quinta-feira, 31 de maio de 2018

Crônicas de um pai: o sol e o vaga-lume

Crônicas de um pai: o sol e o vaga-lume

Enquanto o pequeno leão tocava violão o vaga-lume cruzou a tela da TV. De pronto, ela chamou o sol pelo nome. Não, filha, não é o sol, mas um pequeno vaga-lume. Ele brilha como o sol, ele se parece com um, mas é um inseto que ilumina.  Depois disso, ela chamou o pequeno inseto a cada vez que ele aparecia pelo nome sol. Creio que ela entendeu a história do vaga-lume, mas passou a brincar de ouvir as minhas explicações a respeito do pirilampo que brilhava como o sol.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Crônicas de um pai: brincar é coisa séria

Crônicas de um pai: brincar é coisa séria

Entrar na brincadeira pede dedicação, não se pode fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. O tempo de brincar pede que se esteja inteiro. Entrar no jogo, vestir a personagem qualquer que seja, o cavalo, ou o bem-te-vi, a boneca a ser ninada. Estar inteiro e, ao mesmo tempo, dar-se conta de que a roda gira ligeira. Deixa-se a boneca para pegar o lápis de cor e brincar de apontar, brincar de pintar a folha em branco ou a borda da agenda. As informações e os jogos são tantos que a todo instante há algo diferente para fazer. A mocinha de 19 meses e três dias tem muito a me ensinar sobre o tal tempo.

domingo, 27 de maio de 2018

Crônicas de um pai: papul, papul, papuuulll!

Crônicas de um pai: papul, papul, papuuulll!

Foi assim, à meia-noite, depois às 3 e, por fim, às 6 da manhã. Maria acordava, sentava-se sobre o seu cobertor e ficava a me chamar. Sim, durante o dia sou papai, após a meia-noite sou papul, o fazedor de mamadeiras. Aquele que cambaleia e teme ir ao chão com a filha e tudo mais. mamadeira tomada é hora de dormir, na última mamada às 6, antes de virar no berço para dormir, Maria Luíza bateu palmas de satisfação e fechou os olhos.
Durma com os anjos, minha filha! Vou colocar o meu despertador para o horário do almoço....beijos!!

sábado, 26 de maio de 2018

Crônicas de um pai: mais ou menos assim

Crônicas de um pai: mais ou menos assim

Sentada levanta os braços para saudar e chamar pelo cuco que dorme dentro do seu relógio favorito. Passo seguinte esparrama-se no sofá e se põe a pedir tetê, ajeita-se e traz o pé calçado para junto de si para abrir o velcro com a ponta dos dedos. Volta-se para a claraboia que traz a luz da tarde e lhe permite ver a cor de outono das samambaias rendadas que aos poucos retornam do longo silêncio depois da partida de Dona Nassima. Na rua, cães latem e Maria ergue o dedo para chamar a atenção. Tetê pronto, mama como se o mundo estivesse ali. Saciada é hora de dançar a 'dona borboletinha'. Incansável deixa o sofá para buscar a caixa de brinquedos, sai de lá com uma boneca que precisa ser trocada e ninada. Onde estão os cremes? 'Abri abri'. Como se diz? 'por favor', lá vai ela lambuzar a mão de creme e encantar de aromas a sua boneca. A Goiaba descascada - e sem sementes - é devorada e os dedos pequenos são degustados como se de açúcar fossem. As chaves, as chaves. Ela aponta para as chaves da casa que estão penduradas na parede. Ela deseja sair, quer cuidar das plantas, sobretudo depois que ganhou um regador. Gato! Gato! há que se encontrar tempo para atravessar a rua e cumprimentar os gatos de nossa vizinha. Tantos são, mas há apenas um que atende aos seus rogos e chamados e se esparrama no chão para receber carinhos. Hora de voltar para casa, hora de descansar um pouco, de dormir um pouco. O sono a invade, Maria resiste o quanto pode. Procura repetir o seu repertório de reinações, mas aos poucos ela se rende. Encanta os travesseiros e as cobertas com a sua presença. Descanse meu amor, logo mais nos vemos, estaremos aqui.

