Santos Dumont, em meio ao crescente interesse e a popularidade dos balões buscou, à sua maneira, caminhos novos. Os primeiros anos de nosso engenheiro junto às oficinas e metalurgias francesas são acompanhadas, muitas vezes, da expressão 'não dará certo', não funcionará'. As dimensões do Balão Brasil incomodavam os fabricantes de balões, disseram-lhe, 'algo tão pequeno jamais voará'.

(continua)

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: rir com o bebê e a mãe

Crônicas de um pai: rir com o bebê e a mãe

Entre as situações divertidas e singulares vividas pelos pais, citarei uma que descobrimos hoje: diga algo engraçado à sua esposa, faça-a rir. Importante: ao fazer isso mantenha as suas mãos sobre a barriguinha, todo o corpo da mãe parece reagir ao sorriso e à risada, não há como não imaginar Maria Luíza e seu sorriso largo de bebê acompanhando a mãe e o pai.
Sexta-feira linda.

Crônicas de um pai: os movimentos do bebê

Crônicas de um pai: os movimentos do bebê

Encanta a maneira como a cada dia nosso bebê se acomoda. Maria Luíza está mais forte, se nos primeiros exames assemelhava-se a um peixinho dourado em um aquário tamanho o espaço à sua disposição, agora, há pouco espaço para se movimentar. Acreditamos que ela está na posição adequada para o parto, rogamos que sim. A graça da mãe é proporcional ao crescimento da filha. Ambas seguem bem, lindas e saudáveis. Meus carinhos.

Crônicas de um pai: o pentatlo doméstico

Crônicas de um pai: o pentatlo doméstico

Lavar roupa, acordar cedo, trazer trabalho para casa, cozinhar, lavar louça, pintar paredes, instalar luminárias, fazer contas, esquecer-se de algo, ir ao mercado. Em meio a tudo isso, os ossos rangem, o joelho doente volta a reclamar dias amenos, caio de sono ao assistir ao noticiário da noite. Recomeço, no dia seguinte, crente de que é preciso.
Fico magoado ao me dar conta de que a esposa segue os mesmos passos, o título adequado deveria ser duplas de pentatlo doméstico...

Crônicas de um pai: sexta-feira

Crônicas de um pai: sexta-feira

Algo de diferente passa a acontecer, retornar para casa é voltar para junto da esposa e do bebê que aguardamos. O caminho de volta é paisagem de expectativa e sincera alegria. Há a certeza de que passaremos o final de semana reunidos a cuidar de nossa casa e a preparar tudo para a chegada de Maria Luíza. Vany acaba de me dizer que espera começar a lavar as roupas que nossa pequena usará. Dia em flor.

Ciência da História (1): dia do Historiador

Ciência da História (1): dia do Historiador

Hoje, 19 de Agosto, é dia do Historiador. Parabéns a todos que se dedicam a tão bela Ciência!!



quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: amarrar a mãe ao pé da mesa

Crônicas de um pai: amarrar a mãe ao pé da mesa

Sim, quero amarrar a mãe, o pai tem medo. Receio que algo aconteça, cidades como São Paulo assustam pela deseducação e vandalismo. À medida que vivemos a gravidez e nos aproximamos do nascimento assusto-me ao vê-la sair com uma barriga de quase 8 meses para pegar um ônibus. Sim, quero amarrar a mãe ao pé da mesa, quero protegê-la.





Crônicas de um pai: o bebê cresceu

Crônicas de um pai: o bebê cresceu

Vany tem a sensação de que ontem para hoje, nossa pequena Maria Luíza cresceu. Falou-me de uma blusa cujo botão recusou-se a fechar. Ela sorri feliz, contente da saúde de nossa pequena. Quero aninhá-la e dizer que tudo está bem. Beijo.

Crônicas de um pai: Sandra Magnani e Ana Rosa Tenente, muito obrigado

Crônicas de um pai: Sandra Magnani e Ana Rosa Tenente, muito obrigado

Trabalhamos juntos, Sandra e Ana Rosa são, ao longo dos últimos meses, pessoas imprescindíveis. Dizer obrigado é pouco. Ambas mães, mães de meninas. Aproximam-se carinhosas e ternas e oferecem ajuda, falam do que sabem e amparam com olhos de quem sabe o que estou a viver.


Crônicas de um pai: os ensaios de contração

Crônicas de um pai: os ensaios de contração

Em nossa recente consulta médica soubemos que a partir de agora vivermos os ensaios de contração. O nascimento obedece a uma partitura que não sabemos ler, descobrimos de forma parcial o que está a acontecer. O corpo prepara-se e simula o parto, sim, os ensaios de contração são sinais de que estamos nos aproximando. A vida é uma dádiva que não tem tamanho.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Notas de leitura: homenagem a José Khoury (2)

Notas de leitura: homenagem a José Khoury (2)

Conheci a tradução de Ibn Khaldun para a língua portuguesa nos anos 90. O trabalho foi publicado, em São Paulo, em três volumes entre os anos de 1958 e 1961. Trabalho hercúleo que demandaria anos de labor, longo e minucioso trabalho de tecelão que lhe permitisse traduzir atentando para riscos de anacronismos. Se considerarmos as dificuldades enfrentadas pelo Sr. José Khoury a sua obra tradutória merece renovado reconhecimento. O estudos árabes no Brasil carecem de constância. Desde meados do século passado, contamos com notáveis estudiosos e escritores em diferentes áreas, todavia, nossos brilhantes não lograram constituir cadeiras e linhas e pesquisa regulares. Conheci grandes nomes que, infelizmente, não viveram para ver a continuidade de seus esforços. Bibliotecas foram aqui e ali montadas, a descontinuidade dos esforços de escritores as levaram embora, perdidas. O Sr. José Khoury criou entre nós, algo que não tínhamos, daí a sua singularidade e talento.

Crônicas de um pai: sentir-se amado

Crônicas de um pai: sentir-se amado

Em Maio do ano passado, minha mãe, Dona Nacima Abdalla Duarte, partiu. Sinto-a sempre comigo, nos dias que se seguem, memórias distantes, muito distantes retornam. Vejo-me criança e garoto, adolescente e adulto. As lembranças fazem par com situações que envolvem o nascimento da pequena Maria Luíza. Feliz é como me sinto, percebo o quanto fui amado. Stendhal, certa vez, falou de episódios afetuosos que se cristalizam em nossas vidas, sinto-me cercado de afeto, afeto de minha mãe, amor incondicional e pleno. Lembrar-se dela nos dias de hoje lança sentido ao que vivo ao lado de minha esposa, o afeto pleno, amor que nos recria e conforta.
beijo

Crônicas de um pai: a posição do bebê

Crônicas de um pai: a posição do bebê

Nos dias que seguem ficamos a nos perguntar se o bebê está na posição certa para o parto, conversamos com nossa pequena, rogamos para que tudo corra da melhor maneira. A esperança dá alento e caminhamos. Não planejamos ter um filho, fomos abençoados com a responsabilidade de vivermos a espera de um filho. Se assim é, Deus há de cuidar de nós.

