quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: o maracatu e a lanterna azul

Crônicas de um pai: o maracatu e a lanterna azul

O final da tarde sábado foi de descobertas musicais e de encontro com as rampas de acesso do Sesc Santana. A apresentação de maracatu aos olhos de nossa pequena mostrou o que podem fazer tambores e chocalhos, pernas e braços em harmonia. Os primeiros instantes a deixaram de boca aberta, logo estava brincando.
Brincar brincar mesmo foi na a rampa de acesso, longa longa. Talvez 30 metros ou cerca 3000 se considerarmos o número de vezes que a subimos para acompanhar Maria Luíza em suas andanças de aventuras. As muretas laterais da rampa dispõem de diminutas lanternas azuis de sinalização que estão próximas à linha do chão. Receosa e curiosa, Maria Luíza desejava tocar nas ditas lanternas azuis, o dedo se aproximava, mas parava. Decidi encorajá-la e eu mesmo toquei a lanterna azul. Por que fiz isso? Agora, cheia de coragem ela deseja tocar as lanternas, todas elas, todas as lanternas da interminável rampa de acesso aos andares superiores do conjunto.
Ela ri e corre, ao longe os tambores do maracatu lhe servem de fundo musical para o encantamento de suas lanternas azuis.

Crônicas de um pai: minha tia-avó e minhas primas

Crônicas de um pai: minha tia-avó e minhas primas

'Meu querido diário,
Domingo visitei minha tia-avó Nadima, ela estava linda. Papai me disse que ela se parece com a avó Nassima. Deixei a casa de pernas para o ar, sobretudo quando chegaram as minhas primas Bianca, Giovana e Sandra. Ganhei colo, corri pela casa, subi escadas, comi bolo fazendo bocão, tirei os santinhos da tia-avó Nadima do lugar, mexi em sapateiras e outras coisas que ficarão apenas entre eu e a Bi. São segredos de meninas e hão de me entender.
Bom estar em família ganhando afagos e sorrisos. Quando nos despedimos ouvi pedido da avó Nadima para que não demorássemos a voltar, ela quer me ver crescer. Vou ganhar colo e poderei brincar com linhas e fitas métricas, retroses coloridos e tesouras....ooops, a tesoura foi proibida,
Meu pai me contou que minha avó Nassima também era da linha e da tesoura, agora, será a minha vez de aprender e, assim, ver a avó Nadima mais vezes'.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: o que é?

Crônicas de um pai: o que é?

As surpresas são diárias, a menina de ontem ficou lá atrás. Há outra entre nós, mais alta e preparada. As roupas encurtam, não há solução, já trocamos os amaciantes e, ainda assim, as saias e camisetas insistem em diminuir de tamanho. A cada dia Maria revela a sua maior capacidade de interagir, ela percebe e entende mais e mais. A menina de ontem, ao dormir, depois de nossa jornada juntos nos fez crer que a conhecíamos. A menina de hoje, ao acordar, perguntou ‘o que é?’. Maria me via abrir o guarda-roupa e estava curiosa. A frase era nova em sua boca, a combinação de fonemas inédita. Maria acordou outra, mais alta e preparada. Eu e a mãe sem chão frente ao nosso bebê-quase menina que insiste em nos surpreender. A vida vista de perto é milagre que não  cessa de nos arrebatar. 

Crônicas de um pai: pai, ôppai, papai, papaiee

Crônicas de um pai: pai, ôppai, papai, papaiee

Ao descobrir e brincar com a linguagem a pequena Maria cria situações ternas e irresistíveis. Ela toma pé da situação e aprende como nos chamar. Ôppai, mamã e por aí vai. Ela sabe o que os nomes significam, aos poucos os dedos que tudo apontavam para chamar, ganham papéis outros em sua vida. Difícil entender e assimilar a extensão de tudo isso, assemelham-se aos seus passos ligeiros que nos deixam para trás.

 Ainda ontem assistíamos vídeo de Maria correndo feliz para ver as galinhas do quintal da casa do Sr. Humberto e de Dona Elisabeth. Passos fortes para ver a ‘cocó’. Maria estava conosco assistindo e ficamos a nos perguntar se ela era capaz de se reconhecer nas imagens. Os dias que seguem são velozes, temos apenas a certeza que muito breve ela dirá o próprio nome. Ela cresce.

Crônicas de um pai: rosas brancas

Crônicas de um pai: rosas brancas


Nossa casa está encantada com tão nobre presença. A roseira branca da entrada da casa que ofertava as flores da devoção de minha mãe a Nossa Senhora Aparecida continua a nos presentear com cachos e cachos de rosas brancas. Não passamos mês sem rosas doces e perfumadas.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: 'papai, quero colo!'

Crônicas de um pai: 'papai, quero colo!'


