quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: a fuga

Crônicas de um pai: a fuga

Correr pela casa, ou melhor, engatinhar de um cômodo ao outro já é parte do seu repertório. À noite quando estamos os três em casa percebemos que ela fica satisfeita apenas quando estamos juntos. Se pai ou mãe por alguma razão saem do seu campo de visão Maria Luíza engatinhará atrás onde quer que estejam. Se a mãe foi ao quarto guardar roupas, Maria buscará por ela. Ofertará o seu sorriso cheio de dentes e ganhará os braços de quem lhe quer bem.

Encontrada a peça faltante Maria pode reunir uma vez mais todos ao seu redor. As reinações de Maria em casa são bem conhecidas nossas, outras são aquelas que ela faz diariamente em sua escola. Eu e Vany muitas vezes desejamos em pensamento acompanhar o nosso tesouro em seu dia. Vez por outra sabemos algo a respeito. Ontem, descobrimos algo de suas fugas. Soubemos que deixa a sala de sua turma  para ir a outros lugares, ir ao encalço, por exemplo, de uma berçarista. A pequenina Maria Luíza já redefiniu os seus horizontes. Engatinhar lhe deu asas  e está a fazer o seu cérebro processar informações em maior volume. "O mundo ao alcance de minhas mãos e pés", diria ela.

Beijo, filha!

ps. Sim, lhe deu asas, agora é hora de reforçar o estoque de sabão. As roupas de minha filha vivem sujas. As meias são um caso à parte, depois de usadas lembram mais uma operária de fábrica.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: prova de amor

Crônicas de um pai: prova de amor

Maria me ama, não tenho mais dúvida a respeito. O grude com a mãe não mudou, no entanto, posso ficar tranquilo e certo do afeto de minha filha. Dias atrás, Maria estava adoentada, estava febril e incomodada. Apesar do desconforto mamou e agora reclamava de sono, não era possível oferecer-lhe o meu colo eu dirigia. O resmungo de sono deu lugar ao primeiro choro, aquele choro leve que ainda guarda o resmungo mas não traz lágrimas. Foi aí que me vi em uma situação limite, daquelas que exigem solução corajosa. Eu cantei para ela.

Quando criança adorava cantar, os dias longos sem sol me fizeram calar. A falta de prática e a timidez operaram o resto. Hoje, sou um péssimo cantor, desafino e não tenho ritmo. Meu metrônomo interno tem a precisão e o andamento de uma árvore sob o efeito de uma tempestade tropical. Irregular e indefinido.

Cantei para ela. O cenho franzido de Maria poderia sugerir que ela não apreciava a barbárie que lhe chegava aos ouvidos. Seria a febre que causava alucinações ou o seu pai cantava aos tropeços?

Todavia, Maria adormeceu.

Fiquei a me perguntar se dormiu tranquilizada por meu gesto ou se de tédio para não me ouvir mais.

Tudo foi esclarecido logo mais, ao acordar Maria abriu o seu sorriso. Olhou-me e sorriu. Perdoou a minha falta de ritmo e de ouvido.

Grato, minha pequena!

ps. Se as redes sociais que tudo querem tornar público trouxerem imagens de motoristas dançando e cantando ao volante e, se por acaso, algumas imagens lembrarem do meu semblante de pai da Maria declaro que é montagem.

sábado, 26 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: amigdalite

Crônicas de um pai: amigdalite

Às vésperas de seu décimo mês os pais foram testados em seus forças. Longa jornada de cuidados e de hospital. Maria apresentou nas últimas horas quadro de febre. Há uma combinação de dentes e de inflamação das vias respiratórias que a comprometeu. Amígdalas e ouvidos dão sinais de que algo não vai bem.
Estávamos longe de casa e de nossa filha quando fomos chamados pelo berçário, Maria não estava bem. Pediam autorização para medicá-la. Cruzar a cidade para ir ao encontro de nossa pequena nessas condições não é sentimento simples. Corre-se atrás do dia de sol, ele voltará, por ora, há que se viver com o céu nublado.
Recebê-la na sala de espera do berçário foi alentador. Maria sorria apesar de suas dores e febres, apesar de ter em sua face esquerda cinco grosseiros arranhões, que, segundo nos disseram foram feitos por outra criança do berçário.
Os olhos vermelhos da mãe só conseguiram dizer 'que dia' antes de abraçar o seu tesouro.
Estamos em casa, certos de que o céu sorrirá amanhã e deixaremos para trás o dia de hoje.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: do que precisa?

