domingo, 21 de agosto de 2016

Santos Dumont (9): O mito de Ícaro

Santos Dumont (9): O mito de Ícaro

Eu preferia Dédalo, aos meus olhos, deveria caber ao pai o privilégio de ser rememorado como aquele que deu asas ao homem. Engenhoso, Dédalo concebeu o par de asas e foi ajudado pelo filho. De alguma maneira, a tragédia de Ícaro cativou a sociedade da época. O filho que ajudou o pai na confecção do par de asas ganhou relevância aos olhos daqueles que recuperaram e recontaram o mito. Sobretudo porque Ícaro desejou ir além, ganhou os céus e deixou a ilha para trás, todavia, o Sol encheu-lhe os olhos de desejos e, o filho do engenhoso Dédalo, quis mais. A limitação das asas perdeu sentido frente a um homem que descobria que voava e podia ir mais longe. O Sr. Santos Dumont sonhou o voo, mas, diferentemente, de Ícaro que sonhou acima de tudo o seu próprio voo, o Sr. Dumont sonhou o voo de todos os homens.


O tema da queda nas artes pictóricas, por exemplo, nos ajudam a acompanhar a eleição de Ícaro. O pintor Peter Paul Rubens, no século XVII, reservaria lugar para Dédalo e Ícaro, logo mais, a expressão de medo e horror do filho ao centro do quadro passaria a ser a escolha temática, a escolha mítica. 

(continua)

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