Crônicas de um pai: a cor da aliança

Crônicas de um pai: a cor da aliança

Nossa aliança mudou de cor, não sei explicar de outra maneira. Hoje, quando meus olhos veem o anel, percebo que ela brilha diferente. O anel guarda todas as histórias dos últimos tempos, guardou o perfume da gravidez, o sorriso da esposa enamorada conversando com a filha ainda no ventre.
A aliança mudou de cor.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Santos Dumont (6): experiências com os motores

Santos Dumont (6): experiências com os motores

O velho triciclo que tanto o fascinava serviu às suas experimentações, por exemplo, o Sr. Santos Dumont desejava avaliar o comportamento de motores de combustão interna no ar. Motores, até então, serviam aos veículos, eram montados para rodar sobre a terra, mas como os mesmos motores se comportariam em veículos suspensos no ar. Serviu-se do seu triciclo para tanto, levou-o a uma área arborizada de Paris e tratou de suspender o seu triciclo com a ajuda de uma árvore. Será desta forma, pairando alguns centímetros de chão, que o Sr. Santos Dumont colocou o seu veículo para funcionar curioso de como motores de combustão comportavam-se no ar. Haveria oscilação, trepidação? Percebeu que não, decidiu-se, a partir desta aventura, a levar o motor feito para rodar para os ares. Nada mais seria como antes.

(continua)

Crônicas de um pai: mãe e bebê

Crônicas de um pai: mãe e bebê

Vivem a conversar, elas se entendem muito bem. Mãe e bebê criam sinais para os seus diálogos, o pai acompanha maravilhado. Mas o que tanto conversam as duas?
A paternidade desperta os sabores do inesperado, do não planejado.
(beijo os meus dois amores!)

Crônicas de um pai: consulta médica

Crônicas de um pai: consulta médica

Grande expectativa cerca cada visita ao médico: levar exames, esclarecer dúvidas e tomar providências. Felizmente tudo segue bem, o desenvolvimento de nossa pequena está dentro do esperado. É possível que ela esteja na posição correta, o próximo exame nos permitirá saber. Vany está bem, o peso está certo, todavia sofre com dores próprias da gravidez. O movimento do corpo para receber e gerar nova vida causa dores fortes, todavia, apesar das dores e do desconforto, nunca a vi sorrir tão lindamente.
Ambas, estão lindas: Maria Luíza e Vany.
Amém!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A Beleza da Física: Táquions (mais rápidos do que a luz?)

(A colaboradora, Vânia Scott, continua a sua coluna sobre as belezas da Física)

A Beleza da Física: Táquions (mais rápido do que a luz?)

O termo táquions vem do grego e significa rápido. De acordo com a Relatividade, nada pode ultrapassar a velocidade da luz. Será?
Os táquions, previstos teoricamente, possuem velocidade maior que a da luz. Até hoje, porém, não foram detectados. Alguns cientistas acreditam que eles não são capazes de transmitir informações, outros acreditam que eles percorram a linha temporal de maneira inversa, indo para o passado. Por exemplo, uma maneira de ilustrar isso seria, uma pessoa vendo um objeto lançado atingir um alvo. Se o objeto fosse lançado por um canhão de táquions, a pessoa assistiria o alvo ser atingindo antes do lançamento. Tudo isso, sem violar a Teoria da Relatividade. Isso se deve ao fato dessas partículas sempre estarem com essas velocidades.
Uma partícula, para ser acelerada a uma velocidade próxima à da luz, precisa receber uma grande quantidade de energia, somente possível em laboratórios especiais que possuam essa capacidade. Os táquions, por sua vez, reagiriam ao ganho de energia de maneira inversa, ou seja, eles perderiam velocidade. De modo contrário, ao passo que ao ganharem velocidade infinita, perderiam energia.

Conhece alguém que já teve premonição ou déjà vu? Pois bem, se as informações chegam à pessoa com antecedência, então devem ser transmitidas de alguma maneira. Mas, enquanto não detectamos essas partículas, podemos nos deliciar com filmes que utilizam propulsores taquiônicos para foguetes.

(Por Vânia Scott)

Animação de Walt Disney: Zé Carioca e Pato Donald

Animação de Walt Disney : Zé Carioca e Pato Donald

À época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), estúdios de animação como os de Walt Disney e editoras de histórias em quadrinhos como a DC Comics participaram do conflito. Filmes e quadrinhos alinharam-se, à sua maneira, com os exércitos.
Walt Disney assina a animação feita ao tempo em que o Brasil era governado pelo Presidente Getúlio Vargas, tempo do Estado Novo, tempo de um governo autoritário.
Zé Carioca era personagem novo na galeria Disney, papagaio que desejava representar um tipo brasileiro, de forma particular, um típico, ou um possível morador da cidade do Rio de Janeiro.
Zé Carioca era o anfitrião a receber o visitante do Norte, da América do Norte. O filme sonhava uma América afastada da barbárie da Europa em guerra.

(Josias Abdalla e Vany Abdalla)

(continua)


Aventuras de uma professora de Física: ensinar e aprender

(Vânia Scott, colaboradora de Nimbus, inaugura coluna que tratará das aventuras de uma professora de Física)

Aventuras de uma professora de Física: ensinar e aprender

Tentando ensinar a beleza da Física: Alunos com menos de 11 anos

Desafio 2016: Sala heterogênea com alunos entre 5 e 11 anos. Objetivo: transmitir algum conhecimento de Física.

Sim, parece impossível! Mas gosto de desafios.
Noites sem dormir, pensando numa maneira de abordar conceitos, muitas vezes complexos, mas do cotidiano de todos.
Finalmente, tive a ideia de trabalhar atrito e velocidade na primeira aula. Quando cheguei, me deparei com os alunos curiosos, mas questionando que não tinham idade para ter aulas de Física. Pode?
Bem, mostrei objetos que deslizavam sobre uma superfície lisa e outros, que tinham dificuldade em se deslocar numa lixa. Evitei palavras que dificultassem o entendimento pois muitas vezes, percebo passam a aula tentando lembrar o que significa uma palavra como “denominador” e deixam de aprender algo novo que está sendo transmitido. Levei todos para correr na quadra em movimento acelerado e retardado (eu sabia que iam gostar da palavra).

Foi um sucesso. Quando alertei um dos alunos sobre tomar cuidado pois havia chovido e o piso estava perigoso ouvi “não tem problema, meu tênis tem um freio altamente qualificado para o piso escorregadio”. O que falar para uma criança que tem ABS nos pés? A verdade é que eles têm muito conhecimento, a sala de aula é uma troca maravilhosa. Aprendo diariamente.