Crônicas de um pai: 19 meses (19 + 9 = 28 meses)

Crônicas de um pai: 19 meses (19 + 9 = 28 meses)

Maria Luíza comemorou caminhando pela rua, subiu e desceu. Visitou vizinhas, ganhou elogios, despertou lembranças, despertou sorrisos e lágrimas. Decidiu não dormir o sono da beleza que faz no meio da tarde. 'Havia tanto a fazer, mamãe e papai estavam em casa'. Agora ela leva a sua tartaruga de rodas pela cozinha. O sono chega, mas ela resiste. Não demorará muito agora. Venha, vamos comemorar os seus 19 meses sonhando o domingo de reinações.

Crônicas de um pai: Princesa Odete e os cisnes

Crônicas de um pai: Princesa Odete e os cisnes

Aos poucos ela abre o livro, sabe a página que lhe interessa. Conhece algo da história, eu e Vany mudamos as partes que nos pareceram impróprias para a sua idade. (Ou melhor, há histórias que parecem não servir para nenhuma idade: quem quer ouvir do lobo no caldeirão?). Cuidados redobrados, Maria Luíza chama por Odete. Não é um nome simples, mas ele já está na boca de nossa filha. Nome inteiro: Odete odete odete.
Hoje, Odete anda cansada de ser um cisne e está decidida a nos visitar de tão alegre, ela quer conhecer a menina que chama pelo seu nome.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Crônicas de um pai: confusão

Crônicas de um pai: confusão

O exercício da linguagem a coloca frente a desafios como entender a diferença entre papai e papel, arara e aranha e por aí vai. As semelhanças a confundem e a ajudam a misturar alhos e bugalhos em suas reinações luluzianas. Nos primeiros dias de vida ela tinha o cenho franzido, nas semanas seguintes a dúvida deu lugar à satisfação, deixou o franzido pela boca sem dentes e, agora, ri alegre a sua boca cheia de dentes.
Adora água, adora sempre água, se faz calor ou está frio lá vai ela brincar com a água. Ganhou mesmo um regador de plantas e prometeu com o dedo para o alto que há de recuperar as plantas que um dia floresceram em sua casa. Não tenho dúvidas disso, se alguém pode fazer o movimento se inverter é o nosso pequeno milagre.

Crônicas de um pai: a troca de fraldas

Crônicas de um pai: a troca de fraldas

Tantas vezes foi trocada que decidiu brincar de trocar fraldas. Após o jantar, pontualmente, Maria Luíza busca pelo seu trocador. Ela o abre e o estende sobre o chão da cozinha. Busca pelo lenço umedecido e pela pomada contra assaduras, feito isso traz o boneco que vai trocar. Ficam ali, mãe e filha, digo, boneco, durante longos minutos. Movimentos lentos, afagos e beijos. Não aguento tanto mimo.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Crônicas de um pai: papai e papel

Crônicas de um pai: papai e papel

As últimas horas foram de enormes mudanças. Desde que nasceu conversamos com nossa filha, falamos o que são as coisas que estão ao seu redor. Depois de meses nos dando ouvidos e após longos treinos vocais ela começou a responder. Diverte-se repetindo palavra que acaba de ouvir, diverte-se assim. Ontem, por exemplo, ficou a chamar pelo sofá no qual estava sentada. A brincadeira com a aranha que subia pelas paredes arrancou aranhas e aranhas que depois confundiram-se com araras e araras. Ela deu um salto nas últimas horas, encontrou atalhos para dizer o que sabe. A prece foi reformulada: mãos postas foi direto para o amém!

