quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Crônicas de um pai: cuidados médicos

Crônicas de um pai: cuidados médicos

as primeiras horas após a cirurgia foram de dúvidas, achei por bem poupá-la do joelho roto, das manchas e dos pontos. logo relaxamos, estendeu o seus dedos pequenos para tocar a minha dor. fez-se minha cuidadora ao me perguntar se estava melhor para em seguida me convidar para jogar bola. ensaboa os meus joelhos e se diverte quando coloco gelo. cheia de cuidados e de afagos e ao mesmo tempo pedindo que lhe faça cócegas.

Crônicas de um pai: você se dá conta de que ela cresceu quando

Crônicas de um pai: você se dá conta de que ela cresceu quando

Ela pergunta sobre tudo e pede ajuda a todo instante para entender os ruídos e as conexões do mundo. Nega com a cabeça o que não lhe agrada ou lança os polegares para o alto em sinal de aprovação.
Caminha nas pontas dos pés e canta, ao mesmo tempo. Oferta sorrisos e, no meu caso, caminha junto aos meus calcanhares para trazer-me a bengala perdida noutro cômodo.
E, após uma jornada longa, leva as mãos aos olhos e diz que está 'soninho'. Mas, antes de se render quer 'pae'. Custamos a descobrir que ela queria comer pae (tone) perto de meia-noite. Ela cresceu e nos demos conta, por fim.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Crônicas de um pai: vou ao espaço, quero a lua

Crônicas de um pai: vou ao espaço, quero a lua

dia desses estávamos os três juntos quando lulu nos comunicou o seu desejo da hora: ir ao espaço conhecer a lua. eu e a mãe entendemos de pronto a vontade, levamos algum tempo para acreditar e, logo, conjecturamos que está na hora de mudar o repertório de desenhos. não, não e não, ou melhor, sim, sim ao seus sonhos, sim aos projetos que vais sonhar hoje e amanhã, simplesmente, sim. mas, cá entre nós, precisávamos começar pela lua? o que achas de ir ao parque visitar o escorregador antes de partir para alhures.



sábado, 15 de dezembro de 2018

Crônicas de um pai: joelhos

Crônicas de um pai: joelhos

Dias atrás operei o meu joelho, além do desconforto da cirurgia e das dificuldades de recuperação havia os cuidados com a pequena Luíza. Nas primeiras horas não a deixei ver o meu sangue, escondi bandagens manchadas dos seus olhos. Claro que um pai sangra, mas quando mesmo revelamos que nosso sangue assemelha-se ao carro dos bombeiros?

Ela ofereceu-me os seus cuidados de mocinha de dois anos, correu atrás de mim para entregar a bengala que larguei noutro cômodo, pediu 'cuidado, papai' pouco antes de me convidar para jogar bola em nosso quintal, ajudou-me a colocar gelo sobre a cirurgia e, ao mesmo tempo, convidou-me para pular na cama.

É verdade, não sabia o que lhe dizer a respeito da cirurgia, falei-lhe que estava machucado e que ficaria bom, no mais não poderia tomá-la em meus braços e erguê-la até os céus, não subiríamos escadas grudados, era necessário aguardar, dar tempo ao joelho.

Vany desespera-se e ameaça nos colocar de castigo, eu e Lulu nos mantemos firmes. A recuperação segue bem, estou cercado de cuidados e zelos. Maria Luíza ganhou lições a respeito da saúde de seus pais. Encarou tudo com curiosidade de quem quer saber mais sobre os pontos e as cicatrizes novas do meu corpo. Ajuda-me com seu dengo de mocinha de dois anos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Crônicas de um pai: 'que barulho é esse?'

Crônicas de um pai: 'que barulho é esse?'

É o liquidificador fazendo comida. 'Que barulho é esse?'
É a geladeira da nossa cozinha. 'Que barulho é esse?'
É uma motocicleta subindo a rua. 'Que barulho é esse?'
É a dona galinha cacarejando. 'Que barulho é esse?'
É o avião lá no céu. 'Que barulho é esse?'
É a bengala do seu pai quicando. 'Que barulho é esse?'
É a máquina de lavar roupas. 'Que barulho é esse?'
É o papagaio conversando. 'Que barulho é esse?'

'Papai, que barulho é esse?'

