segunda-feira, 1 de julho de 2019

atualizações do blog

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por ora, as atualizações - crônicas de um pai e demais textos - serão publicados no meu site

http://josiasabdalladuarte.com.br/

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Santos Dumont (5): o balão e a tempestade

Santos Dumont (5): o balão e a tempestade 

O que o movia? O que sentia o nosso voraz leitor de Júlio Verne? Declarou certa vez que
deu-se conta de que a navegação aérea colocava desafios que a literatura ficcional do romancista não
permitia entrever. Os registros e livros deixados por Santos Dumont nos revelam algo
de suas expectativas e aventuras. No livro 'Os meus balões' retrata algo do que experimentou
a bordo do Balão Brasil durante voo noturno. Vale conhecer, a tradução do francês para o português
é de A. de Miranda Santos:

"Não atendendo a ninguém parti conforme havia deliberado. Em breve, lastimei-me da minha temeridade (...)
Achava-me só, perdido nas nuvens, entre relâmpagos e ruídos de trovões; e a noite se fechava em torno de mim.
Eu ia, ia, nas trevas. Sabia que avançava a grande velocidade, mas não sentia nenhum movimento. Ouvia e recebia
a procela e era só. Tinha consciência de um grande perigo, mas este não era tangível. Uma espécie de alegria selvagem
dominava os meus nervos (...) Lá no alto, na solidão negra, entre o fulgor de relâmpagos que a rasgavam e
o faiscar, eu me sentia como parte integrante da própria tempestade (...) falo desta aventura porque foi objeto
dos comentários dos jornais, e porque serve para mostrar que a aeroestação à noite é perigosa mais na aparência
do que na realidade"
(Santos Dumont. Os meus balões. Trad. A. de Miranda Santos. Guanabara: Ed. do Exército, 1973, pp. 102-03)

O episódio narrado teve lugar em 1900, estávamos frente a uma grande virada. Desde as grandes navegações dos séculos
XV e XVI, as narrativas de viagens fizeram do mar o grande desafio: História Trágico-marítima de Gomes de Brito ou Moby Dick
de Herman Melville, entre outros. Agora, às portas do XX, o ar (o céu) abria-se à aventura. A viagem acima retratada foi
feita a bordo do pequenino balão esférico que iniciou a vida areonáutica de Dumont - o Brasil - agora, era preciso
deixá-lo para trás e começar os trabalhos que culmirariam na dirigibilidade plena.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Crônicas de um pai: assediada

Crônicas de um pai: assediada

roteiro tantas vezes repetido:
escritora fala sobre si mesma e o seu trabalho, utiliza as redes sociais para os seus registros.
expor-se a coloca como alvo de comentários de todo tipo, entre outros, os assédios.
lá pelas tantas, a escritora solta o verbo e responde, ou melhor, chuta o balde na cabeça do agressor,
com isso, expõe a agressão. entre nós expor a o gesto deseducado e moralmente recriminável é muitas vezes tratado como algo pior do
que a atitude do agressor.
não é está nota sobre uma escritora em particular, mas sobre todas as escritoras vítimas de
homens machistas e vulgares que usam a rede (distância e anonimato) para dizer e revelar o quanto são tolos
(para dizer o mínimo).
se a mulher expõe a agressão sofrida, triste escolha, ela será recriminada por chutar o balde.
o silêncio é o que se deseja da pessoa agredida, já que o agressor - físico e virtual - anda impune e
acaba de tomar o elevador do condomínio.
minha doce lulu, minha querida vany, o mundo está doente. estou aqui e vou fazer como nossa filha tantas vezes pede: 'liga para a doutora'. Enquanto conversava com a doutora camila, rabisquei meu silêncio aqui.