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Crônicas de um pai: ciúmes

Crônicas de um pai: ciúmes

Qualquer bicho de pelúcia ou boneco ganha mais afagos do que eu, ganha mais cafuné, ganha mais beijos, mais cuidados e por aí vai. Maria cresce e a cada dia mostra ao que veio, cuidadosa com os seus pequenos bonecos, brinca de menina e ensaia os seus passos. Vivo a me perguntar como se planta a confiança na alma de uma criança, não a confiança nascida da arrogância e da prepotência, mas aquela outra criada em meio ao jardim segura de que a rosa dará flor.

Crônicas de um pai: vamos brincar?

Crônicas de um pai: vamos brincar?

Ela me olha como seu eu fosse alguém relevante para o seu dia e o para o seu sossego. Ela chama pelo pai com variações e escanções que me fazem ficar arrepiado de alegria. Ao me saudar depois de longo período sem me ver pula e grita de satisfação. Eu que tantas vezes acreditei-me pequeno dou-me conta que sim, sou pequeno para aqueles que me viram assim, no entanto, sou para a minha mocinha alguém com quem ela conta, alguém para quem ela gosta de sorrir. Aos que sempre deixaram pedras em meu caminho deixo o meu abraço, ao milagre que sorri para mim o meu beijo e o meu convite para brincarmos.

Crônicas de um pai: saiuuu!!

Crônicas de um pai: saiuuu!!

Os verbos e as solicitações estão pulando pela casa, o estágio atual da linguagem de nossa pequena recria as situações. Ela adora música, adora acompanhar vídeos de canções infantis em redes. É claro aos seus olhos a diferença entre a canção e a propaganda e a cada vez que a propaganda surge nossa mocinha pede ajuda para trazer de volta a canção infantil perdida com um enfático 'saiuuu!'. Sempre fico receoso com a sua exposição aos materiais da rede, todavia, creio que a linguagem visual é importante, ela fez parte de nossa história como sociedade, desgraçadamente nos vulgarizamos nos tempos últimos. Lá está a minha mocinha cantando e dançando o seu 'cai, cai balão', cantando e dançando o balão colorido que voa lá no seu de sua imaginação. A educação de uma criança pede atenção e agora, felizmente, conto com a sua ajuda a cada vez que os meus olhos não estiverem atentos à tela e não perceberem que a canção deu lugar ao comercial.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Crônicas de um pai: perspectiva (ou a arte de fazer de conta)

Crônicas de um pai: perspectiva (ou a arte de fazer de conta)

Nos últimos dias, eu e Vany conhecemos algo mais a respeito da maneira como criamos a nossa filha, algo mais sobre como nós a trocamos e a acarinhamos, algo mais sobre troca de fraldas e  higiene. Não, não assistimos a nenhum vídeo, tampouco fomos interpelados por Doutora Camila sobre nossos hábitos com nossa mocinha.
Aprendemos mais a respeito com a própria Lulu. A vida de uma mocinha é sequência de fases e a atual é a de brincar com bonecas. Ela leva longo tempo a brincar com as suas bonecas, nenê como gosta de chamá-las. Os seus movimentos são lentos, cuidadosos e medidos. Carrega as suas bonecas como se vidro fossem, ela as beija e traz junto ao seu peito. Limpa com panos umedecidos e as hidrata com cremes diversos. Ela cria e inventa, rasgou ainda ontem à noite pedaço de lenço até que ficasse do tamanho da boca de sua boneca e ficou ali a alimentá-la. Ela faz de conta, ela sabe fazer de conta.
Mal conseguimos crer em tantas habilidades, tantos saberes. A cabeça brilha em meio a tantas conexões das sinapses

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Crônicas de um pai: madrugada sem sono

Crônicas de um pai: madrugada sem sono

Ao despertar para mamar Lulu decidiu não apenas tomar o seu tetê, decidiu-se por uma madrugada agitada. Eu estava ciente de que apenas nosso peixe tem noite contínua de sono, hoje, nem o pobre coitado conseguiu pregar os olhos. Não é comum ela não querer dormir depois de mamar, hoje, foi diferente. Daí surgiu aquela por quem tanto rogava, a mãe claudicava de sono e ofereceu-lhe o peito. Ficamos ali, sentados no sofá os três aguardando que a caçula da casa adormecesse. Feliz, o beta, voltara a dormir, Maria não tardou a acompanhá-lo. De volta ao berço, Maria Luíza dormiu e dormiu por longos 5 minutos....