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Crônicas de um pai: As gatas e gatos da Arca de Noé

Crônicas de um pai: As gatas e gatos da Arca de Noé

Ainda busco fôlego, ainda rememoro as maravilhas das últimas horas experimentadas na festa de encerramento do berçário de Maria Luíza. O tema era a Arca de Noé e nossa filha vestiu-se de gata. Dançou e cantou o seu charme de mocinha de 25 meses de idade. Experiente e segura, sim, muito segura. Ao abrir a cortina do palco mostrou sua carinha de espanto com a quantidade de pais e convidados que havia no salão. Escancarou o ooohhh! Levou até mesmo a mão pequenina para esconder e declarar, ao mesmo tempo o seu assombro. Aos poucos ouviu a música e apresentou a coreografia. Divertiu-se, divertiu-se muito. Ao término ouviu os aplausos e os retribuiu.

beijo, luzinha

A Professora Rita a ajudou, grato grato grato.
(A irmã Iolanda de São José sorria feliz e realizada)

Crônicas de um pai: mamadeira? mamadeira, mesmo!

Crônicas de um pai: mamadeira? mamadeira, mesmo!

As primeiras horas não foram fáceis, mãe e filha não estavam certas do início da mamada, sabiam o que fazer, mas a ansiedade da primeira vez as atrapalhava. Era a madrugada do dia 27 de outubro de 2016. Por recomendação de uma enfermeira busquei em farmácia o que chamam de bico de silicone. 'Tomara que ajude!'. Não foi preciso, mal foi usado, ou melhor não foi usado. Mãe e filha entenderam-se e o céu escancarou-se em uma cachoeira de lágrimas.

O correr dos dias foi sereno. Cedo ela aprendeu a distinguir mamar no peito e na mamadeira. Lulu sabia o que queria e aprendeu a pedir. Ainda acorda de madrugada para mamar, mesmo com mais de 2 anos e depois de ter batido uma feijoada completa de entrada e degustado dois pratos de macarrão com brócolis. Lulu segue feliz.

Hoje pela manhã decidiu renomear o mundo. Perguntei-lhe se desejava 'tetê!? Respondeu-me de pronto que queria mamadeira. A cozinha de nossa casa mudou de cor no mesmo instante, Lulu cresceu, mais uma vez!

Crônicas de um pai: Papai, papai

Crônicas de um pai: Papai, papai

Os sinais estão sobre a cômoda de madeira antiga da sala. Lâmpadas coloridas, árvore de faz de conta e um Papai Noel. O presépio tudo assiste e reforça o dia da festa e o desejo de recomeço. Maria Luíza não cabe em si de tanto contentamento. O mundo veste-se e aguarda. Há tempo para assistir animação e para jogar bola, comer manga e pedir mais, correr descalça pela casa a buscar sorrisos largados pelos cômodos. 'Papai, Papai venha aqui, dá mão, calce os sapatos!

Dia desses quando voltávamos para casa esforcei-me o mais que pude para acompanhar as suas frases. Eram longas e tratavam de tudo que havia ao seu redor e de suas descobertas. Muitas vezes eu perdia o sentido da frase, permaneci o tempo todo fiel ouvinte, dei-lhe meus ouvidos e minhas mãos. Ganhei nomes, dei-me conta que para além do sentido da frase em todas eu era nomeado, chamou-me e cantou-me. Encantado, falei-lhe do meu amor.

'obrigada, papai!'

domingo, 2 de dezembro de 2018

Crônicas de um pai: 'só um pouquinho, mamãe!'

Crônicas de um pai: 'só um pouquinho, mamãe!'

Nossa mocinha, dia desses, brincava com os seus potes coloridos. Adora enchê-los de água e transferir de um para o outro o conteúdo. Ora silenciosa, ora cantarolando os seus sucessos de mocinha graciosa e feliz. Lulu permanece entretida longos instantes em seu mundo de faz de conta desde muito cedo. A mãe passava roupas, ou melhor, ocupava-se de um contêiner de roupas de Lulu e algumas peças nossas, acompanhava, ao mesmo tempo, as reinações dos potes coloridos de nossa filha. Vany perguntou: 'Lulu, você está molhando a minha cozinha?', ao que Lulu respondeu: 'só um pouquinho, mamãe!'. A mãe que tudo via sabia da extensão das águas, mas não resistiu e ficou a rir junto à nossa filha. Era linda tarde da primeira sexta de dezembro.