segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Notas de leitura: O amor nos tempos de 'Qualquer Poesia' de Carlos Drummond de Andrade

Notas de leitura: O amor nos tempos de 'Qualquer poesia' de Carlos Drummond de Andrade

As publicações de escritores como Carlos Drummond de Andrade eram esperadas com enorme expectativa, eram aguardadas como se espera fornada de pães na padaria de nossa predileção. Os escritores eram lidos e comentados, participavam de forma ativa de seu tempo. Andavam em citações e serviam para encantar o mundo, rapazes e moças trocavam livros e poemas, empregavam versos em suas linguagens. Moças copiavam e desenhavam sobre o poema manuscrito em folhas coloridas, criavam os seus próprios papéis de carta. O poeta e o papel de carta, andam em baixa.
Por isso, em meio à descrença, falo do Drummond, do primeiro, daquele que no longínquo ano de 1930 publicou Alguma Poesia (livro dedicado ao amigo Mário de Andrade). De forma particular, trago os primeiros versos do poema 'Balada do amor através do tempo':

"Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos"

Será assim, ao longo de cinco estrofes, o nosso casal encontra-se em lados opostos,  a rigor, nosso casal vive história de conflitos; adversários eternos, que, em cada época encontram-se e se perdem. Drama sem fim, que, na estrofe última dá fim ao desencontro:

"Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Se pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
Eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos"



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