Crônicas de um pai: do que precisa?

Fralda? Venha, vamos trocar a fralda, logo o dia vai raiar.
Não chore, minha pequena.
Venha, façamos inalação. Ajudará a limpar a sua respiração.
Os dentes incomodam? Você está febril, vamos medicá-la. Ficará bem.
Fome? Mamãe está aqui para lhe amparar e beijar a sua cabecinha cabeluda enquanto mama.
Sente sono? Venha, vamos colocar o seu cobertor favorito no seu bebê conforto e relaxar.
Não chore, minha pequena!
Do que precisa? Deixe-me segurá-la junto ao meu peito.
Diga-me o que sente.
Venha, deite a sua cabeça em meu peito e durma. Durma o soninho da manhã.

(E eu posso tolamente crer que todo o roteiro da manhã foi redigido para chegar aqui)

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: o verbo do dia

Crônicas de um pai: o verbo do dia

Sentar-se. Agarrar-se às pernas dos pais. Levantar-se sem ajuda. Escalar sem medo. Retornar ao chão. Girar sobre o próprio eixo. Resmungar aos quatro ventos e cômodos. Abraçar o mundo. Preparar-se. Engatinhar sem destino. Descobrir a cadeira. Sentar-se no chão. Agarrar os pés da cadeira. Puxar a cadeira. Esperar para ouvir o que dizem a seu respeito. Voltar ao mundo próprio. Sorrir. Engatinhar. Insistir e convencer aos que a rodeiam de que tudo está bem e ficará ainda melhor. O mundo é um bom lugar para se estar quando você está nele!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: precisa-se de capacete

Crônicas de um pai: precisa-se de capacete

Precisa-se de capacete. Precisamos de um capacete que seja confortável e não dê vontade de tirar. (Explico-me: Maria gosta pouco de chapéus e tocas, prefere-os longe de sua cabeça, se os colocamos, dá um jeito de se livrar).

Capacete que ajude Maria a se orientar pela casa e previna quedas.

Capacete que lhe permita memorizar rotas e caminhos, brincadeiras e objetos desconhecidos, perigos e zonas interditadas.

Capacete que antecipe os seus movimentos e lhe avise dos riscos de engatinhar e escalar.

Capacete que lhe permita ouvir as canções que são do seu agrado e deixem os pais tranquilos a respeito da qualidade daquilo que ela ouve e cantarola.

Capacete que a impeça de se machucar em um mundo de cadeiras e mesas.

(Pensando bem, queremos de três capacetes)

Crônicas de um pai: folhear um livro

Crônicas de um pai: folhear um livro

Sentada em meu colo, Maria estende as mãos para o livro próprio à sua idade. Ela sabe que depois da página há outra página. Busca pela folha seguinte. Estica os seus dedos pequenos para procurar, muitas vezes, as folhas chegam aos montes. "O que fazer? Vamos recomeçar, minha filha!"

As mãos cresceram e a coordenação esbanja habilidades. A mãe não se conforma a cada vez que seu bebê toma o pão ou a fruta de suas mãos para levar por si mesmo o seu alimento à boca bebê. Os olhos da mãe ficam molhados ao entrever a menina Maria no bebê.

Não chegou aos 10 meses e já quer ficar de pé.

O relógio do bebê segue ligeiro.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: ninguém a segura

Crônicas de um pai: ninguém a segura

Nas últimas semanas o cabelo cresceu, Maria ao nascer ostentava uma linda cabeleira, ao longo das semanas perdeu o primeiro charme para ganhar outros. Tudo mudou, os cabelos  estão voltando e dando feição menina ao nosso bebê.

Mais do que brincar e conversar sozinha, Maria agora canta a canção que aprendeu em sua escolinha. Canta e encena a canção aprendida. Quando Vany se deu conta de qual era a canção em virtude dos movimentos das mãos quase desmaiou de emoção. Cá estou eu buscando aprender a cantar para brincar com o meu bem.

Dias atrás Maria engatinhou para buscar uma bola, foi um feito. Ficou para trás, deixá-la ir ao chão significará que vamos correr ao seu lado salvando-a dos perigos domésticos. Ontem, ao voltar depois de minha jornada, ganhei sorrisos de mãe e filha. Como sempre, fui tomar o meu banho para ficar junto aos meus. Qual não foi a minha surpresa ao me dar conta que Maria engatinhara pela casa  procurar por mim e parou faceira em frente à porta do banheiro. A mãe a seguia e estava incrédula.

