sexta-feira, 19 de maio de 2017

Crônicas de um pai: ainda agora alguém para guardar

Crônicas de um pai: ainda agora alguém para guardar

Ainda agora havia risos e muxoxos no quarto de minha filha, ela deveria estar dormindo, mas está desperta e feliz.

Eu me aproximo devagar e paro junto à soleira da porta. Minha mãe está recurvada sobre o berço e conversa com a sua neta. Ela se mostra bem, traz de volta o sorriso que a marcou como mulher, a disposição para o outro que era a sua maneira de amar. (Ela não deveria estar ali).

Maria Luíza e a avó se entendem bem, dialogam com sinais francos e fartos, assemelham-se na maneira de apertar os olhos quando demonstram carinho.

Falo com minha mãe, digo-lhe que é bom encontrá-la, ela não responde parece não me ouvir. Fico ali, quieto e colado junto ao batente. (Eu não deveria estar ali). Deixo-as brincar de avó e neta, volto para dentro de mim mesmo.

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