(Por Vânia Scott)

Crônicas de um pai: a mãe e o crochê

Crônicas de um pai: a mãe e o crochê

Linhas e agulhas de crochê nas mãos, assim encontrei Vany ao retornar no dia de hoje. Os panos de limpar a boca do bebê serão bordados.Comovente sentir o tanto de amor e afeto que ela oferece, o seu corpo como ela mesma diz, não mais lhe pertence tamanho o número de mudanças, no entanto, ela ri e oferece a sua luz e alegria.
Lá estava ela com agulhas e linhas bordando o seu paninho.
Linda, tão linda.

Crônicas de um pai: a mãe e o paninho da 25

Crônicas de um pai: a mãe e o paninho da 25

Cuidar de um bebê que está por nascer pede cuidados que, aos olhos dos pais, são impensáveis, por exemplo, panos cuja função é simplesmente recolher a baba da criança. Vany, ao retornar do trabalho, foi àquela região da cidade de São Paulo reservada para pessoas fortes e de sangue frio, refiro-me à Rua 25 de Março.
Comprou fraldas que, agora, bordará para fazer os panos de recolher baba. Quero rir de satisfação ao perceber os seus cuidados, quero rir da graça da situação.

Em tempo: perguntei ao Sr. Antônio Houaiss o nome do tal paninho, mas ele não soube me dizer, estranhou minha pergunta e ficou a coçar o queixo


domingo, 14 de agosto de 2016

Notas de leitura: homenagem a José Khoury

Notas de leitura: homenagem a  José Khoury

Lembrei-me hoje do Sr. José Khoury, imigrante libanês, que, entre nós, é o responsável pela primeira e, salvo desconhecimento meu, a única tradução de Ibn Khaldun. A descoberta nos anos 90 de sua obra me fez ficar encantado, encantado com a teoria e linguagem do escritor árabe do século XIV e com o seu tradutor. As linhas, as notas explicativas revelavam alguém atencioso e capaz de um trabalho intenso e terno ao mesmo tempo.

(continua)

Santos Dumont (5): a Paris de engenheiros e inventores

Santos Dumont (5): a Paris de engenheiros e inventores

A Paris  descoberta pelo Sr. Dumont, no final do século XIX, trazia as marcas de um grande Império. Senhora de colônias, crente e orgulhosa de uma missão civilizadora, dedicada às artes mecânicas, literárias, pictóricas, nada escapava ao olhar de uma cidade que ambicionava inventar o futuro. Júlio Verne soube, como poucos, fotografar e representar os sonhos franceses em sua ficção científica. 
Imagine-se agora, o jovem e criativo Santos Dumont em Paris, a ilustração traz um triciclo a motor, que, a partir dos últimos anos do século XIX foram populares na capital francesa. Uma vez mais o motor a combustão no caminho de nosso criador. A razão da ilustração, os triciclos eram vendidos com anúncio de que eram velozes, o que havia de mais rápido naqueles dias. O Sr. Santos Dumont prontamente adquiriu o seu e promoveu a primeira corrida de triciclos de que se tem notícias. Alugou área para a realização da concorrida prova e instituiu prêmios.

(continua)



Crônicas de um pai: arrumar gavetas

O dia de domingo do Dia dos Pais vai terminando, começa a escurecer em Santana, a temperatura agradável dá lugar ao frio que anuncia a noite. Corpo cansado e machucado, dia longo de afazeres e preparativos. Limpeza, preparar parede para pintura, arrumar gavetas. Enquanto escrevo Vany finaliza a linda arrumação que fez para as gavetas. Dividas por tamanho, tipo e qualidade. Lindo ver o cuidado e alegria de seus cuidados. Orgulhosa e caprichosa. É um grande presente acompanhá-la em dias de luz-gravidez. Ainda teve tempo de fazer um bolo saboroso, grato meu doce amor! Feliz Dia das Mães!!

(em tempo, ao finalizar as gavetas da pequena Maria Luíza, veio me ver, tão linda!!)

Crônicas de um pai: Feliz Dia dos Pais, Sr. Pedro Salviano Duarte

Crônicas de um pai: Feliz Dia dos Pais, Sr. Pedro Salviano Duarte

Lembrar dele, dizer-lhe que será, por fim, avô, vejo-o emocionado, uma lágrima correrá de seus olhos doloridos e distantes. Disfarçará a emoção, como se dizia antigamente, ele era uma manteiga derretida. Feliz dia dos pais, meu pai!

sábado, 13 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: gestante e gestonta

Crônicas de um pai: gestante e gestonta

(vai dar briga, mas não podia deixar passar, a própria Vany criou o nome, lindo neologismo, preciso dizer algo mais?)

Crônicas de um pai: viver o dia dos Pais

Crônicas de um pai: viver o dia dos Pais

Nos últimos dias ouvi diversas vezes um reverente Feliz dia dos Pais. A cada vez que eu o recebia, pensava intimamente: Caramba! Serei, sou pai! A partir de agora, há uma mãe e uma menina que contam comigo, contam com o meu abraço e esforço. Sou pai! Pai, pai, pai, pai!!
Beijo,

Momentos da Mãe: Trilha sonora do dia.

Momentos da Mãe: Trilha sonora do dia.

Muitas vezes, quando jovem, costumava começar o dia com alguma música, refletir em cada verso, viajar em sua melodia, músicas lindas que falavam da esperança de ser feliz, encontrar um amor, viver momentos de tranquilidade e ao mesmo tempo a expectativa de ter uma oportunidade de compartilhar o meu melhor com alguém.
Hoje, longos anos depois, ouvir essas mesmas canções ganham um novo sentido e me direciona para um momento completamente novo, pois muitas situações que imaginava ser impossível viver, tive e tenho a felicidade de realizar. Fui presenteada com um companheiro que superou todas as minhas expectativas, me fez enxergar o quanto é possível ser feliz vivenciar o amor, sonhar e partilhar as coisas mais belas da vida, inclusive me fez enxergar que mais do que um amigo e companheiro é um pai maravilhoso!
O desafio agora é aproveitar cada segundo dessa fase completamente nova em nossas vidas e, claro, compartilhar minha trilha do dia com a pequena Maria Luíza. 
Quero que seu mundo seja repleto de coisas boas, que ela saiba valorizar cada maravilha que nos é fornecida diariamente, desde a oportunidade de ver o sol nascer acompanhada pelo papai e pela mamãe, que estão em contagem regressiva para tê-la em nossos braços. Que ela saiba apreciar a tarde cair e a noite chegar nos trazendo a sensação de mais um dia de conquista e sempre acompanhada por uma boa trilha sonora.

Filha, a trilha de hoje fica por conta da Luciana Mello: Simples Desejo.