Maria redescobriu o meu colo e gostou. Ontem e hoje disse um categórico não ao bebê conforto. Falou que o soninho antes de partir rumo ao berçário seria junto ao peito do seu pai. Sinto-me alguém para a minha menina.

Roupas perdidas, mudanças de hábitos alimentares de uma hora para a outra, não é como ontem e não fazemos ideia do que está por vir.

Estamos aqui nada prontos, mas com toda a disposição do mundo para estarmos juntos na aventura.
(Assustados e felizes)

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: dormir em meu colo

Crônicas de um pai: dormir em meu colo

Tempos não dormia em meu colo, dormir, adormecer abandonada em um abraço era privilégio da mãe. Hoje pela manhã, depois de mamar e ao fazer inalação deitada em seu bebê conforto julguei, honestamente, que faria como sempre, isto é, adormeceria. Não, você fez diferente, resmungou e disse que não desejava o bebê conforto. Eu a levantei e a trouxe para junto de meu peito, fui surpreendido pelos seus movimentos que indicavam que você buscava uma posição para aninhar-se. Pronto, estava colada e logo o sono a abraçou. Fiquei encantado, afinal, não me lembrava mais do que era niná-la.


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: vacinação, sexta última

Crônicas de um pai: vacinação, sexta última

Na sexta que passou, levamos Maria Luíza para tomar vacina contra a meningite. Trata-se de vacina distinta daquela já tomada por ela em postos de saúde, é uma variação que ainda não é oferecida pelo sistema de saúde público. Lá fomos nós, fazia frio na tarde de sexta. Surpreendo-me com Maria, abriu o berreiro durante uns poucos segundos e, logo depois, estava serelepe e disposta. Disse que nos perdoava por levá-la a tão chato lugar desde que eu  e a mãe brincássemos no tapete de nossa casa ao lado dela até o sono chegar.

(sexta-feira, dia de comer esfihas!)

Crônicas de um pai: um, dois, três, quatro, cinco, seis....sete dentes

Crônicas de um pai: um, dois, três, quatro, cinco, seis....sete dentes

Os dentes nascem e deixam minha pequena inquieta. Ela sofre as dores do nascimento e pede ajuda (da mãe, é claro!)

Crônicas de um pai: Maria aprendeu a cantar (e eu, também)

Crônicas de um pai: Maria aprendeu a cantar (e eu, também)

Sábado último era dia de ir ao mercado. No banco de trás, Maria cantarolava e brincava com a sua mão no colo da mãe. De repente Vany acreditou reconhecer o gesto feito pela filha, acreditou que sabia qual era a canção que ela balbuciava feliz enquanto buscava olhar pela janela do carro.

Vany cantarolou a canção infantil e para sua emoção Maria reagiu de forma positiva. Sim, Maria brincava de cantar a canção que aprendeu. Agora, mãe e filha brincam e cantam. Confesso que estou perplexo. Elas que me ensinaram a sorrir, vão me ensinar a cantar.

beijo, Vany!

beijo, filha!

Crônicas de um pai: Siri não entendeu ainda

Crônicas de um pai: Siri não entendeu ainda

(Maria Luíza) bababá!

(Siri) Me desculpe, não entendi o que deseja.

(Maria Luíza) babababá!

(Siri) Sim, agora entendi. Você deseja mamão, já vou procurá-lo.

ps. O diálogo é quase verdadeiro, a diferença única está no banho sem fim que Siri levou, até agora ela tenta desvendar o que a usuária bebê deseja.

Crônicas de um pai: dia dos pais 2

Crônicas de um pai: dia dos pais 2

A memória traz à tona os dias em que eu era o filho do Sr. Pedro. (Eu tenho um pai, sou um filho). Eu o vejo ainda uma vez e lhe apresento a neta que não conheceu em vida. Ele chora, chora a sua vida e a sua neta.

Eu sou pai, sou pai de Maria Luíza. Ela sorri desperta e feliz, eu lhe retribuo o carinho e procuro lhe mostrar como tenho aprendido a sorrir com ela.

Eu sou esposo da Vany. Ela chora feliz, chora como mulher realizada e como mamãe no meu primeiro dia dos pais.

Grato por tudo,

Grato pela bênção da vida!

Crônicas de um pai: falar mamã (no dia dos Pais)

Crônicas de um pai: falar mamã (no dia dos Pais)

Maria conversa e conversa. Eu lhe digo o que está a acontecer e o que faço. Algum dia as palavras brotarão aos montes e ela não irá parar mais. Imagino-me partindo e desde já busco levar comigo o som de sua voz a tagarelar enquanto agarra o meu rosto.