Crônicas de um pai: tênis e calças novas

Crônicas de um pai: tênis e calças novas

Ao se dar conta de si mesma e de seu corpo ela passa a olhar com atenção as roupas que veste. Sim, ela as reconhece, sabe qual são suas e as aprecia. Peças novas em seu guarda-roupa são sempre olhadas com atenção, nada lhe escapa. Divertido acompanhar os sapateados quando usou pela primeira vez o novo par de tênis. Ela olhava e experimentava, batia o pequeno pé de forma ritmada. Chamava a atenção de si mesma em meio às suas brincadeiras.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Crônicas de um pai: o minhão, o carru e o nenem

Crônicas de um pai: ooominhão, o carru e o nenem

Em sua linguagem ela vai nomeando o mundo e chamando cada um para brincar. Isso exige muito de nós. A casa, a casa na qual se vive durante muito tempo, tantas vezes, deixa de existir. Deixamos de vê-la, passamos por ela sem nos darmos conta do que há ou não ali. Cada espaço, cada paisagem de paredes e móveis, no entanto, não resiste ao caminhar de nossa mocinha. Tudo é visto pela primeira vez, de novo, de novo e de novo. Isso reeduca o olhar, nos desperta a percepção e nos mergulha na ciranda ao retribuir-lhe o sorriso. A rua já não é mais a mesma, ainda que pareça mais suja e povoada. O caminhão barulhento chama-lhe a atenção e é saudado: ooominhão!!!.  Nossa mocinha vai bem e já ganhou - ou deu a si mesma - responsabilidades, tais como colocar seus amigos de pelúcia e bonecos para dormir. Quando ela cresceu? Onde estávamos? As sinapses estão rasgando os céus de sua cabecinha, sou apenas admiração. A vida é um milagre, o melhor dos roteiristas é nada frente a tudo isso

Crônicas de um pai: a multiplicação das preces

Crônicas de um pai: a multiplicação das preces

Ao trazê-la para junto do meu peito você tem o seu lado favorito, você o escolheu, a posição da cabeça e do peito, dos braços e das mãos, você sabe como deseja se aconchegar. Quando me dou conta de que está confortável e esparramada beijo-lhe a nuca e afago os seus cabelos. Peço que a sua vida seja boa, seja feliz e proveitosa. Que os risos sejam mais constantes do que os choros. Declaro o meu amor e faço a minha prece.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Crônicas de um pai: cabeça, ombro, joelho e pé

Crônicas de um pai: cabeça, ombro, joelho e pé

Ela adora música, está às voltas com versos, refrões e coreografias vez por outra. Presto atenção para aprender as letras e ajudá-la, é pena que sou um desastre em termos de ritmo e afinação, ainda assim eu tento e conto com a simpatia de Maria Luíza. Sinto que a cada dia os desafios colocados serão maiores, à medida que cresce a canção infantil precisará da companhia de valores morais e manuais de sobrevivência. Como se ensina uma criança a ler o mundo? Como se oferece a esperança ao coração de uma menina que sorri para as folhas que estão pelo chão? Não, ela já sabe o que é isso, talvez o desafio seja não permitir que perca a sua simpatia pelo mundo que está ao seu redor.

