terça-feira, 14 de março de 2017

Crônicas de um pai: falar sobre o racismo

Crônicas de um pai: falar sobre o racismo


Pense nas pessoas como se elas fossem móveis, como se fossem armários cheios de gavetas; grandes e vistosos.

'Estou pensando....posso pintar o armário?'

Sim, pinte-o como preferir.

'O que há nas gavetas do armário?'

Há de tudo um pouco, há roupas novas e velhas, casacos que não existem, livros perdidos e rasgados, pensamentos felizes e caras de ódio, barras de chocolate e uvas, frases esquecidas de antepassados e frases que foram apenas cogitadas e que jamais foram pronunciadas. Há de tudo naquelas gavetas, elas não têm medida.

'Quanto tempo leva para saber de tudo que há nas gavetas?'

Uma vida inteira.

'Uaauu, uma vida inteira ali dentro! O racismo está ali?'

O racismo nasce ali quando a pessoa não sabe aprender com as suas gavetas, quando ela perde o prumo e faz de si mesma uma medida, quando a sua natureza entrega-se ao desamor e elege Barrabás o herói do seu dia. Ela empunhará uma arma e uma palavra e dirá que vai fazer justiça.

'Triste saber que ao invés de brincar ela preferiu brigar'

Ela tropeçará nas palavras, irá do fraterno à intolerância em um instante. Lamento contar-lhe isso, lamento muito.

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