No domingo dia dos Pais, a tagarelice da vez é o mamã que Maria usa para chamar o colo de sua mãe.

Crônicas de um pai: engatinhar

Crônicas de um pai: engatinhar

A semana que passou nos trouxe Maria engatinhando, agora, para frente. Ela já fazia das duas, engatinhava para trás, escalava o sofá partindo do tapete, realizava o seu espetáculo olímpico no solo com graça e sincronia. Engatinhar para frente não constava do repertório e da coreografia.

Maria e a mãe estavam sozinhas em casa, eu retornava da minha jornada. Vany me ligou para dar notícia do acontecido, ela estava emocionada, chorava ao telefone ao dizer que o seu bebê engatinhara para pegar uma bola. (não era uma bola, mas sim o relâmpago macqueen)

A alegria dos pais está ali, na habilidade adquirida por uma menina que balbucia fonemas como se cantasse.

Ninguém a segura!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: a mamadeira perdida (o que dizem os sinais)

Crônicas de um pai: a mamadeira perdida (o que dizem os sinais)

Acreditamos que mudanças de hábito estão a caminho, a alimentação e as horas de sono parecem não ser mais as mesmas. A mamadeira parece perdida, aos poucos, Maria Luíza a recusa. O berçário acusa na agenda todas as vezes nas quais ela disse que não queria tomar mamadeira. Por outro lado, legumes, frutas e sucos são aguardados com carinho e de boca escancarada. Em casa Maria aceita a mamadeira pela manhã, depois da saída da mãe para o trabalho, no mais, ela a recusa.
As horas de sono foram prolongadas, ela dorme mais cedo, no entanto ainda acorda diversas vezes durante a noite e a madrugada.
Entre a mamadeira perdida e o sono prolongado cá estamos, pai e mãe a tentar entender o que dizem os sinais.

Crônicas de um pai: vida de índio

Crônicas de um pai: vida de índio

Vany ficou irritada, muito irritada. Ela não se conforma com uma menina que não aprecia sapatos. "Como assim? Temos lindos pares para que ela os use e ela insiste em tirar todos no mesmo instante. Parece uma indiazinha a andar descalça a minha filha".
Dou-me conta que apesar do tamanho Maria é um bebê, um bebê que deseja ganhar o chão. As últimas semanas nos mostraram o que são meias encardidas de tanto palmilhar o planeta.
Confesso - que Vany não me leia - que fico orgulhoso. Maria esquadrinha o seu mundo, percorre-o e se suja. Calças e meias pedem dose extra de sabão.
Sou o feliz pai de um bebê travesso e sorridente.
Minha vida cabe dentro daquela mão que busca pelo meu rosto e que aperta o meu nariz. Estou ali, nada mais.

A bênção da vida em meus braços!

Agradeço (minha prece)

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: sou pai

Crônicas de um pai: sou pai

sou pai, tenho uma filha
sou pai, tenho uma filha
sou pai, tenho uma filha

vivo a repetir para mim mesmo,
meu mantra, meu destino
minha filha

como se não bastasse, pela manhã, ao deixar Maria Luíza
no berçário fiquei a buscar no quadro de entrada da escola
o boneco de super-herói feito pelas berçaristas a partir
da mão molhada de tinta de cada uma das crianças.

estava lá aquela mãozinha molhada de tinta de minha Maria
e a partir dela
o desenho de uma mulher-maravilha...!!!

Feliz Dia dos Pais!
Feliz menina Luíza!
Feliz mulher-maravilha Vany!

Crônicas de um pai: a troca de fraldas

Crônicas de um pai: a troca de fraldas

Se já era difícil trocar a fralda de minha filha, hoje, tudo piorou....
Sou o responsável pela primeira troca do dia, aquela da fralda cheia, até aí nada demais.
O drama começou quando à medida que Maria crescia o espaço do trocador tornou-se pequeno para a sua personalidade e sagacidade. Contê-la dentro do espaço, evitar que ela virasse de um lado o outro era tarefa impossível. Acreditava honestamente que o cenário de dificuldades não pioraria, enganei-me completamente.
À rotação dos quadris, Maria Luíza, pela manhã, mostrou-me que agora pode fazer mais e melhor: sentou-se. Forçou-me a concluir a troca de fraldas e de roupa com ela sentada.
Confesso que não estou preparado para tantas mudanças, minha filha não para de causar surpresas, ótimas surpresas.

beijo molhado, filha!