Crônicas de um pai: a médica, a girafa e o hipopótamo não tomam banho

Crônicas de um pai: a médica, a girafa e o hipopótamo não tomam banho

a mãe: filha, vamos tomar banho!
a menina: não, não quero tomar banho
a mãe: nada disso, ontem já não quis tomar banho.
a menina: não, porque a médica, a girafa e o hipopótamo não tomam banho, tomam quinta-feira
a mãe: não sei se não tomam banho, mas você vai tomar
a menina: socorro! socorro!
ps. ambas tomaram banho, já a médica, a girafa e o hipopótamo fugiram apressadas
quando ouviram a água do chuveiro cair

História do Automobilismo Brasileiro (4): Chico Landi e Manuel de Teffé

História do Automobilismo Brasileiro (4): Chico Landi e Manuel de Teffé
Os nomes de alguns pilotos ficaram registrados, seja nos jornais e revistas da época ou nos
registros dos organizadores (Clubes de Automóveis). Nossos historiadores do automobilismo nacional são poucos, poucos mas notáveis
em seus esforços. Entre outros, registro aqui o nome de Paulo Scali que em seus livros (Chico Landi de ponta a ponta) ou Circuito da Gávea com grande
esforço reune informações e fotografias que nos permitem rica aproximação do que foi o automobilismo no Brasil nas primeiras
décadas do século 20.
Há sim uma vontade grande por parte de muitos apaixonados pelo esporte a motor no Brasil que de maneira solitária
reúnem informações em arquivos e registros pessoais. O desafio, por um lado, é incentivá-los para que persistam em seus
trabalhos de pesquisa, não desanimem frente aos desafios e ao descaso e, torcer, para que no futuro tais arquivos sirvam à organização de registros justos e fieis aos pioneiros (pilotos, mecânicos, patrocinadores, organizadores e aficcionados).
(por Jorge Dabuz)

Ramón Otero Pedrayo

Ramón Otero Pedrayo: velho como a terra

A singularidade de sua maneira de experimentar a sua terra conferiu à sua escrita personalidade.
A língua escolhida para dar voz aos seus personagens e tramas aos poucos recuperava o fôlego
literário que tivera noutros tempos. Desde a unificação dos reinos ibéricos na Idade Média
o castelhano, língua de Castela, coroa do Reino da Espanha, ganhara primazia régia frente aos demais
reinos e as suas línguas. A Galiza de Otero Pedrayo aos poucos desaprendeu o galego. De tanto caminhar
pelos interiores do seu mundo, de tanto ouvir os seus moradores e as suas falas, decidiu-se
que lhe cabia dar letra às vozes que conhecia e amava. Escrita amorosa.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Crônicas de um pai: dois anos e oito meses

Crônicas de um pai: dois anos e oito meses

ela anda chorosa, há um dente que a incomoda. mais do que isso, creio que os anos já pesam. deu-se conta de que o tal do crescimento e das mudanças envolvidas não são nada fáceis.
ela é uma menina-quase mocinha. interessa-se por tudo, se há estrelas no céu ou maçã em sua fruteira. chamou-me ontem à noite para brincar em sua casa de bonecas. vive a dizer que as suas bonecas estão doentes, mamadeiras e remédios imaginários estão por todo lado. deixou-me feliz quando reuniu o casal que mora em sua casa de bonecas e a filha para um abraço.
pediu-me skate do homem-aranha (a mãe surtou, pelo pedido e por eu ter aceitado). anda agarrada às suas amigas. cacá, sempre ao seu lado, agora é acompanhada ora de um coelho, ora de um porquinho. o círculo de amizades cresce. subindo escadas de casa, parou quando percebeu que das frestas do degrau brotava uma flor amarela, tão grande quanto a unha de seu mindinho. colheu a flor e voltou a subir. enquanto buscava as chaves para abrir a porta a menina-quase mocinha olhou para o alto, sorriu para mim e disse: ' você está alto, papai!'. dito isso ofertou-me a flor que colhera: ' para você, papai'. depois de receber presente tão grande agradeci. 'de nada, papai!'.