Crônicas de um pai: coração de pai
Chovia a cântaros, os passeios foram adiados e a casa transformou-se em um pequeno parque. Maria Luíza iniciou as reinações do domingo. Deixei mãe e filha em meio aos brinquedos e remei ao mercado mais próximo em busca de frutas. Estava já na fila do caixa quando motorista de carrinho de mercado bateu em minha perna, olhei para trás e vi alguém que parecia se sentir envergonhado e incomodado. O motorista deseducado e atrapalhado nada disse, não se desculpou pelo esbarrão. Fiquei a fitá-lo, cogitei de lhe dizer algo, calei-me. Fiquei a pensar em Maria Luíza e a sua disposição para o sorriso, para o afeto. O mundo anda pesado, sem graça, povoado de homens que vão ao mercado em dia de chuva vestindo camisas de clubes de futebol. Gritam o nome de um clube, mas se esquecem de se desculpar de forma humilde e sincera pelos seus desacertos. Deixei o deseducado para lá, desejei-lhe filhos e um coração de pai.
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