Crônicas de um pai: nhenhenhêz
nunca fui dado a conversas naquela língua estranha,
falada por seres bobos que aninham as suas crias
entre flocos de algodão com purpurina.
quando muito abri espaço para algumas palavras no
diminutivo, entendi que alguns
objetos serviam melhor aos dedos de lulu
se fossem diminuídos.
não, não a vi como humano pequeno, mas como criança
que pede a minha mão para crescer e caminhar pelo
mundo. aprendemos a conversar. frases simples - sujeito,
verbo e predicado - e tudo mais veio com o tempo.
dia desses vibrei quando a ouvi usando gerúndio.
ela se deu conta de que na frase que construía cabia
gerúndio. ela conseguiu.
nada de nhenhenhêz, nada de nhenhenhêzando
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