Passos firmes em minha direção, braços abertos para me tomar pelas pernas e pedir atenção, pedir um abraço seguido de colo. Eu não resisto, porque deveria, aliás, perder tantas chances. Eu a tomo em meus braços e atendo aos seus desejos. Maria gosta e pronto, nada mais importa, ri de minhas tolices, mostra-se alegre com minha falta de jeito e de modos. Sabe de minha inexperiência como pai e mostra-se aberta e franca para ensinar coisas do seu mundo de bebê-quase menina. Respiro para retomar o prumo e coloco em suas mãos pequenas a minha sinceridade de pai.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: Dona Júlia e a touquinha de lã

Crônicas de um pai: Dona Júlia e a touquinha de lã

Foi grande a surpresa quando Dona Júlia nos trouxe uma touca de bebê de lã. Dona Vany a procurara mais cedo buscando informações sobre tipo de lã e número de agulha para peça que desejava fazer para Maria Luíza. Ao receber Dona Júlia ouvi: 'não sei se vai se lembrar'. Tomei a touquinha de lã em minhas mãos  e disse de pronto que reconhecia o ponto, mas não sabia de quem era. Continuei a observar a peça e tive certeza de que os pontos eram os favoritos de minha mãe. Não sei tricotar, mas sou filho de uma profissional da lã. O desenho formado pelas carreiras e a transição entre as distintas cores levavam a assinatura Nassima Abdalla. Levei anos de minha vida ao seu lado vendo-a tricotar, ajudei-a desmanchar peças de lã um sem número de vezes. Lá estava, agora, uma touquinha de lã que minha mãe tricotou quatorze anos atrás. Ela pertenceu à neta de Dona Júlia que com capricho e carinho a guardou durante esses anos todos. Meus agradecimentos sinceros a Dona Júlia que a trouxe de volta e se dispõe a nos ensinar a tricotar a peça que logo mais pertencerá à neta de Dona Nassima.

Crônicas de um pai: trissílabos

Crônicas de um pai: trissílabos

No início eram os monossílabos, depois, tempos depois, chegaram os dissílabos, agora é a vez dos trissílabos. O primeiro que ouvimos foi ‘pequeno’. Entre os livros da estante de Maria Luíza há um que ela ganhou quando estava ainda na barriga da mãe. De fato, era um livro de banho e as poucas e ilustradas páginas nos primeiros meses de vida serviram mais para aliviar a gengiva do nascimento dos dentes. O livro exibe ranhuras e cicatrizes que comprovam a voracidade de nossa pequena. À medida dos dias o livro de banho ganhou novos usos, nossa menina passou a ler o seu livrinho à sua maneira. Entre as palavras que compõem a história está o ‘pequeno’, que, de tanto ouvi-lo agora é parte de seu vocabulário. O primeiro trissílabo perfeito para se juntar às frases que ensaia diariamente.
Não é algo pequeno falar pequeno pela primeira vez.


ps. Beijos, pequena!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Crônicas: cinzas do recomeço

Crônicas de um pai: cinzas do recomeço

A quarta chegou e contou-nos das cinzas que reiniciam nossas vidas e as deixam sob o sinal da transcendência. Estamos e estaremos aqui.
Beijo!

Crônicas de um pai: pequeno como confete de carnaval

Crônicas de um pai: pequeno como confete de carnaval


Maria é criança atenta ao pequeno. Se o tapete da sala esconde um linha perdida, Maria a encontrará. Pedaços de papel caídos dos bolsos e bolsas dos pais estão entre os seus brinquedos de faz de conta. Na terça de carnaval ficamos a imaginar como ela reagiria aos confetes, o salão tinha o chão coberto de papeis coloridos de todo tipo e tamanho. Do pequeno ao grande, de um pedaço solitário a uma enxurrada lá estava  Maria criando as suas relações e fazendo as suas sinapses trabalharem. O resultado de tudo foram risadas e corridas pelo salão afora. A alegria contagia.

Crônicas de um pai: a cabeceira da cama

Crônicas de um pai: a cabeceira da cama

Ainda ontem ela ensaiava ficar de pé. Gostava de usar travesseiros para alcançar a cabeceira da cama e espiar o que havia além. Tudo durava uns poucos segundos até que perdesse o equilíbrio e caísse sobre os travesseiros. Operação repetida e repetida, ela não se cansava. Hoje, caminha firme e ligeira, não é propriamente uma corrida mas o seu passo acelerado parece mais o de uma atleta de velocidade, eu não tenho fôlego e pernas para acompanhá-la, sempre perco.

Quando começou? Quem lhe ensinou? Há segredos demais em existir, tantos que muitas vezes fico calado, fico a olhar para a pequena como quem deseja passar desapercebido e fico a me perguntar tal como ela o que há depois da cabeceira da cama.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: aprender a rir

Crônicas de um pai: aprender a rir

Tantas vezes o riso sincero e espontâneo ficou de lado, caiu em valas junto ao acostamento. Tantas vezes deixei de lado minhas vontades e abri mão. Ao longo dos dias a linha dos lábios mudou e eu me esqueci de como era rir.
Ela me faz rir. Surpreendo-me com a boca aberta e os olhos vidrados naquilo que ela está a fazer.  Ninguém fica indiferente, tal como hoje durante visita aos amigos Humberto, Elisabeth e Gian. Ela nos ajuda e ensina a rir. Creio que as duas cachorras da casa, bem como o galo e as galinhas, também, em algum momento sentiram-se satisfeitos rindo com ela.