Por Vany Abdalla

Crônicas de um pai: roupas de bebê

Crônicas de um pai: roupas de bebê

A proximidade do nascimento coloca o relógio dos preparativos em ritmo acelerado. O pai descobre que o ritmo ou a maneira como comprava roupas não serve mais, não para um bebê. Homens improvisam, são simples em suas relações com as roupas. A situação pede outras estratégias, aprendizado que parece não ter fim, a rigor, somos passageiros em todo o processo. Ainda tenho dúvidas sobre os nomes das roupas, a diferença entre o pagão e o macacão ainda me deixa em dúvida. Hoje, sábado, fomos a uma fábrica na região da Ponte do Limão. Fabricante conhecida que promove venda de ponto de estoque, araras e mais araras de roupas de todos os tipos. Quantidade equivalente de pais e filhos de diferentes idades. Lá estávamos nós, igualmente.
Ao retornarmos para casa, o namoro lento de cada peça. A mãe ensaia ao colocar a roupa em seu colo, acalenta e sonha a sua filha. O pai aprende, aprende a amar, redescobre o encantamento.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Notas de leitura: O Elmo de Mambrino

Notas de leitura: O Elmo de Mambrino

Na primeira 'Crônica de um pai: 24a. semana' falei do referido Elmo, surgia ao final do texto e provocou muitas perguntas.
Trata-se de passagem do Quixote de Cervantes, aliás das mais tristes. O fidalgo está a cavalgar e acredita que na estrada que percorre, vindo em sua direção, há um cavaleiro.
O pobre cavaleiro que conhecerá a ira de Quixote é um simples barbeiro que leva a sua bacia de trabalho.
Bacia que aos olhos do personagem de Cervantes era elmo lendário.
Lembro-me com tristeza e dor do episódio, Quixote aos meus olhos parece pedir ajuda, anuncia a todos a sua tragédia e a sua solidão. Este é o episódio cervantino do Elmo de Mambrino.

Santos Dumont (4): o balão Brasil

Santos Dumont (4): o balão Brasil

De estudante a inventor, de homem devotado à pesquisa e à experimentação ao título de pai da aviação, esta é a sua trajetória em terras brasileiras e francesas. O percurso de nosso engenheiro nos ares começa com um balão de tipo esférico, usual naqueles dias. Balão de seis metros de diâmetro e carregado de hidrogênio, realizou o seu voo inaugural no dia 4 de Julho de 1898, foi batizado por Santos Dumont com o nome de Brasil. Serviu como escola para o nosso inventor, o Brasil realizou mais de 200 ascensões nos meses seguintes. O Brasil permitiu o estudo de correntes de ar, dinâmica de voo e aerodinâmica. Santos Dumont aprendia a voar.

(continua)



Crônicas de um pai: o choro e a esperança

Crônicas de um pai: o choro e a esperança

À medida que os dias correm a aproximação do nascimento nos deixa leves e sensíveis ao vento, qualquer mudança e lá se vai o humor. Ventos e chuvas, sol e calor e lá vamos nós. O choro e a ansiedade chegam ligeiros e ganham terreno. A esperança é a fiel e destemida companheira dessas horas. Surge silenciosa, vem de longe, traz o gosto e o calor de pessoas que lhe querem bem, confere andamento confiante de que o dia nascerá e as nossas orquídeas serão lindas como nunca. O choro dá lugar ao sorriso vermelho, a esperança e a fé iluminam a face.


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Olimpíada do Rio: Paulinho da Viola e o Hino Nacional

Olimpíada do Rio: Paulinho da Viola e o Hino Nacional

Cerimônias de abertura são feitas, obviamente, de escolhas. Quem cantará o hino ou qual a coreografia são decisões nada fáceis de serem tomadas. Expressam as decisões tomadas pelos responsáveis pela organização. O trabalho dos responsáveis merece elogios. Dizer que faltou isso ou aquilo não é justo, as decisões tomadas eram ótimas. Pode-se lembrar disso ou daquilo, daí nossa festa terminaria na segunda-feira à tarde, caso resolvêssemos atender a todos os pedidos e demandas.
Paulinho da Viola, vestido de azul Portela, foi escolha encantadora. Lembro-me de suas lindas canções, que, hoje, merecem e precisam ser ouvidas e ouvidas, ajudaria a apurar os nossos ouvidos e melhorar o nosso andamento como sociedade.

Santos Dumont (3): filho de engenheiro

Santos Dumont (3): filho de engenheiro

A arte mecânica cedo fez parte da vida do jovem Dumont, filho de engenheiro, acompanhou o pai em viagens no Brasil e no exterior. Aliás, a descoberta do motor a combustão interna teve lugar  em uma dessas viagens. Estavam, pai e filho, na cidade de Paris, provavelmente em 1890, quando visitaram exposição que exibia o referido motor.

(continua)

Crônicas de um pai: agradecer

Crônicas de um pai: agradecer

Acreditei que jamais seria pai, por razões diversas deixei o tempo passar, meus cabelos brancos surgiram e o tempo rugia furioso junto aos meus ossos. Surpreendido pela vida, surpreendido pela chance dada pela vida estou aqui. Agradeço um sem número de vezes a bênção que é receber na casa em que moro um filho para cuidar. Amém!

Crônicas de um pai: Ai, meu Deus! Faltam 10 semanas e três dias

Crônicas de um pai: Ai, meu Deus! Faltam 10 semanas e três dias.

Sim, é isso mesmo, dentro em breve serei pai. Aliás, no próximo domingo comemora-se o Dia dos Pais, tudo está a mudar em minha vida. É o meu primeiro Dia dos Pais. Rememoro minha história, meu pai e preparo-me para o que vou viver. É confuso, há emoções diversas envolvidas, ao mesmo tempo, é simples, basta prosseguir. Há pessoas mais aflitas do que eu ao meu redor, é preciso encontrar ritmo que me permita ajudá-las.


Relatos de um professor de história: a necessidade do conhecimento histórico

(do colaborador, Kauê Vinicius)

Relatos de um professor de História: A necessidade do conhecimento histórico


Assim como meus colegas de área, em alguns momentos de nossa vida acadêmica e profissional somos deparados pela (ingênua) pergunta: “mas, por que estudar história? O passado não volta mais, não serve para nada!” Evidentemente uma provocação. Provocação esta que dá margem a uma interessante reflexão sobre o que é história e seu campo de construção de sentidos e realidades. Quando um aluno ou aluna traz esta questão em sala, que, geralmente, se configura como um desabafo contra a matéria ou contra o professor, nossa obrigação enquanto educadores é buscar fazer de sua provocação, fonte de reflexão. Partir do método socrático usando ironia e maiêutica é um bom exercício.

Entender a sociedade contemporânea, suas contradições de classes, suas manifestações culturais, suas estruturas políticas, econômicas, suas representações e mentalidades, suas permanências e rupturas é ir de encontro com a história. O conhecimento histórico se faz necessário, pois vê-se por muitos, um presente que se explica por si, uma falta de relação com o tempo histórico, o que só tende a facilitar uma crescente barbárie. 

