domingo, 28 de agosto de 2016

A música como potência: Fela Kuti e o Afrobeat

(O colaborador Kauê Vinicius fala sobre o artista nigeriano Fela Kuti)

A música como potência: Fela Kuti e o Afrobeat

Nestas últimas semanas em sala de aula, ao falar com meus alunos sobre os processos de colonização, imperialismo e lutas por emancipações na África, Ásia e Oceania, busquei trazer como referência musical o multi-instrumentista nigeriano Fela Ransome Kuti (1938-1997) e sua contribuição política e musical para o mundo. Fela Kuti, que nasceu no estado de Ogun, na Nigéria foi o percursor de um gênero que envolveria jazz, highlife, funk e música ioruba. De todas estas influências criou-se o afrobeat, espécie de som quente, com vocais teatrais, metais e muita percussão. Fela e sua banda Koola Lobitos (que posteriormente chamaria África 70), após turnê por seu país e pelos Estados Unidos, na década de 1960/70, ampliou seu repertório artístico, envolvendo-se com o movimento negro estadunidense Black Panther Party (Os Panteras Negras) incorporou a africanidade como bandeira de sua arte.
Músicas como Sorrow, Tears, and Blood, Zombie e Colonial Mentality mostram seu engajamento contra o modo autoritário e repressor do governo nigeriano de sua época. Engajamento este que foi brutalmente violentado por covardes ações policiais em sua comunidade denominada República Kalakuta.
Referenciando Nietzsche quando este ao afirmar que o homem sem a música seria um erro, vê-se que a arte, e neste caso a música, é o campo de maior potência para transpor as barreiras humanas. A arte como necessidade ontológica da expressão de criação e pulsão de liberdade.



(Por Kauê Vinicius)

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