Ainda ontem ela ensaiava ficar de pé. Gostava de usar
travesseiros para alcançar a cabeceira da cama e espiar o que havia além. Tudo
durava uns poucos segundos até que perdesse o equilíbrio e caísse sobre os
travesseiros. Operação repetida e repetida, ela não se cansava. Hoje, caminha
firme e ligeira, não é propriamente uma corrida mas o seu passo acelerado parece
mais o de uma atleta de velocidade, eu não tenho fôlego e pernas para acompanhá-la,
sempre perco.
Quando começou? Quem lhe ensinou? Há segredos demais em
existir, tantos que muitas vezes fico calado, fico a olhar para a pequena como quem deseja passar desapercebido e fico a me perguntar tal como ela o que há depois da
cabeceira da cama.
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