Crônicas de um pai: fotografias

Crônicas de um pai: fotografias

As fotografias me dizem quem ela já não é. Outra eu vejo agora, ainda que o mesmo bebê que sonhamos acalentar, ainda que o mesmo das fotografias, Maria Luíza é uma menina. Diferente em tudo, semelhante em tudo.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: calçar o tênis, tutorial

Crônicas de um pai: calçar o tênis, tutorial

Cena 1 (única)
Interior de uma casa, quarto de bebê

Pai e mãe têm nas mãos um par de tênis que procuram calçar no bebê

Diálogo entre os pais
(Mãe) Filha, ajude a mamãe! Endireite o pé, faça assim!! Isso, isso mesmo, obrigada meu amor!! Não, filha!! Não é para morder o tênis !!

(Pai) Ela conseguiu tirar o pé esquerdo! Tem certeza que é o número dela!!

(Mãe) Arg!! Não me irrite, você não vai querer ver uma mãezinha brava com fome de chocolate...

(Pai) Pronto!! Conseguimos calçá-la em apenas 10 minutos.....melhoramos a marca...

(Mãe) Eu sabia que conseguiríamos. Eu sempre soube. Nossa filha já sabe quem manda aqui!

A câmera fecha no rosto dos pais que se entreolham admirados e orgulhosos.
A câmera corta para o bebê que franze o cenho e traz para junto de si o pé calçado, alcança o velcro do tênis e o solta. Passo seguinte fricciona ambos os pés calçados e, assim, livra-se do tênis. Não leva sequer 10 segundos.
Câmera corta para os pais que mal se olham, incrédulos e mudos.

Diálogo dos Pais

(Pai) É !! Ficou mais bonita!! Ops, estou atrasado !!
(Mãe) Atrasado? Como assim?! Volte aqui não terminamos1

 - A câmera corta para o bebê que está a devorar o bico do seu tênis novo. Sorri feliz e agradece o mordedor que ganhou.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: fome de tudo

Crônicas de um pai: fome de tudo

Nada lhe escapa, todos os pratos, xícaras, canecas estão em seu campo de interesse. Janta, come a sua fruta de sobremesa e, passo seguinte, passa a beliscar a refeição dos pais.
Maria não gosta que usem o processador para preparar a sua comida, ela deseja pedaços e porções generosas. O seu ritual já é conhecido: faz a sua careta como quem se pergunta 'o que é isso?', sugere com os olhos que rejeitará o que lhe oferecem e, em seguida, abre a boca para comer mais. Maria Luíza aprende a saborear e a escolher.
Houve, até hoje, apenas a rejeição à beterraba cozida (cá entre nós, não é fácil comer aquilo), no mais, ela come de tudo até mesmo frutas com casca. Se não lhe dão o que pede os resmungos serão insistentes.
Ela sorri satisfeita e feliz.

Crônicas de um pai: o tapete colorido de Maria Luíza

Crônicas de um pai: o tapete colorido de Maria Luíza

Outrora, Maria ficava entretida em seu tapete colorido. Os brinquedos que estavam ao alcance de suas pequenas mãos lhe bastavam e eram tudo. A área do tapete, agora, é redesenhada constantemente. À lista que tinha trenzinho e bola, bonecos e móbile foi reescrita. Há o mouse do computador, as sandálias da mãe, a tampa da panela - e a panela, também - o vaso de plantas, o copo de vidro, a xícara...a lista não tem fim, afinal, tudo, absolutamente tudo que está em seu campo de visão lhe interessa. Fascinante acompanhar cada descoberta, perceber a maneira atenta e cuidadosa como Maria Luíza observa cada um dos objetos. Ela deseja saber o que são, quer balançá-los acima de sua cabeça e, muitas vezes, aprender o som que fazem, tudo é lúdico.
As frutas, também, são lúdicas em seu universo. Todavia, há aqui uma lista de cuidados. Até dias atrás Maria poderia brincar com a maça e a laranja, a natureza da fruta, a cor e o formato eram novas caras que o mundo tinha. Agora, visto que aprendeu que são frutas, são comidas, o apetite de nossa princesinha não se furta a mordidas generosas. A laranja nas mãos de Maria está a pedir para ser mordida e, mesmo com casca, ela abocanha a fruta que lhe sorri. Os cuidados são redobrados, o tapete colorido, lembra aquele Tejo que de tão grande permitia que se descobrisse o mundo interior sem sair de casa.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: o meu primeiro Dia dos Pais (o Dia)

