A música como potência: Fela Kuti e o Afrobeat
Nestas últimas semanas em sala de
aula, ao falar com meus alunos sobre os processos de colonização, imperialismo
e lutas por emancipações na África, Ásia e Oceania,
busquei trazer como referência musical o multi-instrumentista nigeriano Fela
Ransome Kuti (1938-1997) e sua contribuição política e musical para o mundo.
Fela Kuti, que nasceu no estado de Ogun, na Nigéria foi o percursor de um gênero
que envolveria jazz, highlife, funk e música ioruba. De todas estas influências
criou-se o afrobeat, espécie de som
quente, com vocais teatrais, metais e muita percussão. Fela e sua banda Koola Lobitos (que posteriormente
chamaria África 70), após turnê por seu país e pelos Estados Unidos, na década
de 1960/70, ampliou seu repertório artístico, envolvendo-se com o movimento
negro estadunidense Black Panther Party
(Os Panteras Negras) incorporou a africanidade como bandeira de sua arte.
Músicas como Sorrow, Tears, and Blood, Zombie
e Colonial Mentality mostram seu
engajamento contra o modo autoritário e repressor do governo nigeriano de sua
época. Engajamento este que foi brutalmente violentado por covardes ações
policiais em sua comunidade denominada República Kalakuta.
Referenciando Nietzsche quando
este ao afirmar que o homem sem a música seria um erro, vê-se que a arte, e
neste caso a música, é o campo de maior potência para transpor as barreiras
humanas. A arte como necessidade ontológica da expressão de criação e pulsão de
liberdade.
(Por Kauê Vinicius)
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