quarta-feira, 28 de junho de 2017

Crônicas de um pai: algo mudou

Crônicas de um pai: algo mudou

Os nossos passeios pelo jardim estão diferentes. Maria Luíza sempre atenta e disposta a buscar pelas folhas, agora, dedilha a superfície das folhas, não mais busca macerá-las entre os seus dedos. Fiquei surpreso com a nova maneira de acariciar as plantas de minha filha. Ela me deu ouvidos por fim, não mais machuca as plantas, ela brinca com elas e demonstra a sua curiosidade. Descobriu o pé de framboesas cultivado pelo vizinho, fascinou-se com os cachos pequenos, menores que os seus dedos e que cabiam na palma de sua mão bebê. O rosto de minha filha, nessas horas, parece ir longe, ausenta-se, e ela busca tecer com os dedos o seu livro de impressões. Algo mudou, aos oito meses Maria exibe as suas predileções e aprende a se relacionar com as pessoas que fazem parte de seu mundo. Hoje à tarde quando Maria estava em seu bebê conforto conversava alegre com si mesma e com quem mais a quisesse ouvir, ausentei-me por instantes para ir ao cômodo ao lado e o céu azul mostrou um trovão que estava escondido...a satisfação deu lugar ao resmungo. Algo mudou, ela me deu ouvidos e não chorou, disse o que queria, ou melhor, resmungou que não desejava ficar sozinha; ao retornar para junto dela acreditava que encontraria uma expressão de choro em seu rosto, havia apenas o sorriso radiante - a exibir quatro dentes - de alguém que já tinha com quem conversar sobre as suas aventuras e reinações.

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