Por Kauê Vinicius

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Notas de leitura: a biblioteca perdida (2)

Notas de leitura: a biblioteca perdida (2)

Passear por entre livros esquecidos invoca lembranças e projetos. A mesa imaginária recebe o seu leitor que debruçado sobre as linhas dos livros busca sentido, ao levantar a cabeça desenha corpos e mundos. O leitor vai longe, sabe que precisa deixar a biblioteca de caixas abarrotada, do contrário, não voltará mais.

Santos Dumont (2): o motor de combustão interna

Santos Dumont (2): o motor de combustão interna

O homem de gênio sabe valer-se daquilo que tem ao alcance de suas mãos. O motor de combustão interna transformava a sociedade, tratava-se de um motor pequeno se comparado aos movidos a vapor e aos elétricos, no entanto, se era menor revelou-se mais forte. O chamado motor de combustão externa, a partir de agora, veria o seu uso ser reduzido.
Santos Dumont não era o seu inventor, todavia, percebeu que as dimensões menores e a capacidade de força do motor de combustão interna poderiam servir aos propósitos das máquinas de voar.
A percepção aguda e a disposição para criar eram a sua natureza.

(continua)

Crônicas de um pai: a beleza da mãe

Crônicas de um pai: a beleza da mãe

Mulheres grávidas ficam lindas, esbanjam charme, ganham brilho, é claro, que podem esbarrar durante a caminhada em algumas cadeiras e mesas, todavia, estão encantadoras. Digo a nossa pequena Maria Luíza o quanto ela será feliz tendo Vany como a sua mãe. Inteligente, divertida e disposta, docemente devotada à sua família. Dá vontade mesmo de renovar votos. Amar é escolher o amor. A beleza da mãe grávida é a festa da casa. Em paisagem tão cara e especial aguardamos a chegada de nosso bebê.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: regar as plantas

Crônicas de um pai: regar as plantas

Há situações diárias nas quais penso que estou a conversar com Maria Luíza. Confesso aqui uma delas: ao regar as plantas. Minha mãe tinha adoração por plantas: samambaias, orquídeas, roseiras e antúrios, nada lhe escapava. Ela tinha o feliz hábito de conversar com as suas plantas. Muitas vezes aproximei-me silencioso para ouvi-la conversar com as suas amigas. Cuidar de forma constante, sem receio e cansaços. Hoje, ajudado por Vany, procuro manter vasos e plantas vivos. Quadros se tornam amarelos e distantes, craquelam e morrem. Plantas são viçosas, os seus brotos se renovam: encantamento da vida. Esta é uma das ocasiões nas quais converso com Maria Luíza, falamos sobre a avó e o rendilhado de folhas e flores.

Olimpíada do Rio: o voo de Santos Dumont (1)

Olimpíada do Rio: o voo de Santos Dumont (1)

A festa de abertura contou, entre outros ricos momentos, com o Sr. Santos Dumont e o seu lindo 14 Bis. Desde jovem, aluno do antigo ensino primário, ao tempo em que falar de herói nacional confundia-se com ações governamentais, abracei Santos Dumont. Cresci e percebi que o Sr. Santos Dumont era merecedor da auréola de herói. Hoje, adulto, eu o defendo como brilhante e criativo inventor, meu herói, portanto.
Assistir à corrida da bela aeronave e vê-la alçar voo indo além do Estádio do Maracanã é rica e bela lembrança a respeito de um Brasil que trabalha e encanta. Sim, o ofício do Sr. Dumont encontrou em terras estrangeiras a chance e a oportunidade para criar as suas obras-primas de engenharia: balões, dirigíveis e aviões (mais pesado do que o ar). Será a sociedade francesa que o acolherá e o ajudará, aliás, a mesma sociedade francesa, que, anos depois, o perseguirá como criminoso ao saber que o Sr. Dumont rejeitava o uso militar de sua invenção. O Sr. Dumont é, verdadeiramente, alguém além do seu tempo - inventor - sonhou o avião e um mundo melhor.

(continua)

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Olimpíada do Rio: a abertura e a ecologia

Olimpíada do Rio: a abertura e a ecologia

A arte de contar em poucos minutos a história de séculos do Brasil. Para tanto, engenhosidade, repertório e criatividade colocam-se ao serviço de  artistas e diretores. Eles sonharam nossa fundação e representaram. O Brasil vislumbrado na apresentação assumiu preocupações ecológicas, denunciou a destruição do planeta. Batalha mítica entre Brasis. Aquele que anseia pelo equilíbrio da vida e aquele outro que suja os pés no desmatamento e na destruição do Mundo Natural. Ambos são o meu país.  A abertura se vestiu do primeiro Brasil, o segundo espreita sorrateiro e barulhento como uma motosserra.

Crônicas de um pai: contar os dias para o nascimento

Crônicas de um pai: contar os dias para o nascimento

Chegar ao sétimo mês pede que calculemos quantos dias temos para fazer o que é necessário. Arrumar o quarto, lembrar de detalhes, finalizar o enxoval, há muito a fazer e o tempo corre ligeiro. Vany é exímia elaborando listas e inventários, minuciosa, desdobra-se para nada esquecer, nada faltar. No final de semana, faxinas intermináveis e a instalação de um mosquiteiro na janela do quarto de Maria Luíza. Quando terminei, era noite. Tanto a fazer e  o tempo corre ligeiro demais. Todavia, é preciso parar, parar o que se está fazendo para dar atenção à esposa e ao bebê. Vany vive momento rico, pede cuidados e carinhos, cortesias e abraços. Maria Luíza, de igual maneira, pede o mesmo. Hora de parar e ouvir quem lhe quer bem.

Relatos de um professor de História: Quando a Arte ganha espaço na sala de aula

(Kauê Vinicius, colaborador de Nimbus, continua a série de temas do professor de História na sala de aula) 

Relatos de um professor de História: Quando a Arte ganha espaço na sala aula


Particularmente o tema Renascimento Cultural e Científico é um dos que mais me apaixona. Paixão esta não só pelos fatos históricos de transformações e revoluções no campo das artes, das ciências e da filosofia, mas também porque busco relacionar o conhecimento histórico com a criatividade artística dos alunos em sala de aula. Em uma destas aulas busquei promover atividade artística na qual as obras renascentistas deveriam ganhar nova roupagem, uma releitura visando a atual sociedade que vivemos através de obras clássicas como O nascimento de Vênus, de Botticelli, ou a Última ceia, de Da Vinci. Em uma destas atividades, um aluno me trouxe um desenho muito bem feito, da Gioconda versão Punk. Eu como fã do movimento não pude deixar de considerar um ótimo trabalho.

