terça-feira, 19 de junho de 2018

Crônicas de um pai: o móbile (ou o carrossel do meu berço)

Crônicas de um pai: o móbile (ou o carrossel do meu berço)

Ela era pequena, pequena de berço, quando compramos um móbile. Era daqueles que ficam no alto do berço e damos corda. Eu e Vany fomos ingênuos, acreditamos que a presença da música e dos bichos coloridos em carrossel auxiliariam nossa filha a relaxar. Nós acreditamos que ela dormiria serena. Quanta ingenuidade! Nos damos conta que, agora, o berço aos olhos de nossa filha é 'paqui', isto é, parque, aquele mesmo no qual brincamos e corremos. Ela pede o berço e o móbile; quer o berço para ficar a pular e o móbile para lhe servir de música de fundo. Levanta e aponta para a sua cômoda e para os seus brinquedos, nos diz o que deseja e com o que deseja se divertir em seu 'paqui' pessoal. Chama os pais, ela os quer ao seu redor, quer trazer Tatá, o urso, que é quase da sua altura, quer a ajuda de Pingo, o elefante, tão grande quando o seu travesseiro. Quer tudo, quer o vião - avião - que está junto à luminária do teto do seu quarto. Ela brinca e brinca. O móbile incansável, gira sem fim e a música de ninar embala os jogos de nossa pequena. A corda do brinquedo já vai acabar e Lulu pressente a mudança, abri a boca de sono, os olhos pesam mais. O móbile cansa de ser carrossel e emudece. Nossa filha deita-se em seu berço desalinhado. Fica em silêncio e, de repente, levanta e proclama: 'cabou'. De pé aproxima-se do móbile e estica a sua mão para lhe dar corda. Fico a olhar para a minha pequena, ela alcança o móbile que está no alto e aciona o mecanismo. A trilha do 'paqui' recomeça e  a felicidade que ela extrai de seus jogos ilumina o quarto. Noutro dia, era bebê deitado no berço que lançava para o alto os seus pés para tocar o móbile, hoje, é a menina que usa as mãos para acionar o engenho do carrossel de seu berço.

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