Crônicas de um pai: o meu primeiro Dia dos Pais ( o Dia)

A escolinha mandou recados para a mãe, precisavam de não sei o quê do pai. Sim, assim, mesmo, a mãe decidiu que guardaria segredo, diz desdizendo e eu fico a ver navios.
Maria vive a resmungar comigo, ela está na fase em que a mãe é tudo. Lembra-se de mim apenas umas poucas vezes, no mais tudo passa por Vany.
É fato que Maria não tem idade, certamente não se lembrará do seu primeiro Dia dos Pais. Eu jamais esquecerei.
Olharei em seus olhos e agradecerei a sua presença em minha vida, ela virará para o lado a buscar pela sua mãe.
Eu a abraçarei e lembrarei de minha vida e de meus pais, intimamente apresentarei a neta que lhes dei; Maria insistirá que não deseja ficar no colo, quer ganhar o tapete e depois o cômodo que está além da porta.
Eu a erguerei acima de minha cabeça pedindo que abra as braços e estique as pernas para que possa dar o seu primeiro voo, Maria insistirá em sorrir, nada de voar, apenas sorrir como se todo o seu mundo estivesse ali.
Eu me voltarei para a mãe que insiste em colecionar lágrimas de alegrias e Maria resmungará dizendo que está farta de ficar no sofá e deseja caminhar; dirá em sua linguagem que engatinha para trás e quer que nos a conduzamos para frente.
Ela não se lembrará de nada disso, não se lembrará do primeiro Dia dos Pais, ela só quer ser e sorrir, comer e acarinhar à sua maneira frágil e doce, ranheta e encantadora.
Eu me lembrarei, insistirei com minhas memórias para nada perder do Dia que Maria ainda não conhece.

beijo, feliz Dia!

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Crônicas de um pai: cachos de rosas brancas

Crônicas de um pai: cachos de rosas brancas

O tempo de Maria é o tempo dos cachos de rosas brancas, nunca a roseira da entrada ofereceu tantas flores e por tanto tempo. As rosas se multiplicam e se renovam de forma contínua. Perfumadas não podem mais ser colocadas entre as mãos de Maria Luíza, tememos que ela volte a comê-las.
'Tão bonitas e gostosas, papai!'

Crônicas de um pai: divagações de Maria Luíza

Crônicas de um pai: divagações de Maria Luíza

Os olhos vivos, a articulação ritmada da fala de bebê, o rosto virando-se em um gesto de timidez e de charme. Ela está ali, está pronta, vivaz e tagarela, simpática e feliz.
(O que ela pensa a respeito do seu mundo?)

Crônicas de um pai: a coxinha de frango

Crônicas de um pai: a coxinha de frango

Os dias correm e as pequenas artes rendem boas risadas. Dona Vany saboreava uma coxinha de frango e levava no colo a nossa pequena Maria. Nada de oferecer a iguaria, afinal bebês não comem coxinhas de frango, se a nossa pediatra ouvir que a sua paciente provou do salgado estaremos em maus lençóis. Maria observava os movimentos da mão de sua mãe, coxinha para cá e para lá, e, aproveitando-se de um descuido abocanhou a coxinha. Tarde demais! Lá se foi um naco generoso. Bem, já que comecei é melhor confessar tudo e dizer que não podemos deixar guardanapo de papel sobre a mesa, Maria adora rasgá-los e...mastigá-los.
A lista de pratos favoritos não para de crescer, bem como a de inusitados e de impossíveis.

Crônicas de um pai: do berçário 1 ao berçário 2

Crônicas de um pai: do berçário 1 ao berçário 2



Decisão nada fácil a de deixar um filho em um berçário, no entanto, não havia maneira. A sociedade moderna inventou a separação da família. Aqui estamos. Agora o berçário avisa que Maria mudará de turma, ela cresceu e passará ao berçário 2. Como assim? Senta-se sozinha e deixou de lado o apoio para as costas. Cresceu e pronto, cresceu e abandonou hábitos e jeitos de recém-nascido. Dizem que é lactente de quase 10 meses a minha Maria Luíza. Eu fico a olhar a minha filha, acaricio a sua cabeça cada vez mais cabeluda e penso que em breve será uma menina.

Melhor não pensar nisso e aproveitar que por ora será apenas uma mudança de berçário 1 para o 2.