(por Kauê Vinicius)

domingo, 7 de agosto de 2016

Olimpíada do Rio: personagens árabes - os imigrantes

Olimpíada do Rio: personagens árabes - os imigrantes

A festa de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016), entre outros personagens, falou de árabes entre os grupos de imigrantes.
Visto que Olimpíada é cultura vamos aproveitar para aprender:
Aos dias do Brasil Império, de forma particular, do Segundo Reinado (1840-1889), vivíamos a transição do regime escravocrata - nossa barbárie - para o de trabalho livre. No década de 1870, o Imperador Pedro II realizou longa jornada de visitas  entre a  Europa, a África e a Ásia. As viagens diplomáticas, do século XIX, diferentemente das que realizamos hoje, levavam meses. A viagem de barco pedia que se aproveitasse ao máximo o tempo e, desta forma, viajar pelo Atlântico Norte e pelo Mediterrâneo era um périplo por capitais e visitas.
Pedro II e a sua comitiva visitaram países árabes, a rica viagem pode ser apreciada na Coleção Fotográfica da Imperatriz Thereza Cristina que faz parte do Acervo da Biblioteca Nacional. Tradicionalmente, a historiografia brasileira considera este o início da imigração árabe para o Brasil, a viagem do Imperador Pedro II.


Notas de leitura: ibn Khaldun e a invenção da História

Notas de leitura:  ibn Khaldun e a invenção da História (1)

Nossas bibliotecas pessoais guardam livros especiais, refiro-me às publicações que de formas várias carregamos em nossos repertórios. Não falo de algo do qual lembramos, mas de obras que marcam pela descoberta de mundos sem fim. O escritor norte-africano ibn Khaldun (1332-1406) é autor de fôlego, buscou criar - e conseguiu - uma teoria para explicar a transformação das sociedades: elaborou uma teoria da História no século XIV.

Notas de leitura: o prazer do livro

Notas de leitura: o prazer do livro

Sim, posso falar do prazer do livro em uma nota carregada na rede mundial de computadores. Nada a estranhar, valho-me da rede, mas não deixo de lado o livro. Esta não é uma reflexão sobre os lugares da rede e do papel, de forma simples,  é a afirmação e confirmação do apreço pelo livro e, também, de que a rede é imprescindível.


As Olimpíadas e As Feiras Mundiais

As Olimpíadas e as Feiras Mundiais

Outrora, cidades e países orgulhosos de suas sociedades e de suas economias, mostravam ao mundo em grandes Feiras o que tinham de melhor. Engenheiros desdobravam-se em seus aparatos e experimentavam, criavam, semeavam o desejo de futuro que ali era apresentado. Havia muito de ficção científica nas Feiras Mundias.
O mundo contemporâneo, infelizmente, perdeu o interesse pelas grandes Feiras; não perdeu, no entanto, interesse pela invenção e criatividade. Feiras de informática ou o lançamento de um produto, nos dais de hoje, podem chamam a atenção, nada assemelhado ao apelo e ao charme das Feiras.
Os Jogos Olímpicos, em certa medida, respondem a parte do anseio que nossas sociedades guardam de celebrar um sociedade. Aprendemos sobre outros mundos, línguas, culturas, dramas e anseios.

(continua)

Relatos de um professor de História: Olimpíadas, mitos e superação.

(Kauê Vinicius, colaborador do Nimbus, considera o tema Olimpíada a partir da perspectiva da sala de aula)

Relatos de um professor de História: Olimpíadas, mitos e superação.

Nesta semana em uma sala de nono ano, busquei trazer o tema das Olimpíadas em um contexto muito difícil na história contemporânea: o nazismo. Sabe-se que a Alemanha nazista sediou os Jogos Olímpicos em Berlim, no ano de 1936, três anos antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial, criando uma falsa imagem de um Estado tolerante diante de outros países. A propaganda política do partido relacionava a cultura clássica greco-romana em seu discurso, levando o (violento) mito da “pureza ariana” em todas as esferas da sociedade alemã.  Conduto, viu-se que os atletas que obtiveram melhores resultados naquelas olimpíadas não foram, como queria Hitler e seus seguidores, os alemães, mas sim os atletas negros norte-americanos, com destaque para  o neto de escravos Jesse Owens, medalha de ouro  nos 100 metros.
Para além dos dados históricos, o que vale mencionar aqui é a reflexão desenvolvida em sala de aula. Os mitos foram e ainda são elementos de construção de discursos diversos. Buscando debater isso com meus alunos, chegamos à ideia de que os Jogos Olímpicos, que originalmente estavam ligados às entidades divinas dos antigos gregos, hoje trazem como elemento intrínseco as questões entre os Estados e suas superações.

Sem deixar as devidas críticas de lado, mas também visualizando seus aspectos construtivos, os jogos possibilitam abrir questões muito amplas em sala. Possibilitam a visualidade das contradições inerentes aos grandes eventos, onde mora tanto a beleza da arte performática, quanto o pesado choque de realidades concretas. 

(Por Kauê Vinicius)

Crônicas de um pai: o bebê está crescendo

Crônicas de um pai: o bebê está crescendo

Ao passo dos dias nossa menina cresce, os movimentos dentro da barriga ficam mais intensos e fortes. A mãe sofre para encontrar posição para dormir. Dores e falta de ar são dois desdobramentos do crescimento de nossa menina.
O que será que ela está a pensar de tudo que está ao seu redor? Como as informações e os sentidos da mãe são empregados pelo bebê?
Confesso que uma situação que me deixa particularmente comovido é a reação de Maria Luíza à minha presença. Vany diz que a menina reconhece e reage à minha voz, impressão real ou não, confesso que isso me deixa tocado (para não dizer bobo).

sábado, 6 de agosto de 2016

Olimpíada do Rio: a pira segundo Anthony Howe

Olimpíada do Rio: a pira segundo Anthony Howe

A engenharia-arte praticada pelo artista norte-americano Anthony Howe (n.1954), aos meus olhos, sonha nova era do metal. Em um primeiro instante a sua arte pode lembrar a de um renomado relojoeiro, um olhar lento, todavia, sugere um homem que não deseja anotar o tempo mecânico. Escultura orgânica, pulsante, da mesma ordem de uma gota de tinta na água cristalina. Regular, irregular, de encher os olhos. O relógio abandonado, a natureza buscada. O metal de Howe respira.
A pira aproxima-se, reserva distância, flerta com o metal, incendeia de amarelo vibrante a sua nova auréola.
A rigor, há a escultura e uma pira. Ainda me pergunto se ambas estão a conversar, de qualquer forma, fiquei comovido com o resultado.

