domingo, 7 de agosto de 2016

Relatos de um professor de História: Olimpíadas, mitos e superação.

(Kauê Vinicius, colaborador do Nimbus, considera o tema Olimpíada a partir da perspectiva da sala de aula)

Relatos de um professor de História: Olimpíadas, mitos e superação.

Nesta semana em uma sala de nono ano, busquei trazer o tema das Olimpíadas em um contexto muito difícil na história contemporânea: o nazismo. Sabe-se que a Alemanha nazista sediou os Jogos Olímpicos em Berlim, no ano de 1936, três anos antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial, criando uma falsa imagem de um Estado tolerante diante de outros países. A propaganda política do partido relacionava a cultura clássica greco-romana em seu discurso, levando o (violento) mito da “pureza ariana” em todas as esferas da sociedade alemã.  Conduto, viu-se que os atletas que obtiveram melhores resultados naquelas olimpíadas não foram, como queria Hitler e seus seguidores, os alemães, mas sim os atletas negros norte-americanos, com destaque para  o neto de escravos Jesse Owens, medalha de ouro  nos 100 metros.
Para além dos dados históricos, o que vale mencionar aqui é a reflexão desenvolvida em sala de aula. Os mitos foram e ainda são elementos de construção de discursos diversos. Buscando debater isso com meus alunos, chegamos à ideia de que os Jogos Olímpicos, que originalmente estavam ligados às entidades divinas dos antigos gregos, hoje trazem como elemento intrínseco as questões entre os Estados e suas superações.

Sem deixar as devidas críticas de lado, mas também visualizando seus aspectos construtivos, os jogos possibilitam abrir questões muito amplas em sala. Possibilitam a visualidade das contradições inerentes aos grandes eventos, onde mora tanto a beleza da arte performática, quanto o pesado choque de realidades concretas. 

(Por Kauê Vinicius)

Nenhum comentário:

Postar um comentário