Crônicas de um pai: 467 dias

Crônicas de um pai: 467 dias

Os molares não dão trégua e a inquietação cheia de dor dá o tom. Apesar disso, há tempo para oferecer encantamento. Ainda acorda de madrugada para mamar e mesmo sonolenta acha jeito para mostrar ao que veio ao mundo.



Crônicas de um pai: almoço na casa da prima Antônia

Crônicas de um pai: almoço na casa da prima Antônia

Domingo de Carnaval comemorado na casa da prima Antônia. Maria Luíza estava eufórica, afinal de contas, havia dois cães para brincar. Logo ao chegar deixou o colo dos pais para iniciar as suas reinações junto a todos. A prima Antônia - lado paterno de minha família - ofereceu-nos o seu tempero mineiro e a sua generosidade. Maria Luíza adorou tudo, resmungou quando os pais não lhe ofereceram os doces de sidra e de figo.
Carinho de família e boas risadas para lembrar das artes e descobertas do domingo de Carnaval.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: Quaresma do Amor

Crônicas de um pai: Quaresma do Amor

Não passa um dia sem que eu e Vany conversemos a respeito do tempo presente. Violência de toda sorte, deseducação e egoísmo, somos uma sociedade doente. Como damos continuidade à vida quando a mentira e o grotesco são valores? Como cuidar da formação de nossa bebê-quase menina em meio ao turbilhão? Hoje, sexta, ao levá-la ao berçário falei-lhe do sentido e significado da Quaresma. Disse-lhe que havia alguém que perguntava e buscava por um outro tempo. Maria Luíza ouvia tudo com atenção. Sabe agora da Quaresma e que a sua fantasia de palhacinha está em sua mochila para festejar o seu Carnaval que antecede e há de ser parte de sua Quaresma do Amor.


ps. Nada contra as princesas, mas da janela do ônibus já avistei três princesas; havia, também, uma heroína dos quadrinhos. Minha pequena palhacinha há de colorir a festa com sorrisos e afeto

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: fazer as pazes

Crônicas de um pai: fazer as pazes


Agora é sério, todas as tardes eu e Maria Luíza brigamos. Para deixar tudo bem organizado nossas brigas ocorrem sempre no mesmo horário e lugar: a saída do berçário. Não há festa ao me ver, apenas para a mamãe e para os que estão ao meu redor, sou ignorado. Não ganho abraços e sorrisos. Ela não me perdoa por deixá-la logo cedo e partir. Protesto de forma veemente e sou de forma completa abandonado. Não há lugar em seu momento de euforia para um pai à saída da escola. Os olhos grandes e castanhos não me buscam e, tampouco, oferecem repouso. Estamos brigados, eu a deixei e agora ela demonstra o seu desconforto. Tomado pela calma digo: “Vai voltar caminhando para casa, não tem carona”. Ela me ignora, aliás, eu mesmo não levo a sério a minha mágoa. Agarrada ao colo de Vany, minha Luíza entra resmungona no carro como se estivesse a protestar contra algo. Dura pouco a perturbação, logo Maria Luíza está a rir e a acenar para o mundo que vê de sua janela favorita. Satisfeita acha jeito de esticar o braço para me tocar. Sinto os dedos da bebê-quase menina pedindo atenção e sorrisos. Digo-lhe, ainda bravo, que não quero saber de papo. Ela insiste e eu aceito fazer as pazes.  O meu mundo volta a sorrir a sua boca cheia de dentes no banco de trás.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: o leque

Crônicas de um pai: o leque

Aprendeu cedo a brincar com o que estava ao alcance de seus olhos e mãos. Absolutamente tudo que está ao seu redor é do seu interesse, assim são os bebês-quase meninas, assim é o milagre que temos em nossa casa.
Se varremos o chão lá esta Maria Luíza para nos ajudar a...esparramar a sujeira de novo. Não é de hoje que os brinquedos fazem menos sucesso que os objetos da casa. Como aprendiz ela reutiliza e altera a maneira de usar e a função do seu mundo.
Não, meu amor, isso não é uma vassoura ou um espanador. Quem o criou desejava espantar o calor excessivo, isso é um leque, minha filha! Leque que seu pai deu à sua avó tempos atrás.
Agora o leque está no chão entre a bola de tênis e a vassoura de faz de conta.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Crônicas de um pai: preciso lhe falar

Crônicas de um pai: preciso lhe falar

Muitas vezes tudo ficará escuro, a deseducação das pessoas ao seu redor pesará e os equívocos do seu tempo trovejarão em seus ouvidos. Muitas vezes.
Outras vezes, a maior parte das vezes, esperamos, o mundo será receptivo e cheio de méritos e virtudes. Trará a graça entre os dedos das mãos e um sorriso de generosidade desinteressada.
De uma forma ou de outra peço que seja maior e melhor do que eu - e sua mãe - na hora de colher rosas em seu jardim.