(vale conhecer o artista e a arte:  www.howeart.net)

Crônicas de um pai: celebrar a vida

Crônicas de um pai: celebrar a vida

Dia de sábado, sol alto a bendizer a vida.
Caminhar de mãos dadas com Vany.
(não sei caminhar se não for de mãos dadas, andar separado deixa um sabor de que falta algo)

As pessoas sorriem para nós, sorriem, verdadeiramente, para os pais que esperam um bebê. Todos ao nosso redor adoram crianças, penso, afinal nos oferecem sorrisos. Estranhos e conhecidos ofertam sorrisos aos montes para a menininha que esperamos.
Todos ao nosso redor, de fato, desejam celebrar a vida, bater palmas e agradecer. Desconhecidos todos, reunidos pelo nascimento que se anuncia.
O encantamento de gerar a vida pede a celebração, pede que saibamos bendizer a vida.
(bendito é o fruto)

Crônicas de um pai: a primeira Olimpíada de Maria Luíza

Crônicas de um pai: a primeira Olimpíada de Maria Luíza

A abertura de uma Olimpíada me encanta, a festa, a invenção, os mitos fundacionais, o mar de visitantes estrangeiros felizes. A Olimpíada é daqueles momentos empolgantes nos quais nossas sociedades mostram e sonham o melhor de si mesmas. Tamanho contentamento, todavia, não reescreve nossos males. Tão bonita festa em uma cidade cujo administrador negligencia salários de funcionários públicos.
Voltemos à festa e à vibração de Maria Luíza.
Assistimos juntos, sentados em fila indiana, foi-me permitido acompanhar a cerimônia abraçando mãe e filha. Dancei com as duas, ainda que sentado, balancei a casa de minha menina, proferi palavras de esperança sobre a sociedade que sonhamos ser, lembrei-lhe de meu herói de chapéu torto - Santos Dumont - e lhe ofereci um tantinho do que há de terno na casa e no país em vai nascer.
Festejou, a minha pequena.

Crônicas de um pai: o silêncio da manhã

Crônicas de um pai: o silêncio da manhã

O nascer do dia e o silêncio. Todos dormem e eu me ponho a caminhar pela casa, o sábado chega lento e preguiçoso, cada movimento é saboreado, o relógio e a agenda dos compromissos não existem. Se o tempo miúdo e mecânico dorme de boca aberta em algum canto da casa silencioso posso me ouvir, posso viver meu dia combinando meu passado com tudo o que está por vir. Maria Luíza que não nasceu ganha sorrisos da avó que se foi. Quem eu sou, minha natureza desperta aos sábados, lento e preguiçoso a sonhar o futuro e a agradecer o dom da vida.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: a maternidade

Crônicas de um pai: a maternidade

Chegar ao sétimo mês pede listas de tarefas, ufa! roupas, preparativos, fraldas etc etc e...maternidade. Plano médico, hospitais do convênio, recursos disponíveis, tudo passa a ser considerado. Este é o cardápio do jantar de hoje. Confesso minha apreensão. Confesso que quero tê-la em meus braços, sentir o seu cheiro e aninhar aquele rosto enrugado e rubro. A vida pede coragem. Uma prece em nome de Maria Luíza. Beijo.

Crônicas de um pai: alongamentos

Crônicas de um pai: alongamentos

Hoje foi dia da mãe realizar série de alongamentos, lá estava eu tentando, digo tentando, incentivá-la. Estou fora de forma, acompanho com enorme dificuldade. Infelizmente, Vany não entende a minha maneira pessoal de contar os exercícios...um, dois, três, dez...



quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Notas de leitor: a biblioteca perdida

Notas de leitor: a biblioteca perdida

Lá se vão alguns anos. Em virtude do pouco espaço os livros foram colocados em caixas, a falta de espaço tornou-se crônica e as caixas transformaram-se em mobília. Levavam os dias ali, mudas e sem dedos para buscar as folhas dos livros. As caixas ganharam novas caixas e assim levavam os seus dias. Depois de tanto tempo, de buscas de volumes e de autores a biblioteca está perdida, não sou mais capaz de encontrar um único volume. Onde anda Herculano e Simonet? O que é feito de ibn Batuta?

Crônicas de um pai: os olhos da filha

Crônicas de um pai: os olhos da filha

Exames médicos, ultrassonografias morfológicas, teste de curva glicêmica, ecocardiograma. Fez-se de tudo, ela foi mensurada, avaliada e percebida de formas várias. Assistimos em casa aos vídeos dos exames. No entanto, de todas as imagens e gráficos, listas e padrões o que me acompanha são os olhos de Maria Luíza. Não os olhos avistados em um dos exames, mas os olhos imaginados de uma filha que desejo aninhar para vê-la dormir. O par de olhos que vão me dizer que ela está em casa. O brilho que me permitirá entender que ela não é deste mundo, que ela traz memórias antigas para povoar o futuro. Beijo.

Crônicas de um pai: velar pelo sono da mãe

Crônicas de um pai: velar pelo sono da mãe

As semanas correm ligeiras, vivo certa apreensão. A saúde da mãe e do bebê passam a pedir atenção. Tudo está bem, em breve, Maria Luíza deverá ficar na posição certa para o parto. Desdobrar-se em cuidados e pedidos esperançosos. Cuidar para que o sono da mãe seja reparador e a gestação serena. Em breve, eu terei nos meus braços uma pequenina, uma filha, uma bênção.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Momentos da Mãe: Escolher um presente para o pai.

Momentos da Mãe: Escolher um presente para o pai.

Maria Luíza está chegando ao mundo com uma sorte que a mãe dela infelizmente não teve: expectativa, acompanhamento e carinho paterno. Pensamentos machucados pelo medo e pela insegurança diante de uma fase completamente nova em minha vida, a preocupação em saber como agir da melhor forma para que Malú tenha tudo que precisa rodeiam a mãe. Ter um pai verdadeiramente presente, acompanhando cada passo da pequena desde o teste para confirmação da gestação, primeiro pré-natal e todas as demais etapas médicas, aquele homem que acorda várias vezes durante a madrugada para massagear a mãe enquanto ela tem crises de câimbras, aquele que sai em pleno sábado à noite para participar de uma Feira da Mamãe e Bebê para escolher as peças que farão parte do enxoval da nossa benção, enfim, são várias situações maravilhosas que temos presenciado, isso nos encoraja a passar por tudo isso, a ser forte nos momentos em que o corpo responde às mudanças para a melhor adaptação da pequena, faz tudo ficar mais fácil, faz com que Malú e mamãe percebam que não estão sozinhas.
Pela primeira vez em quase trinta nos pude sentir o que é ter um dia dos Pais, para muitos pode ser apenas uma data comercial, mas para quem não teve um pai presente, vivenciar isso com a filha que está a caminho é a melhor sensação do mundo! Sabemos que temos alguém que dá sua vida por nós duas. 
Malú e eu fomos presenteadas por Deus com esse homem maravilhoso! Feliz dia dos Pais!

