sábado, 25 de maio de 2019

Crônicas de um pai: o olhar

Crônicas de um pai: o olhar

'nããão, papai!'

ela precisa correr, me convida para brincar de pega-pega, ou será esconde-esconde? foge ligeira com passadas firmes, esquiva-se da geladeira, passa a milímetros da quina da mesa e segue. esconde-se no seu lugar favorito, atrás das cortinas. aperta os olhos querendo sorrir ao mesmo tempo em que os cobre com as suas mãos marcadas pelas reinações com tintas.
ela me aguarda, eu a procuro sem achar até que percebo as ondulações das cortinas. lento eu me aproximo e ofereço meu maior sorriso de amor. maria luíza grita como se o seu lobo acabasse de sair da floresta ou quando a lua vem trazer-lhe a sua luz branca.
'agora é a minha vez', grita lulu e se põe a correr. faço o mesmo, vamos de um cômodo ao outro, trocamos de brincadeiras mil vezes, eu busco em silêncio o fôlego deixado para trás, lulu já conhece a próxima arte. 'vamos correr, veeemmm papai!' lá vou eu, correr ao lado do meu benzinho. preciso dela, preciso do seu sorriso.

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