(Kauê Vinicius, colaborador do Nimbus, considera o tema Olimpíada a partir da perspectiva da sala de aula)
Relatos de
um professor de História: Olimpíadas, mitos e superação.
Nesta
semana em uma sala de nono ano, busquei trazer o tema das Olimpíadas em um
contexto muito difícil na história contemporânea: o nazismo. Sabe-se que a
Alemanha nazista sediou os Jogos Olímpicos em Berlim, no ano de 1936, três anos
antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial, criando uma falsa imagem de um
Estado tolerante diante de outros países. A propaganda política do partido
relacionava a cultura clássica greco-romana em seu discurso, levando o (violento)
mito da “pureza ariana” em todas as esferas da sociedade alemã. Conduto, viu-se que os atletas que obtiveram
melhores resultados naquelas olimpíadas não foram, como queria Hitler e seus
seguidores, os alemães, mas sim os atletas negros norte-americanos, com
destaque para o neto de escravos Jesse
Owens, medalha de ouro nos 100 metros.
Para além
dos dados históricos, o que vale mencionar aqui é a reflexão desenvolvida em
sala de aula. Os mitos foram e ainda são elementos de construção de discursos
diversos. Buscando debater isso com meus alunos, chegamos à ideia de que os
Jogos Olímpicos, que originalmente estavam ligados às entidades divinas dos
antigos gregos, hoje trazem como elemento intrínseco as questões entre os
Estados e suas superações.
Sem deixar
as devidas críticas de lado, mas também visualizando seus aspectos construtivos,
os jogos possibilitam abrir questões muito amplas em sala. Possibilitam a
visualidade das contradições inerentes aos grandes eventos, onde mora tanto a
beleza da arte performática, quanto o pesado choque de
realidades concretas.
(Por Kauê Vinicius)
Nenhum comentário:
Postar um comentário