sábado, 30 de julho de 2016

(II) Notas de um restaurador de carros: as cores

(Nimbus vai além de um blog, dará origem a site/ revista eletrônica. Reunirá amigos interessados em diversos temas. Aqui trago Caram Dabuz Abdalla que falará de uma de suas paixões: os automóveis)

(II) Notas de um restaurador de carros: as cores

Antes, algumas palavras sobre o nome 'restaurador'. Creio que aqueles que se dedicam aos carros tomaram a expressão dos artesãos que se ocupavam da recuperação de obras de arte. Se assim é, cabe bem. O restaurador de um automóvel é antes de mais nada alguém encantado com a obra de engenharia presente em um veículo. Ele resume e revela a história do pensamento mecânico e estético de nossas gerações. Impressiona a variedade e elasticidade de paixões - e confusões de comportamento rsrs - que o automóvel consegue provocar nas pessoas. O que se deseja falar aqui é sobre a maneira como entre os apaixonados com a engenharia e estética automotiva nasceram os que querem recuperar a história do automóvel. Falamos, portanto, de pessoas que fazem da memória de uma indústria, um ofício. Memória da indústria automobilística e, também, necessário acrescentar do automobilismo. Qual a diferença? Automobilismo fala de nossos carros de competição, de nossas corridas....ou, como diriam os antigos: nossos bólidos e pistas...

As cores usadas pela indústria automobilística ao longo das décadas acompanharam e criaram modas, ou, como se diz hoje, tendências. Quando temos em nossas mãos um veículo fabricado décadas atrás e desejamos recuperar um pedaço da memória automobilística começa a nossa jornada arqueológica. Sim, arqueológica, trabalharemos com fragmentos. Felizmente, a cultura do antigomobilismo tem crescido no Brasil e a cada ano nossa literatura (manuais e livros de história) e os nossos artistas (artesãos, pintores e mecânicos) são cada vez em maior número. Alguém pode estranhar o fato de eu chamar um mecânico de um artista, nosso tempo separou ciências, gosto aqui de pensar como pensavam os renascentistas, apreciava-se Leonardo Da Vinci quando este pintava ou quando construía uma ponte. Não havia, acreditavam os homens e mulheres dos dias do Renascimento, diferença. Nosso tempo, criou as diferenças, esqueceu-se de ver a beleza do engenho.

(continua)




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