Crônicas de um pai: Festa no Berçário

Crônicas de um pai: Festa no Berçário

Dia das Mães. Mães, mães e mais mães, todas emocionadas e chorosas. Pais reclusos no fundo da sala para a apresentação das crianças. Justo, as primeiras cadeiras ficaram bem reservadas para as mães. As cortinas estão fechadas e nada sabemos do que irá acontecer. Crianças choram enquanto a cortina ainda está fechada, não reconheço nos resmungos o choro de minha filha. curioso, sabemos como os nossos filhos choram, nós os reconhecemos, simples assim. Maria Luíza deve estar atenta ao que se passa ao seu redor: 'quantas crianças!'. Quando a cortina se abre foi fácil encontrá-la no colo de uma berçarista junto ao fundo do palco. Olhar curioso e o charme de quem acena um palito de picolé que leva na ponta um coração vermelho do tamanho de sua bochecha rosada. A mãe não se aguentava...

Crônicas de um pai: eeeca!!!!!

Crônicas de um pai: eeeca!!!!!

Ouvir e repetir, fazer e aprender. A pedagogia luluziana prossegue. Eu e Vany conversávamos sobre assuntos da casa quando, de repente, surgiu em nossa conversa uma interjeição eecaaa! Maria Luíza que andava por ali atenta lançou mão da palavra e começou a repeti-la de forma insistente. Ela brincava com a palavra recém aprendida.



Crônicas de um pai: abri 'pota'

Crônicas de um pai: abri 'pota'

As palavras de nossa mocinha ganham clareza e a comunicação passa a outro nível. Se quer ganhar o quintal para brincar com vasos de plantas e ouvir os pássaros ela nos pede: 'abri pota'. É uma frase enorme em sua pequena boca. Nossa estratégia segue a mesma de conversar com ela sobre tudo, sabemos que aos poucos ela retém um número maior de vocábulos e compreende a estrutura das frases. Os segredos do mundo estão mais e mais ao seu alcance. Sim, meu amor, mas como falamos mesmo...por favor (e não é que já saiu um pufa!!). Nessas horas ela me lembra o lado mineiro da família de meu pai com as suas abreviaturas singelas.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Crônicas de um pai: aos prantos

Crônicas de um pai: aos prantos

Maria mamava e ao mesmo tempo buscava tirar as meias. De tão grande a nossa pequena o colo de sua mãe mal a aninhava, Maria equilibrava-se, sorria, mamava e arrancava as meias. Cena corriqueira, exceto porque dessa vez Maria parou tudo, olhou bem para a sua mãe e disse-lhe de pronto: tiamo! Dona Vany desabou, foi do riso ao choro e voltou ao riso. Depois, ficaram as duas a se namorar e a trocar juras de laços indeléveis.

ps. reinações luluzianas de dia das mães não têm fim!

Crônicas de um pai: caixa de ferramentas e de esmaltes

Crônicas de um pai: caixa de ferramentas e de esmaltes

Outro dia o chuveiro de casa cansou de trabalhar, cansou dos invernos de e disse a todos que ia embora. Maria Luíza, a encantadora contou-me o acontecido e se dispôs a ajudar na instalação de um novo chuveiro. Fios, alicates e fita isolante foram a sua brincadeira por minutos. Olhar atento e de tudo fez e experimentou. Encerrada a brincadeira era hora de buscar a caixa de esmaltes da mãe que tanto a atrai e brincar com as tintas de pintar as mãos e a as roupas e quem sabe trazer a fita isolante para brincar também.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Crônicas de um pai: dia das mães

Crônicas de um pai: dia das mães

Dona Vany não se contém, chora e ri ao mesmo tempo. Ela parece flor aberta quando abraça a filha. Anda ansiosa com o dia das mães, vive a perguntar a Maria Luíza das artes com tinta que a filha anda a praticar.
Dona Vany, mãe e filha, espera para abraçar a própria mãe e receber um abraço cheio de carinho. Maria Luíza ri para tudo, afinal, tudo caminha de acordo com o esperado. As reinações luluzianas do dia das Mães já começaram.

Crônicas de um pai: Mãe, você tem uma neta!

Crônicas de um pai: Mãe, você tem uma neta!

Como a senhora está?
(creio que a ouço mais hoje do que anos atrás, falta-me algo ao sentar à mesa do café, sinto falta do olhar de consolo e de aflição que tão bem a definiram)
A sua neta está a aprontar de novo, encontrou o leque que eu lhe trouxe de uma viagem e está a brincar com ele.
(por que, afinal, partiu antes dela chegar? ouço, a cada vez que fecho os meus olhos, o bater de sua bengala pela casa e ainda desperto saudoso)
Maria Luíza puxou a senhora, adora faxinar. Ontem, depois do jantar, se pôs a passar pano na mesa e na TV. Deixou tudo a brilhar e marcado de dedos, que, a todo tempo nos lembram que ela é um milagre.
(ouço a sua voz a me chamar - a voz anterior à doença - ralhando comigo por ter deixado em desalinho a gaveta de camisetas)
Acordo decidido a buscar pela medalha que eu levava quando pequeno e que, espero, esteja entre os seus guardados. O voto que a sua senhora colocou em mim para buscar o que é certo é o mesmo que rogo para Maria Luíza.

Crônicas de um pai: aventuras no colo da mãe

Crônicas de um pai: aventuras no colo da mãe

Foi uma conversa rápida, eu e a mãe falávamos logo cedo ao telefone. A família estava em pontos diferentes da cidade. Eu, em Higienópolis, a filha, em Santana e, a mãe, na Sé trocando de linha de Metrô. Vany falava da aventura que foi levar Maria  ao berçário, do comportamento atento a tudo e a todos. A ambulância, o avião, a porta de garagem se abrindo, as interjeições características de Maria Luíza (olhaaa!!!!, esssse!!!), dos risos que provocou nos passantes, dos cumprimentos que ofereceu e ganhou. Fico a imaginá-las agora quando as notícias estão em silêncio e estou a esperar pelo reencontro da família.

terça-feira, 8 de maio de 2018

Crônicas de um pai: diálogos

Crônicas de um pai: diálogos

Agora é assim, ela fala. Ela chegou e buscou sobre a mesa a sua mamadeira, com ela nas mãos começou a me procurar para entregá-la. Eu a recebi e ela apontou seu dedo mágico de reinações luluzianas para a mamadeira recém-lavada em sinal afirmativo. Sim, ela queria mamar e queria que eu a aprontasse, para que não houvesse dúvida falou assim ao meu ouvido: "tetê".

Crônicas de um pai: o céu de água

Crônicas de um pai: o céu de água

O raciocínio faz das suas, a minha mocinha aprende aqui e já está a usar o que aprendeu, estabelece relações e conexões. A água que bebe, a água do chuveiro, a água da pia, tudo é 'acull'. Sabe que peixes vivem na acull, sobretudo, depois que ganhou um beta. Beta e a acull estão juntos em nossa cozinha. As ilustrações dos seus livros de brincar, por exemplo, o da ursa que se fez mergulhadora para recuperar o pote de mel perdido, ou do filhote de elefante que passeia e descobre a floresta de perigos na qual vive estão cheios de páginas e páginas com ilustrações de água. De tão presente em sua vida, ontem, ao olhar para o céu - como se fosse a primeira vez - ela decidiu que o céu também era água. Ia dizer-lhe que era apenas o céu, mas dei-me conta que a cor era semelhante ao de seus livros de brincar. Sim, o céu tinha a cor da água que a encanta. Disse-lhe que sim, parecia acull, mas era céu, era um mar diferente.
Ela está crescendo e eu já comecei a engasgar nas respostas.

Crônicas de um pai: vamos dormir, meu amor!

Crônicas de um pai: vamos dormir, meu amor!

Ela é conservadora, desde que era um bebê acorda, em média, duas vezes durante a noite/madrugada. De nada adianta oferecer-lhe uma feijoada completa no jantar seguida de um pudim de leite condensado, ela acordará assim mesmo entre choros e sorrisos dengosos. Muitas vezes desperta apenas para pedir a companhia de alguém, noutras ocasiões, como ninguém é de ferro, beberá alguns mililitros de leite e virará para o lado em busca do sono de beleza. Nada mudou desde outubro de 2016..

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Crônicas de um pai: ninar a Cacá

Crônicas de um pai: ninar a Cacá

Nossa mocinha faz das suas. Ao chegar em casa dirige-se ao quarto chamando...Cacá! Cacá! Ao encontrá-la saúda com felicidade: Uiaaa!!! Cacá! Abraçada à sua ovelha branca escolhe lugar agradável para ninar a sua amiga: Dooome, dooome!
Foram situações assim que me fizeram, por fim, entender o alcance daquele nome que as mulheres adoram: fofura!

Crônicas de um pai: visitar a tia-avó

Crônicas de um pai: visitar a tia-avó

'Querido diário,
visitei na segunda última minha tia-avó, ela está linda e bem de saúde. Meu pai insistiu na semelhança dela com a minha avó Nassima. A expressão do rosto, a maciez dos cabelos e as mãos lhe traziam algum conforto. De forma coincidente minha tia-avó fará aniversário no mesmo dia do aniversário de partida de minha avó.
Há motivos para celebrarmos,
beijos para todas as Abdalla!

Crônicas de um pai: Olha o avião!!

Crônicas de um pai: Olha o avião!!

Aviões e helicópteros entraram no raio de ação de Lulu, grandes e barulhentos as engenhocas voadoras chamam a sua atenção. Eu e Vany nos damos conta apenas agora de que a luminária de teto do quarto de nossa filha leva pendurado um monoplano. (Começou assim a sua paixão?)
Segunda última a prima Bianca quase perdeu o fôlego de tanto caminhar, de tanto subir e descer escadas, de tanto levá-la para ver os aviões em seu itinerário de cruzar os céus.
O encantamento e a descoberta são pares.


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Crônicas de um pai: livros perdidos

Crônicas de um pai: livros perdidos

Dia desses busquei pela ficção científica de Ray Bradbury, em particular, Fahrenheit 451. Livros são queimados pelos bombeiros, estamos em uma sociedade que a cada dia persegue e destrói o escrito. Gerações e gerações em suas memórias e ruminações destruídas pelo fogo. Romances e ensaios em meio às cinzas. Busquei pelo livro por sentir medo do meu próprio tempo, medo dos 'bombeiros' contemporâneos que, por ora, cultuam a simplificação do escrito. Logo mais, estou certo, pedirão a criação de uma linguagem dita acessível que caiba em uma frase de 100 caracteres. Vocabulário simples e direto, longe dos exercícios da linguagem. Os incineradores dos nossos tempos andam sedentos, a deseducação, hoje, é tratada como algo popular.

Crônicas de um pai: olha!!

Crônicas de um pai: olha!!

O vocabulário cresce aos saltos, Maria Luíza responde e solicita. Água é aguu, o verbo apertar virou apeta, saúde - quando alguém espirra ao seu lado - é said e por aí vai. A cada dia, há novas palavras luluzianas ao nosso dispor. Aos 18 meses ela é uma menina, o bebê estava entre nós no dia de ontem, hoje, há aqui uma menina que deseja mexer na caixa de esmaltes da mãe e quer usar e quer pintar os dedos e as mãos. Os cremes foram experimentados e classificados, insatisfeita em usá-los apenas em suas mãos, ela os distribuiu aos pais e aos bichos de pelúcia.
Não resisto ao seu dedo indicador junto ao rosto para chamar a atenção do mundo ao seu redor. 'Olhaa'!!! Ela é a minha mocinha!