(Vany Abdalla)

Crônicas de um pai: o mar de gente

Crônicas de um pai: o mar de gente

A cada dia a preocupação com o estado geral da mãe é maior. Graças a Deus, estamos bem, mãe e bebê, todavia, o pai estremece de preocupação. Dias atrás fomos ao bairro do Bom Retiro comprar calças para gestante. Centros de compras não estão entre os lugares que costumo frequentar, falta-me vontade e paciência para enfrentar aquelas cascatas de pessoas que despencam pelas ruas. Todavia, era preciso. Havia tanta gente nas ruas que fui à frente, passei a caminhar com Vany em fila indiana - ridículo, não?! - mas era a minha maneira de proteger a mãe e o bebê daquele mar deseducado de mulheres sedentas de ofertas. Ridículo, eu sei, um pai é assim. Ele resmungará sim, mas pelos riscos. Tolo, docemente tolo.

Crônicas de um pai: assando quibe

Crônicas de um pai: assando quibe

As vontades da mãe multiplicam-se, vontades de pão doce com cobertura de coco ralado, ou, de quibe. Este último fica por minha conta. Pedir licença a quem me ensinou a fazê-lo e colocar a mão na massa, literalmente. Preparado e assado, estamos a apreciá-lo. A neta de Dona Nacima, segundo relato de Dona Vany, está pulando satisfeita, ela gostou do quibe. Lembro-me de minha mãe contar histórias dela na cozinha com minha avó, Dona Fadua Dabuz. Eram contações emocionadas e saudosas. O trigo hidratado amalgamado ao hortelã e à carne recriavam o tempo, Dona Nacima se via menina e falava dos pais e da família. Um dia, assim espero, Dona Maria Luíza, terá histórias para contar sobre a cozinha do pai. Beijo, minha filha.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: massagear a barriga da mamãe

Crônicas de um pai: massagear a barriga da mamãe

Um dos desafios enfrentados pelo casal é a serie de mudanças físicas enfrentadas pela esposa. O corpo modifica-se, prepara-se para a gestação, isso implica em afastamento de órgãos e de ossos. Fiquei assustado apenas ao ouvir a médica explicar o que se passa. A Natureza sabe o que faz, está tudo preparado.
Cremes e travesseiros são usados aos montes para suavizar a jornada materna. Aliás, recado aos pais, aumentem o sortimento de travesseiros da casa, a esposa usará todos, se você pai, bobear, acordará sem nenhum travesseiro para recostar a cabeça.
Se a mãe carrega o bebê e usufrui de todas as experiências dos movimentos da nossa menininha, há ocasião especial dada ao pai: os cremes. Massagear a barriguinha da mamãe e a chance que pai e filha tem de trocaram toques e malabarismos. Divertem-se pai e filha, a mãe farta-se, também, de rir!! (experimentem, estimados pais!)

A série de tv Monkees, eu assistia

(O blog Nimbus é parte de projeto que combinará site e outras redes sociais. O colaborador Rui Joazeiro traz hoje A série de tv Monkees, eu assistia...)

Todos os dias à tarde, quando eu era criança, chegava da escola, fazia minha lição de casa e corria para a frente da TV preto e branco para ver as minhas séries favoritas. Dentre elas uma que eu gostava muito, e ainda gosto, eram os Monkees. Um grupo musical de pop rock que passava pelas mais diversas e psicodélicas e surreais situações sempre com muito humor e muita música.
O mais curioso desta série é que os Monkees foram criados para a série e não a série foi criada para eles. Como assim? Pois é, fiquei sabendo anos mais tarde, já adulto, que o grupo foi criado pela rede americana NBC para rivalizar com os Beatles.
A NBC anunciou nos classificados do jornal solicitando "quatro loucos entre 17 e 21 anos". Bert Schneider e Bob Rafelson, responsáveis pela série, queriam criar uma série de tv com 4 jovens músicos em 1965 e eles precisavam de 4 perfis diferentes: Mike Nesmith, um músico ligado em country/folk music e excelente compositor, Peter Tork, o homem dos mil instrumentos, Micky Dolenz, um jovem ator/cantor que quando criança, tinha estrelado uma série para a TV (exibida no Brasil) chamada "O Menino do Circo". O quarto Monkee, Davy Jones, já tinha sido contratado pelo estúdio um pouco antes, quando o grupo de teatro com o qual tinha vindo para os EUA apresentou-se na Broadway, com a peça "Oliver". Mas, mesmo assim, ele participou dos testes. Aliás, foram realizados testes com mais de 437 candidatos. O mais incrível é que no começo eles só cantavam, mas não tocavam. Eles gostaram tanto da coisa que resolveram se tornar um grupo musical de verdade, cantando, compondo e tocando suas músicas e tiveram sucesso com este projeto. Depois do final do seriado, que foi de 1966 a 1968 os Monkees continuaram fazendo  shows e turnês. Infelizmente, em 2012, o grupo sofreu uma baixa, David Jones foi vítima de uma parada cardíaca fulminante.
Mas apesar das idas e vindas o grupo continuou junto e agora comemora seus 50 anos lançando um novo CD commúsicas inéditas. Vale a pena conferir Good Times e ver que a sonoridade das músicas dos Monkees nos remetem àquelas composições do seriado da década de sessenta. Em minha mente os Monkees estão vivos e doidões para sempre.


(Por Rui Joazeiro)

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Crônicas de um pai: o livro de memórias

Crônicas de um pai: o livro de memórias

Ver-se a si mesmo como pai pede que um sem número de vezes ao longo dos dias, a memória de meus pais se faça presente. Episódios, atitudes, silêncios são revividos. De formas várias e inquietantes, a história da família ressurge. O sentido e o significado íntimo e profundo de nossas jornadas mesclado à esperança e a força irresistível que me faz palmilhar e palmilhar passa a ser uma doce e perturbadora companhia. O passado está lá, devo deixá-lo, regar a flor e afagar o filho que não tarde em chegar. A esperança e a doçura da vida chegam com a hora cheia.

Crônicas de um pai: o sétimo mês

Crônicas de um pai: o sétimo mês

Inicio a crônica ouvindo de Vany que Maria Luíza está acordada. Nossos dias seguem assim, atentos aos sinais do bebê e gratos pelo feliz andamento de nossa gravidez. As pessoas ao nosso redor tem sempre uma história, um episódio para contar sobre a gravidez e o nascimento. Digo ao nosso redor porque a bênção do nascimento mobiliza a todos. Pessoas que não conhecemos sorriem para a mãe e a para a barriguinha. Sorriso cúmplice e desejoso de dias serenos e ricos de alegria. Todos querem dizer algo, querem oferecer bênçãos e tudo mais. O milagre contagia, verdadeiramente. A quantidade de histórias reforça a nossa responsabilidade e nosso sincero compromisso. Aqui e ali um episódio doloroso, a perda e o choro. Nossa responsabilidade e o desejo de agradecer aumentam.