terça-feira, 20 de março de 2018

Crônicas de um pai: da cor do abacate

Crônicas de um pai: da cor do abacate

Os sinais estavam ali. Maria estava incomodada com o olho direito, pela manhã ao acordar havia secreção. Rosto lavado ela parecia disposta, disposta para dormir um pouco mais, afinal acordar cedo, de acordo com o livro de Maria, vale apenas para o final de semana. À tarde ao buscá-la no berçário havia ligeiro inchaço sob o olho, saímos dali em direção ao hospital. Dona Vany estava a caminho de casa e nos encontraria para a nossa consulta de emergência. Hospitais são simpáticos quando os deixamos, a sensação de alívio após o diagnóstico normaliza a nossa respiração, nos devolve ao mundo. Dei-me conta do quanto estava apreensivo quando fui perguntado sobre o nome e a idade de minha filha, minha voz saía com dificuldade grande. Maria estava quieta e buscava entender o que se passava, olhava apreensiva. Os sinais eram de dúvida e de incômodo. Ficamos os dois ali, abraçados. De repente deu o seu sorriso, aquele de alegria com o qual diz ‘olá, mamanhē'.  Dona Vany estava aflita e ao abraçar a filha chorou. A consulta foi rápida, felizmente foi diagnosticada alergia que pede apenas compressa de água e colírio para lubrificar os olhos. Quando nós três deixamos o hospital respirávamos melhor. Não houve mais choro, exceto quando Maria comia a sua sobremesa de abacate após o jantar. Lá pelas tantas ela resolveu nos dar de comer do seu abacate, estava saciada e era hora de dar de comer aos pais, simples assim. Comemos o que havia ainda, dona Vany dizia que não aguentava mais, Maria ante a recusa da mãe não teve dúvida começou a fazer ‘vruumm' para convencer a mãe a dar mais uma bocada. Agora são os olhos de Dona Vany que pedem a minha atenção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário